Caso foi revelado pela equipe da Delegacia Regional de Venda Nova nesta quarta-feira (2/4) -  (crédito: Edésio Ferreira/EM/D. A. Press)

Caso foi revelado pela equipe da Delegacia Regional de Venda Nova nesta quarta-feira (2/4)

crédito: Edésio Ferreira/EM/D. A. Press

Uma investigação desarticulou um esquema de fraudes em exames de legislação de trânsito que envolvia duas auto-escolas, cinco funcionários da Unidade de Atendimento Integrado (UAI) em Venda Nova, Belo Horizonte. De acordo com a Delegacia Regional de Venda Nova, foram descobertas, só em 2023, 30 pessoas que se favoreceram por meio das irregularidades. Os policiais cumpriram, nesta semana, sete mandados de busca e apreensão. Ninguém foi preso até o momento.


A trama foi revelada nesta quarta-feira (3/4) pelos delegados Domiciano Monteiro, chefe da Delegacia Regional de Venda Nova, e Gabriel Ciriaco Fonseca, da 1ª Delegacia Regional de Venda Nova. Segundo eles, a denúncia partiu da gerência do UAI de Venda Nova e da Coordenadoria Estadual de Trânsito (CEP). 

 


Segundo o Ciriaco, os cinco funcionários do UAI flagrados eram terceirizados. “Um deles já tinha trabalhado numa das autoescolas”, diz o delegado. Esse suspeito é o elo de ligação do esquema. “O esquema funcionava da seguinte forma: as autoescolas faziam a captação dos pretendentes a carteiras (de motorista). O contato era feito por um instrutor das autoescolas, que era quem recebia o dinheiro. O valor variava de R$ 2 mil a R$ 3 mil”, conta o delegado Gabriel.


Uma parte da verba era repassada aos funcionários do UAI, e eram exclusivamente para os exames de legislação. “A maioria das pessoas que pagava pelo esquema já tinham sido reprovadas no exame anteriormente”, conta o delegado Domiciano.


Como o esquema funcionava


Segundo Gabriel Ciriaco, na hora da prova, o funcionário que fazia parte do esquema ficava atrás do candidato que prestava o exame, no computador, com uma caneta laser. “Vinha a pergunta e, abaixo, as respostas em múltipla escola. O funcionário colocava a caneta numa das mãos e a escondia debaixo do cotovelo, com os braços cruzados. Aí, acionava o laser em cima da resposta certa e o candidato a marcava”, descreve o delegado.


Segundo o policial, ainda faltam detalhes que precisam ser esclarecidos, por exemplo, como era a partilha do dinheiro arrecadado. “Precisamos saber quanto ia para a auto-escola, para o instrutor e para cada um dos instrutores”. Outro detalhe é que a maioria das pessoas que fizeram parte do esquema, contratando a garantia de aprovação na prova de legislação, não são de Belo Horizonte, mas sim de cidades do interior.

 


A legislação não permite que a pessoa faça prova de legislação longe de sua região residencial. Por isso, eram usados endereços fictícios, em Venda Nova. “Nas investigações, verificamos que mais de uma pessoa foi indicada no mesmo endereço”, diz o delegado Gabriel.


Todos os envolvidos, da autoescola e os funcionários do UAI, que já estão afastados, devem ser indiciados por corrupção ativa e fraude em certames de interesse público. Os beneficiados também podem ter que responder pelos mesmos crimes.