O Itaú Unibanco identificou um aumento no golpe do cartão trocado nos últimos dias. A fraude acontece em segundos, geralmente em locais movimentados como bares, restaurantes, shows ou no transporte por aplicativo.

O cartão de crédito é o segundo meio de pagamento mais popular no país, movimentando R$ 26,9 trilhões em 2024, conforme dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

O golpista se passa por um vendedor ou prestador de serviço e, com uma desculpa qualquer, leva o cartão para longe da sua vista. “O golpista utiliza uma maquininha adulterada para salvar a senha da vítima e realiza a troca de cartão por outro semelhante. Isso possibilita a realização de outras compras, além de saques e transferências”, detalha Victor Thomazetti, superintendente de Prevenção a Fraudes do Itaú Unibanco. O prejuízo só é percebido horas ou dias depois, quando o estrago na conta já está feito.

O mecanismo por trás do golpe é baseado na engenharia social e na distração. O criminoso utiliza uma máquina de cartão que, embora pareça normal, está programada para registrar a senha digitada pela vítima. Após a digitação, ele pode alegar uma falha de conexão ou um erro no sistema. Com a desculpa de buscar outra máquina ou tentar o pagamento em outro local, ele realiza a troca do cartão por um falso, de mesma cor e banco, para que a vítima não perceba a mudança imediatamente.

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Com o cartão verdadeiro e a senha em mãos, o fraudador tem liberdade para realizar uma série de operações financeiras. As ações incluem saques em caixas eletrônicos, compras de alto valor em lojas físicas e online, e até mesmo transferências de dinheiro, esvaziando limites e contas bancárias em um piscar de olhos. O sucesso do golpe depende da agilidade do criminoso e da falta de atenção da vítima, que muitas vezes só descobre a fraude ao receber a notificação de uma compra que não fez ou ao tentar usar o cartão falso e ele ser recusado.

Como se proteger do golpe da troca de cartão

  1. Use a tecnologia como sua aliada

    A forma mais segura de realizar pagamentos presenciais hoje é por meio de carteiras digitais (como Google Pay, Apple Pay e Samsung Pay) ou diretamente com o cartão por aproximação. Esses métodos eliminam a necessidade de entregar o cartão a outra pessoa, reduzindo drasticamente o risco da troca. Desconfie sempre que um estabelecimento informar que a máquina "não aceita aproximação", pois isso pode ser um pretexto para forçar o uso do chip e da senha.

  2. Nunca entregue seu cartão a ninguém

    Essa regra é fundamental: seu cartão deve estar sempre em suas mãos e sob sua vista. Ao pagar em um restaurante, peça ao garçom que traga a máquina até a mesa. Em lojas, não permita que o vendedor leve seu cartão para um balcão distante. Se a pessoa insistir em levar o cartão, cancele a compra ou procure outro meio de pagamento.

  3. Proteja sua senha a todo custo

    Sua senha é a chave do seu cofre e é intransferível. Jamais a compartilhe com atendentes, vendedores ou qualquer outra pessoa. Antes de digitar, verifique se o valor exibido no visor da máquina está correto. Recuse-se a inserir sua senha em aparelhos com visores danificados ou que não permitam a clara visualização da compra. Um funcionário legítimo nunca precisará saber sua senha para concluir uma transação.

  4. Verifique o cartão antes de guardá-lo

    Crie o hábito de conferir seu cartão assim que ele for devolvido, antes mesmo de sair do estabelecimento. Verifique se o nome impresso, os números e o logotipo do banco são os seus. Os golpistas usam cartões falsos muito semelhantes, mas uma olhada atenta pode revelar a fraude na hora. Uma dica prática e muito eficiente é personalizar seu cartão com um adesivo pequeno e único. Essa marca visual facilita a identificação imediata.

  5. Saiba como agir caso seja vítima do golpe

    Se, apesar de todos os cuidados, você se tornar uma vítima, a agilidade é sua maior aliada para minimizar os danos. Mantenha as notificações do aplicativo do seu banco sempre ativas no celular. Ao receber um alerta de compra ou transação que não reconhece, entre em contato com o banco imediatamente pelos canais oficiais para bloquear o cartão e a conta. Em seguida, dirija-se à delegacia de polícia mais próxima ou acesse o portal da polícia civil do seu estado para registrar um Boletim de Ocorrência.

O Banco Central (BC) recebeu mais de 11 milhões de queixas de fraude no Pix no ano passado, das quais 4,7 milhões se confirmaram, somando quase R$ 6,5 bilhões em prejuízos para correntistas Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O número de fraudes registradas pelo fiscalizador disparou cerca de 80% em relação a 2023, quando houve 2,6 milhões de ocorrências Divulgação
Nos casos confirmados em 2024, o BC garantiu a devolução de cerca de R$ 459 milhões, o que representa 7% do valor movimentado em golpes financeiros, roubo de conta e casos de extorsão Divulgação
Os dados, obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo via Lei de Acesso à Informação, constam dos sistemas de detecção de infração no Pix Fraud Maker do BC e no registro de solicitação de devolução do regulador Getty Images
As informações incluem apenas as solicitações de devolução por fraude feitas por meio do MED (Mecanismo Especial de Devolução), criado em novembro de 2021 Divulgação
Embora o Pix tenha um mecanismo de rastreio chamado Dict, que reúne informações das contas transacionais, como CPF e CNPJ, a trilha do dinheiro desaparece após um determinado número de transferências (isso varia de banco a banco) por limitações computacionais. Divulgação
O fiscalizador recebeu 5 milhões de pedidos de devolução, e aceitou apenas 1,56 milhão. DINO
No último mês de janeiro, por exemplo, o BC aceitou a devolução de R$ 200 milhões transferidos em situação irregular, mas devolveu, de fato, R$ 21 milhões - a taxa média de devolução em 2024 foi de 22% dos estornos aceitos. Divulgação/BCB
De acordo com o Banco Central, vítimas de fraude, golpe ou crime devem solicitar a devolução à instituição financeira em até 80 dias após o Pix ter sido feito. O banco avalia o caso e, se entender que o pedido atende ao MED, bloqueia a quantia na conta do recebedor. Imagem de iqbal nuril anwar por Pixabay

Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

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