Faixa e caminhões na Rua Desembargador Alarico Barroso, no Bairro Ouro Preto, Região da Pampulha -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Faixa e caminhões na Rua Desembargador Alarico Barroso, no Bairro Ouro Preto, Região da Pampulha

crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press

O recapeamento da Rua Desembargador Alarico Barroso, no Bairro Ouro Preto, Região da Pampulha, está causando reclamação de moradores por uma série de fatores. Eles alegam que não foram avisados da intervenção pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e que o asfaltamento da via pode afetar o clima, impactar no volume de água da chuva em áreas do bairro, entre outros problemas.

 

A associação de moradores do bairro (Ascobop) fez postagens sobre o assunto nas redes sociais e, nos comentários, muitas pessoas criticaram a intervenção no local. Na legenda da publicação, a entidade diz que o recapeamento até poderia ser bom se as características da rua fossem mantidas. Ela é de paralelepípedo, que tem como função drenar a água da chuva e regular a temperatura. A postagem também questiona a PBH não ter informado os moradores sobre a intervenção no local.

 

 

Em outra publicação, a Ascobop publicou um mapa do bairro, mostrando quais ruas já foram asfaltadas, as de pavimentação paralelepípedo e a Rua Conceição do Mato Dentro, que, segundo a associação, “necessita de drenagem e de melhoria em seu pavimento, já que é por ela que todo trânsito de saída do bairro é concentrado.”

 

 

O presidente da Ascobop, Márcio Saldanha, disse que outras ruas de paralelepípedo do bairro já foram asfaltadas. “Não sabemos quem pediu”, afirma. Ele reclama ainda da Conceição do Mato Dentro, que, segundo ele, não tem rede pluvial e quando chove, vira um ‘verdadeiro rio’. “Se a prefeitura resolver asfaltar as ruas de paralelepípedo nessa região mais alta do bairro, a situação vai piorar. Tantas ruas que já tem asfalto e estão precisando de serem recapeadas.” Saldanha a própria Conceição do Mato Dentro e a Avenida Carlos Luz.

Ele diz ainda que a associação entrou em contato com a Regional Pampulha, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) e a gerência de Zeladoria da Regional Pampulha, mas ainda não obteve resposta para os questionamentos. “Não acredito que a gente vá conseguir alguma coisa. Não temos conseguido, ultimamente, nada com a Prefeitura”, reclama.

 

Moradores insatisfeitos

 

Uma moradora, que preferiu não se identificar e está na rua há 39 anos, acha a pavimentação com asfalto desnecessária.

 

“Essa rua não oferece buracos visíveis. Existem outras ruas no bairro que estão com problemas de falta de asfalto de total recapeamento. Então, colocar asfalto aqui, pra mim, é usar o dinheiro público de forma indevida. O asfalto deveria ser colocado nas ruas que ainda são de terra e não aqui, que é uma rua sem circulação de carros.”

 

Ela acredita que o asfaltamento da rua não será uma vantagem e é contra a intervenção.

 

“Não é vantagem. É melhor deixar desse jeito, eu acho que o asfalto para os carros que passam devagar, não tem problema nenhum. Aqui não é via de acesso rápido para nenhum lugar.” A moradora teme que a pavimentação possa gerar o efeito contrário.

 

“O meu medo é começar a ter aumento da velocidade dos carros aqui. Tem um cruzamento aqui que é um acesso para a escola que tem logo ali perto, então os carros que passam no sentido transversal a essa rua normalmente passam correndo. Como essa rua é uma descida, quem vai estar vindo de uma área de morro, provavelmente os motoqueiros, por exemplo, vão descer correndo e vão acabar correndo risco de colidir com outro carro ali na frente”, pontua.

 

A moradora teme ainda pela segurança dos pedestres e diz que não tinha conhecimento da revitalização. “Eu fui pega de surpresa e fiquei bastante chateada.”

 

Outra moradora, que também preferiu não se identificar, disse que eles foram surpreendidos com uma faixa, sinalização e caminhões parados na rua, na segunda-feira (11/3). “Nenhum aviso ou recado na caixa de correio. Achamos estranho, pois é uma rua 100% residencial e de trânsito local. Tem outras vias mais importantes, com uma circulação de veículos muito maior e que precisariam de um recapeamento e que não foram consideradas.”

 

Ela reclama de falta de diálogo por parte da PBH. “E também de clareza de qual é o plano e porque a prefeitura não discutiu com a população qual o objetivo. Pra gente não faz sentido nenhum.”

 

A moradora cita que a Rua João Antônio Cardoso, paralela a Alarico Barroso, já foi asfaltada e a Carlos Frederico Campos, importante via do bairro, precisa de recapeamento. “O primeiro questionamento é: qual a prioridade da prefeitura? Por que asfaltar uma rua de trânsito local, sendo que o bairro tem outras demandas de ruas que precisam ser asfaltadas. O segundo é a falta de diálogo e do projeto da prefeitura para a região. Terceiro, a falta de diálogo com as pessoas diretamente impactadas. Não sabemos a hora que o trabalho começa, termina, se vai trabalhar no fim de semana, qual a duração.”

 

O que diz a PBH 

 

Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte afirma que o asfaltamento da via foi solicitado por emenda impositiva. “A PBH informa ainda que o asfaltamento da via não tem nenhuma relação com a realização da Stock Car. Trata-se de via local fora da área de abrangência.”

 

O Executivo Municipal ressalta que não haverá mudança na geometria da via nem na circulação do tráfego, “somente a manutenção do pavimento pela aplicação de uma camada de asfalto (CBUQ) no trecho entre Rua Professor Manoel Casassanta e Rua Desembargador Paulo Mota. A sinalização deste tipo de serviço de manutenção, normalmente, é feita pela colocação de faixas de sinalização.”