A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que planos de saúde não podem reajustar mensalidades para idosos devido à idade, mesmo em contratos anteriores à Lei 10.741/2003, chamada de Estatuto da Pessoa Idosa, representa um marco na proteção dos direitos dos idosos. Essa norma busca impedir a discriminação baseada em idade, o que inclui a prática de cobranças diferenciadas.
O caso que levou a essa decisão envolvia a Unimed, contestando um veredicto do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que havia declarado abusivo o aumento nos valores das mensalidades com base na idade dos usuários. O julgamento pelo STF ainda aguarda proclamação formal do resultado pelo ministro Edson Fachin, especialmente devido à existência de casos semelhantes sob análise em outras esferas judiciais.
Quais são as implicações da decisão do STF?

Esta decisão tem amplas implicações tanto para fornecedores de serviços de saúde quanto para os usuários. Ao impedir reajustes baseados na idade, a decisão protege os idosos de aumentos possivelmente abusivos que poderiam impactar seu acesso à saúde. Isso vem em resposta a uma prática comum entre as operadoras de planos de saúde, que muitas vezes estabeleciam aumentos significativos conforme os beneficiários envelheciam.
O julgamento no Supremo foi resultado de um longo processo, iniciado em 2020, e envolveu a participação de várias entidades, incluindo operadoras de saúde e órgãos de defesa do consumidor. A complexidade do caso é refletida no debate acirrado entre os ministros, onde diferentes interpretações jurídicas sobre retroatividade e direitos adquiridos foram consideradas.
Como foi a participação de entidades e a posição do STF?
Dentro deste contexto, diversas entidades como a Agência Nacional de Saúde (ANS) e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) participaram do julgamento como ‘amici curiae‘. Estas entidades trouxeram opiniões especializadas e ajudaram a embasar a decisão final, conferindo uma visão mais abrangente das consequências que a decisão acarretaria para o mercado e consumidores.
Durante o julgamento, ministros como Rosa Weber e Edson Fachin votaram consistentemente contra o aumento de valores com base na idade, enquanto houve discordâncias de ministros como Marco Aurélio e Dias Toffoli. Afinal, sete ministros se opuseram ao recurso que pleiteava a possibilidade de reajustes, firmando assim uma postura clara do STF em proteção aos direitos dos idosos.
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O futuro dos planos de saúde e a proteção ao idoso
A discussão em torno da aplicabilidade do Estatuto da Pessoa Idosa a contratos firmados antes de sua vigência é central para o futuro dos planos de saúde no Brasil. A Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) argumentou que a retroatividade da norma seria lesiva a preceitos constitucionais de segurança jurídica. No entanto, a proteção aos idosos foi considerada um valor preponderante na decisão do STF.
Com o avanço dessa jurisprudência, é esperado que haja um impacto significativo nas práticas das operadoras de planos de saúde, que deverão se ajustar a este novo panorama ao estruturar seus modelos de cobrança e reajustes. Isso não apenas reforça a segurança das garantias constitucionais aos idosos, como também promove um mercado mais justo e acessível.




