Nesta segunda-feira está completando cinco meses do assassinato de Kayone -  (crédito: Redes sociais)

Nesta segunda-feira está completando cinco meses do assassinato de Kayone

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“Três meses e nenhuma providência foi tomada”. A afirmação, cheia de revolta, é de Larissa Rodrigues Costa, de 27 anos, viúva de Kayone Matoso Dias. O jovem foi assassinado no ano passado com 11 facadas por um porteiro do prédio onde morava em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O crime foi em 5 de novembro, mas a vítima morreu quatro dias depois, após lutar pela vida internado no Hospital Risoleta Neves.

Em busca de justiça, a família pretende fazer uma manifestação na porta do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) na próxima quinta-feira (8/2). “Queremos respostas e, principalmente, que seja feita justiça, pois meu marido foi assassinado covardemente. ”, disse Larissa.



O crime aconteceu durante uma discussão sobre uma vaga de garagem no prédio. À polícia, o porteiro disse que Kayone teria parado em um lugar que não era o dele. Quando o morador chegava em casa com a esposa, na manhã de domingo, o funcionário do condomínio teria repreendido o casal.

Ainda segundo o boletim de ocorrência, a vítima subiu para o apartamento, mas em seguida desceu e foi até a guarita. Imagens do circuito de câmeras do residencial mostram Kayone indo até o local e, em seguida, saindo ferido e caindo no chão.

Larissa Costa, porém, contesta a versão apresentada pelo porteiro aos policiais. Ela afirma que o local onde o marido parou o carro é, de fato, a vaga da família. “Em outubro questionei o síndico sobre o número da vaga, e ele não respondeu. Somente na semana retrasada é que ele me passou”, conta a mulher.

Ela conta que, ao chegarem em casa por volta das 6h do domingo, depois de terem saído por volta de 1h da madrugada para comemorar o aniversário de Kayone, o porteiro chegou brigando com ela e o esposo. “Não chegamos a estacionar o carro, e o porteiro já saiu nos xingando de burro, de vagabundo, se não sabíamos qual seria a nossa vaga. Respondemos que não saberíamos, fechamos o vidro e meu esposo estacionou no local de sempre, que era a nossa vaga”, relembra.

Em seguida, o casal foi para o apartamento. A jovem diz que, no entanto, Kayone não teria ficado satisfeito com os xingamentos e foi até a guarita conversar com o funcionário do condomínio. “Os moradores alegam terem visto a briga. Mas não tem como. Se tivessem visto, por que não socorreram meu marido? Eles alegam que viram o meu marido agredindo o porteiro, mas como não viram meu esposo sendo esfaqueado?”, questiona Larissa. Ela afirma que as quatro primeiras facadas no esposo foram no pescoço.

O porteiro chegou a ser levado para a delegacia, mas não ficou preso. Lá, ele alegou ter agido em legítima defesa.

Em nota, a Polícia Civil informou que o inquérito policial segue em tramitação na Delegacia Especializada em Investigação de Homicídios de Vespasiano, “com a realização de diligências necessárias à elucidação do homicídio”.

A dor da família

Enquanto buscam respostas, a família vive a dor da saudade. Kayone é pai de um menino que completou 1 ano em 13 de janeiro. “Meu marido morreu na época em que nosso filho estava dando os primeiros passos, e o sonho dele era vê-lo andando”, contou Larissa.

Hoje, a criança reconhece o pai pela foto que fica no quarto da mãe. “Ele pega, dá beijinho e fica falando ‘papai’. Não foi só a vida do Kayo que foi tirada, foi o meu sonho que também foi tirado. O sonho do meu filho de conhecer o pai, de jogar futebol com o pai dele. Não foi só uma vida, foram várias vidas prejudicadas. Tem a mãe dele, a irmã dele”, disse, emocionada, a mulher.

Larissa conta que desde o crime não voltou para o apartamento e hoje está na casa da mãe dela, na região de Venda Nova. “Fui lá para pegar algumas coisas para meu filho, e foi horrível. Dentro do meu apartamento me sinto muito bem, só coisas boas que vivemos lá. Da porta para fora, porém, é horrível. (O crime) Aconteceu ali. Os moradores, na época, falaram coisas horríveis. “Quem mandou ir no porteiro?” é o que ouvimos, inclusive a minha sobrinha de 8 anos ouviu isso de uma outra criança. Como nos sentimos confortáveis ficando ali?”, comentou.