No auge da encenação, Jesus é crucificado ao lado de dois ladrões -  (crédito: Tulio Santos/EM/D.A.Press)

No auge da encenação, Jesus é crucificado ao lado de dois ladrões

crédito: Tulio Santos/EM/D.A.Press


Milhares de fiéis estiveram na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de BH, na noite de ontem, para acompanhar a Via Sacra de Jesus, que percorreu alguns pontos do Circuito Liberdade pela primeira vez. A encenação da Paixão de Cristo teve a participação de um elenco de cerca de 60 pessoas do Centro Artístico Cultural São João Batista (Cenarc), localizado no bairro Salgado Filho, Região Oeste da capital.


O início da Via Sacra estava marcado para as 18h30, em frente ao prédio do Iepha. Bem antes disso, a aposentada Ana Maria Crispim, de 85 anos, aguardava em frente ao Palácio da Liberdade, no palco onde ocorreria a crucificação de Cristo. “Estou ansiosa.” A filha da aposentada, Ana Carla Crispim, de 58, acompanhava a mãe e levou uma cadeira, para que a idosa pudesse esperar a encenação com mais conforto. “Mesmo porque estou com o joelho aqui, em tratamento. Queria ver de toda maneira, já vi muitas encenações assim no interior. Gosto muito, sou uma católica convicta”, afirmou a aposentada.


Ana Carla destacou a importância do evento. “É uma tradição mineira, cristã e uma forma de preservar a cultura de Minas Gerais. É um momento importante para a nossa fé e a nossa paróquia da Boa Viagem.” Ela é ministra da eucaristia na igreja. “Esse é um momento muito importante para nós, que tem a ver com o coração de Minas e até com a fundação da própria cidade porque ela se monta em torno dessa tradição e da Paróquia da Boa Viagem. E é um momento em que estamos aqui praticando a nossa fé.”


O AÇOITE DE JESUS

A encenação teve início em um palco montado em frente ao prédio do Iepha. Lá aconteceu o julgamento e açoitamento de Jesus. Em seguida, o cortejo seguiu pela alameda da Praça da Liberdade, onde foram montados outros quatro palcos. No primeiro, Jesus, já carregando a cruz, encontra a mãe, Maria. No segundo, é recebido pelas mulheres piedosas. No terceiro, por Verônica, que lhe oferece um pano para secar o rosto ensanguentado, além de água. No quarto, acontece o encontro com Simão, um homem da cidade de Cirene, que é obrigado pelos guardas a levar a cruz para Jesus.


O cortejo terminou no palco montado em frente ao Palácio da Liberdade com a crucificação de Cristo ao lado de dois ladrões. O público assistiu ao desfecho emocionado, muitos idosos, jovens e crianças estavam presentes e acompanharam tudo em silêncio. A encenação terminou com o sermão de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte. Em seguida, os fiéis seguiram em procissão até a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem.


VIA-CRúCIS EM CONGONHAS

Apesar da forte chuva que atingiu a cidade antes da dramatização, moradores e turistas saíram às ruas de Congonhas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para acompanhar a encenação que, devido ao mau tempo, ocorreu nas imediações da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição.


A peça que mostra a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo foi realizada pelo grupo de teatro Dez pra's Oito e contou com a presença do ator congonhense Amaury Lorenzo, que ficou famoso pelo personagem Ramiro da novela “Terra e paixão”, da Globo, interpretando Jesus Cristo.


Em Congonhas, a via sacra de Jesus é apresentada desde a década de 1960, sendo acompanhada por milhares de pessoas.


"É um trabalho feito há anos. Particularmente tem 20 anos que eu participo", conta Lucas Batista de Almeida, intérprete de Nicodemos.


Ele relata que as pessoas sempre elogiam a apresentação, mas que a representação passa uma parcela do sofrimento.


"A gente consegue retratar um pouco o sofrimento do Cristo, ele sofreu muito mais do que a gente consegue passar aqui. (A apresentação) é importante para a pessoa buscar sua direção espiritual", disse.