Flerte com o verão europeu
Bárbara Bela inicia as comemorações do seu cinquentenário em desfile no instituto de educação
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Siga noO nome da marca já denota um ar de sofisticação. Ou de intelectualidade. Definições à parte, a Barbara Bela tem vários atributos que lhe conferem um status privilegiado na tribuna da moda. No primeiro estágio, quando Helen Carvalho estava à frente da empresa, na época do Grupo Mineiro de Moda, o que chamava atenção era o minucioso trabalho em rendas, elaborado manualmente, para compor peças-desejo carregadas de romantismo.
Justiça seja feita, não foram só as rendinhas que se destacavam naquela época: a alfaiataria precisa também tinha espaço no pódio da Barbara Bela. Porém, passando um pente fino nessa história, que já está entrando nos seus 50 anos, o que fica em evidência são as roupas para ocasiões e comemorações elegantes. Elas estão no cerne da marca mineira, a única do GMM que resistiu ao escrutínio do tempo.
Reinventando-se sempre, flutuando nas reviravoltas do mercado, a Barbara Bela continua atraindo as consumidoras mineiras e paulistas – a marca tem uma loja em São Paulo – por não fazer concessões.
O que quer dizer, trabalhar com tecidos nobres, matérias-primas de qualidade e formas inovadoras, que ficam ainda mais belas quando bordadas artesanalmente. Aposentada, Helen Carvalho ensinou o caminho das pedras para as filhas, Georgiana e Stefânia Mascarenhas, que herdaram o seu legado e continuam, com mãos firmes, mantendo o negócio em pé. Coube a elas, com reforço da sócia e prima Rosa Mascarenhas, apresentarem o encanto e a artesania de uma roupa de festa especial.
Coleções
O que se viu no desfile realizado no evento Modernos Eternos, mostra de arquitetura e decoração realizada no Instituto de Educação, foi a síntese das atuais coleções que estão na loja – a Everywhere e a Escape. Construídas a quatro mãos por Georgiana e Vânia Nielsen, nasceram a partir de conceitos que remetem, de um lado, a vários momentos do verão europeu no hemisfério norte: chiques ou descontraídos, urbanos ou com cara de praia, eles evocam férias nos beach lounges mediterrâneos ou nas capitais da Europa. Do outro lado, na cápsula Escape, como o próprio nome indica, predomina a possibilidade de escapar para lugares mais calmos, o foco são as sensações sob o olhar da elegância.
Responsável pelo styling do desfile, Zeca Perdigão mesclou as peças, retirando-as de seu status original para propor novas formas de usá-las, dentro de uma visão de que a moda tem que ser encarada como uma brincadeira divertida. A intenção, segundo ele, era conciliar o conceito resort chique com as propostas para coquetel, casamentos, celebrações e ocasiões memoráveis, oferecidas pela loja.
A versatilidade das coleções contribuiu para traduzir o stylist, a começar pela escolha de uma cartela de cores, que privilegiou o branco, off-white, beges, tons terrosos e boas pinceladas de amarelo.
A alfaiataria, em alguns momentos com recorte utilitário, compunha com vestidos glamourosos, por vezes bordados com paetês de flores metalizadas; os paetês gigantes - com destaque para os rosados - estiveram presentes, assim como os brocados cintilantes.
A renda guipure trouxe à tona o frescor do verão: as peças brancas eram o passaporte para se chegar a um balneário sofisticado. Mas a renda aparecia também, delicada e pontual, nas mangas de uma camisa de organza transparente usada com saia lápis. Para realçar ainda mais o conceito das coleções, os chapéus acentuaram a distinção dos looks construídos por Zeca Perdigão.
Lado a lado com as capas esvoaçantes e panejamentos, que marcaram vários momentos do desfile, surgiam jaquetas e parkas “esportivas” em tweed no jogo da composição proposta por ele. O casacão oversize em jacquard floral é puro objeto de desejo, assim como os acessórios de Elisa Atheniense e os calçados da Luiza Barcelos, parceiras da Barbara Bela no evento.