Inquérito que investigou queda de talude em cânions de Capitólio em 2022 não apontou culpados -  (crédito: Redes Sociais / Reprodução)

Inquérito que investigou queda de talude em cânions de Capitólio em 2022 não apontou culpados

crédito: Redes Sociais / Reprodução

A seis dias da tragédia que matou 10 pessoas e deixou outras 27 feridas em Capitólio, no Sul de Minas, completar dois anos, outro acidente no Lago de Furnas mobilizou a cidade na manhã desta terça-feira (2/1).

Diferente da fatalidade que aconteceu em 8 de janeiro de 2022, quando um talude caiu sob três embarcações que passavam pelos cânions da represa, dessa vez ocorreu a queda de um helicóptero. No acidente desta terça-feira, uma pessoa morreu e outras três ficaram feridas.

Leia: Capitólio: helicóptero voou por menos de 1 minuto antes de cair

No episódio de 2022, não houve culpados. De acordo com a investigação da Polícia Civil de Minas Gerais, o acidente foi resultado de um “evento natural”, não sendo identificada nenhuma ação humana específica que tenha provocado o desprendimento da rocha. Na época, o perito criminal Rogério Shibata explicou que alguns pontos foram importantes para a queda da rocha, sendo o principal a geografia do local.

“A causa para o tombamento do bloco de quartzito ocorrido está relacionada ao processo natural de remodelamento de relevo, processo comum em toda região do cânion de Capitólio”, informa o relatório da PC após as investigações.

Em resposta à tragédia, em 2022 a Prefeitura de Capitólio decretou uma série de restrições para o tráfego de embarcações ao longo do cânions como: veto ao som alto, obrigatoriedade do uso de coletes e capacetes, limite de lanchas na região, proibição de nadar em alguns trechos e impedimento de os barcos pararem no local onde houve a queda da rocha foram algumas das medidas adotadas.

Além disso, todos os dias, antes da abertura para as visitações, o local passava pela análise de um geólogo, que verificava indícios de processos erosivos ou movimentos de massa. Em caso de chuvas, os passeios deverão ser interrompidos. Outra mudança implementada é o uso obrigatório de capacete e colete salva-vidas a todos os passageiros.

No entanto, em 15 de dezembro de 2023, há menos de um mês do “aniversário” da tragédia, o prefeito de Capitólio Cristiano Geraldo da Silva (PP) assinou um novo decreto que afrouxou as regras impostas anteriormente. Uma das flexibilizações foi que os turistas não são mais obrigados a usar coletes e capacetes durante os passeios pelos cânions.

Em anúncio feito pelas redes sociais, o chefe do executivo afirmou que foi possível adotar as novas regras devido aos resultados dos estudos de monitoramentos diários feitos por uma equipe de geólogos nos cânions desde março do ano passado.

Queda de helicóptero

O helicóptero que caiu em Capitólio, no Sul de Minas, na tarde desta terça-feira (2/1), voou por apenas um minuto. A aeronave foi fretada para o passeio e tinha outras programações agendadas na sequência. Esse era o primeiro compromisso da agenda do piloto.

Em entrevista à GloboNews, o coronel Edirlei, do Corpo de Bombeiros, explicou que a aeronave decolou de um condomínio em Escarpas do Lago, voou por menos de um minuto e caiu no Lago de Furnas.

“Tudo indica que foi um voo muito rápido. Ele realizou um voo muito breve e na sequência já caiu aqui às margens, aproximadamente a cinquenta metros da margem. Em um primeiro momento chegou a informação de que ela (a aeronave) estaria a mais de 20 metros de profundidade, mas nossa equipe de mergulho constatou que a aeronave está a mais ou menos 10 metros de profundidade”, afirmou o militar.

O motivo da queda será investigado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidente Aeronáuticos (CENIPA). Um especialista em aviação consultado pela reportagem do Estado de Minas afirmou que as imagens do acidente sugerem que a aeronave fez uma manobra chamada "auto-rotação", quando há falha do motor.

Quatro pessoas estavam no helicóptero no momento do acidente. Vanilton Altos Balieiro, conhecido como “Du Brejo”, era um dos quatro tripulantes da aeronave. Ele ficou preso ao cinto de segurança e não conseguiu sair de dentro dos destroços. O óbito foi confirmado pelo Corpo de Bombeiros e a identidade por uma funerária de Capitólio. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Passos, e ainda não foi liberado. A previsão é que o velório aconteça nesta quarta-feira (3/1), em Capitólio.

As demais vítimas foram socorridas pelas unidades de resgate do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e dos bombeiros. O piloto e uma passageira, de 22 anos, foram encaminhados para a Santa Casa de Misericórdia de Piumhi, também no Sul do Estado. A jovem se queixava apenas de dores pelo corpo e não tinha suspeita de fraturas. Já o piloto estava com suspeita de ter fraturado a coluna.

Já a terceira pessoa foi conduzida pelo SAMU para atendimento na cidade de Passos. Segundo relatos, a vítima, cuja identidade não foi divulgada, estaria sem movimento nos membros inferiores.