Morder o lábio é um hábito muito comum no dia a dia, que muitas vezes passa despercebido enquanto trabalhamos, assistimos a algo ou lidamos com situações de tensão, funcionando como uma forma silenciosa e automática de aliviar estresse e ansiedade.
O que significa morder o lábio na psicologia?
A palavra-chave central aqui é morder o lábio, entendida pela psicologia como um comportamento repetitivo que ajuda a descarregar tensão emocional. Em muitos casos, a pessoa só percebe o que fez quando o lábio já está dolorido, machucado ou sensível.
Do ponto de vista psicológico, esse gesto pode funcionar como um mecanismo de autorregulação emocional, ainda que pouco saudável. Ele costuma aparecer em momentos de preocupação intensa, prazos apertados, conflitos pessoais, exposição social ou até em períodos de tédio prolongado, oferecendo alívio rápido ao desviar a atenção para a sensação física na boca.

Quais fatores costumam estar associados a esse hábito?
Não existe um único perfil de personalidade ligado a quem tem o costume de morder o lábio, mas alguns traços aparecem com frequência em relatos clínicos. Em geral, observa-se esse comportamento em pessoas com tendência à preocupação constante e dificuldade de “desligar” a mente, principalmente à noite ou em momentos de descanso.
Alguns fatores emocionais e comportamentais podem aumentar a chance de esse hábito se tornar recorrente e difícil de controlar:
- Elevado nível de auto exigência: a tensão interna é canalizada em pequenos gestos repetitivos.
- Ruminação mental: pensamentos insistentes levam o corpo a buscar respostas automáticas de alívio.
- Sensibilidade emocional: emoções intensas geram necessidade de descarga discreta e constante.
- Dificuldade para relaxar: a incapacidade de desacelerar favorece comportamentos físicos repetitivos.
- Necessidade de controle: controlar a pele dos lábios simboliza controle em meio ao caos interno.
Morder o lábio pode ser um transtorno psicológico?
Na maior parte das situações, morder o lábio é um comportamento comum de enfrentamento da tensão diária. Porém, quando o ato é frequente, intenso e causa feridas, sangramentos ou impacto estético, pode ser enquadrado como um comportamento repetitivo focado no corpo (BFRB, na sigla em inglês).
Nesses casos, observa-se repetição do gesto ao longo do dia, dificuldade de parar mesmo com desejo de interromper, danos físicos e sensação de alívio imediato após morder. Com o tempo, o cérebro “aprende” que esse comportamento reduz o desconforto interno e o transforma em um hábito cada vez mais automático.

Como esse comportamento se relaciona com o manejo das emoções?
A prática de morder o lábio revela um estilo específico de lidar com emoções difíceis. Em vez de expressar o que sente de forma verbal ou por estratégias mais saudáveis, a pessoa converte a tensão em ação física, muitas vezes aprendida desde a infância ou adolescência.
Profissionais da área costumam avaliar esse gesto junto com padrão de sono, nível de preocupação, reações a críticas, ritmo de trabalho e histórico de ansiedade. Quando necessário, podem ser indicadas técnicas de consciência corporal, substituição de hábitos, manejo do estresse e acompanhamento psicoterápico para fortalecer formas mais saudáveis de autorregulação.
Como transformar esse hábito em um sinal de cuidado e mudança?
Entender o que está por trás de morder o lábio ajuda a enxergar o gesto não apenas como mania, mas como um alerta sobre como você tem lidado com sua vida emocional. A partir dessa percepção, torna-se possível buscar alternativas que aliviem a pressão interna sem machucar o próprio corpo.
Se você sente que perdeu o controle sobre esse hábito, não espere as feridas piorarem para agir: procure ajuda psicológica o quanto antes, converse com um profissional de confiança e comece hoje mesmo a construir estratégias mais saudáveis para cuidar da sua mente e do seu bem-estar.




