Guarda-roupa perfeito e variado
Escolha foi feita por museu que guarda peças usadas pela primeira-dama americana
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Siga noPapai Noel colocou em minhas mãos um livro raro por aqui, foi comprado em Paris. Editado pelo Museu Metropolitano de Nova York, tem como conteúdo “Jacqueline Kennedy: the White House Years” com seleções do John F. Kennedy Library and Museum”. Trocando em miúdos, o volume trata do guarda-roupa usado pela primeira dama americana durante os anos em que foi casada com Kennedy.
Não relaciona entre as fotos aquele tailleur rosa da etiqueta Chanel, que ela usava quando seu marido foi assassinado e que fez questão de usar, desde que o marido recebeu os tiros em Dallas, e caiu em seus braços, até que foi levada para a Casa Branca, para se encontrar com os filhos e se preparar para os ofícios funebres. Alertada de que deveria mudar de roupa durante o tempo em que acompanhou todo o desenrolar da morte do marido, coberta de sangue, ela não teve dúvidas: “Quero ficar com essa roupa para verem o que fizeram. Me arrependo só de ter lavado o rosto, que estava coberto de sangue”.
Na dor, dava o recado de sua personalidade, uma mulher de presidente americano reverenciada como uma verdadeira rainha. Elegante, inteligente, ela ditava moda e costumes, tendo sido fundamental na ascensão política de seu marido, John Kennedy. Antenada com a moda parisiense, Jackie sabia se vestir, mas tanto requinte teve que ser levado com certa parcimônia e seu costureiro oficial era Oleg Cassini, estilista famoso em Hollywood.
Saia e top em shantung de seda crua marfim
Curiosidade: quem bancou a edição do livro foi a marca francesa L’Oreal, para comemorar os quarenta anos em que Jackie chegou à ser a primeira-dama do presidente e que, além de belas roupas, marcou o país com seu amor pelas artes e bela beleza, deixando na América uma herança de cultura e inteligência.
Quando os Kennedy visitaram a França, ela impressionou não só o presidente Charles de Gaulle como o público, por sua facilidade de se comunicar em francês. Ao fim da visita, a revista Time ficou tão encantada com a primeira-dama que escreveu: “Havia também aquele acompanhante que veio com ela”. Aproveitando a deixa, o presidente John Kennedy brincou: “Eu sou o homem que acompanhou Jacqueline Kennedy a Paris – e gostei muito”.
vestido chanel bordado em dourado
vestidos bÁsicos
O livro cobre uma parte da vida da personagem, jardins e interiores das casas em que morava, pessoas que recebia. E começa com o guarda-roupa que usou em campanha, pequenos duas peças, tailleurs de cores sóbrias ou em preto e branco.
Examinado página por página, deixa algumas lições que ela usava em suas roupas, para estar sempre bem vestida, impecável e sem exageros. Os vestidos básicos, sem muitos detalhes, eram completados por pequenas jaquetas ou casacos, que tornavam sua figura perfeita. Cortes bem planejados para aumentar a imagem física, ela deve ter usado sempre o mesmo número de manequim, tinham como detalhe botões únicos ou vários, sempre visivelmente feitos à mão.
vestido tom pastel usado no Dia de Páscoa em Palm Beach, Flórida
impecável
O cuidado com a figura era exemplificado pelas mangas, sempre de largura e comprimento perfeitos, para terminar braços sem franzidos ou incômodos. O guarda-roupa era inteligentemente pensado para que qualquer tipo de ocupação entrasse em seu dia.
Outra escolha perfeita era destinada aos vestidos de festa. No geral, a modelagem escorria com facilidade pela figura, sem pedir acomodações ou complicações de saias ou sobressaias, recortes e cintos. Detalhe importante é que os modelos de duas cores – top e saia – usavam a cor mais escura na parte de cima e sua modelagem era visivelmente menor, para que a parte de baixo deixasse como efeito uma silhueta maior. Alias, todas as modelagens evidenciavam essa delicada diminuição da parte superior da roupa, seja nos vestidos, nos duas peças ou nos tailleurs, nenhum mostrava paletó maior, descendo pelo quadril da usuária.
Os vestidos básicos, curtos ou longos, exploravam os cortes verticais, outro truque para alongar a figura, sem forçar a modelagem. Corriam soltos pelo corpo, um ideal de todas as mulheres. Os básicos tradicionais aproveitavam os cortes verticais, para a aplicação de cinto do mesmo tecido, com um pequeno laço ou nó para definir a cintura. Bordados e rendas eram pouco usados, mas as cores claras eram as preferidas, como o rosa, o azul, o amarelo. E os tecidos cintilantes eram usados em modelos quase básicos, de tão simples. A ideia parece exemplificada num desejo de se destacar, mas sem chamar a atenção para criações muito elaboradas.
Uma das preocupações do livro foi escolher só modelos de estilistas internacionais. O que deixa bem clara a informação de que a criação depende de quem vai usar, e não de quem vai criar. Com isso, os estilistas selecionados para vestir a primeira-dama comportaram-se todos em suas preferências: o simples lindamente elaborado, que chama a atenção pela modelagem e feitura, e não por efeitos usados para criar variações chamativas.
Outra lição que o livro deixa bem clara é a de que roupa clássica, bem feita e sem exageros, atravessa os modismos ou as tendências. Qualquer dos modelos apresentados na seleção do livro pode ser usado em qualquer época.