A comercialização de produtos siderúrgicos mineiros para o parceiro comercial somaram US$ 20,5 milhões no mês passado
 -  (crédito: Wiliam de Paula/Usiminas/Divulgação – 4/2/17)

A comercialização de produtos siderúrgicos mineiros para o parceiro comercial somaram US$ 20,5 milhões no mês passado

crédito: Wiliam de Paula/Usiminas/Divulgação – 4/2/17

A crise econômica na Argentina já afeta a economia mineira, agravada pela posse do novo presidente de extrema-direita, Javier Milei. Segundo dados da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), as exportações do estado para o país vizinho caíram 20% em relação a janeiro do ano passado. No ano passado, neste mês, Minas exportou US$ 145 milhões contra US$ 113 milhões em janeiro deste ano.


A convulsão econômica da Argentina também refletiu negativamente nas exportações brasileiras para o país, basicamente concentrada em soja, peças e veículos automotivos e de passageiros, energia elétrica, ferro e aço. Em janeiro de 2024, as exportações brasileiras somaram US$ 767 milhões, menor valor desde 2021, totalizando uma queda de 25% em relação ao mesmo período do ano passado.


Em Minas Gerais, o setor mais afetado foi o de ferro e aço que sofreu uma retração de 62%, passando de US$ 55 milhões em janeiro de 2023 para US$ 20,5 milhões no mês passado. A venda de veículos automotivos e autopeças também registrou uma redução de 11% em relação ao mesmo período do ano passado. Em janeiro de 2023, Minas Gerais exportou US$ 34,6 milhões contra US$ 30,8 milhões este ano.
O consultor de Negócios Internacionais da Fiemg, Alexandre Brito, afirma que desde o segundo semestre do ano passado já vinha ocorrendo queda nas exportações brasileiras para a Argentina mas, segundo ele, os números de janeiro foram “um resultado muito atípico”. “O ano até que terminou bem no agregado e a Argentina foi o terceiro maior mercado de Minas Gerais, mas houve uma queda realmente forte no mês de janeiro, e esperamos que haja uma recuperação daqui por diante, principalmente no setor automotivo, mas também no de aço”, afirma.



O motivo dessa queda, segundo ele, não tem a ver com nenhuma medida imposta pelo governo Milei contra as exportações brasileiros. “É que o país enfrenta uma forte recessão econômica que tem um impacto muito forte no consumo, o que faz com que as pessoas adiem seus gastos o máximo possível tremendo lá na frente e isso afeta a exportação de bens finais como de produtos intermediários e a Argentina é um mercado importante nesse segmento”, afirma.


No setor de ferro e aço, afirma o consultor, houve queda na venda de aço plano e longos usados, por exemplo, na indústria da linha branca (geladeira, fogo e eletrodomésticos em geral) e na construção civil. Segundo ele, esses são insumos usados na fabricação de produtos que o consumidor deixa de comprar em época de crise. O Produto Interno Bruto da Argentina, de acordo com Brito, teve uma queda de 2,7% em 2023, uma das maiores do mundo.

Inflação

A inflação na Argentina fechou o primeiro mês de 2024 em 20,6%, abaixo dos 25,5% registrados em dezembro, mas com uma taxa anual de 254,2%, uma das mais altas do mundo, o ritmo mais rápido desde que a segunda maior economia da América do Sul saiu da hiperinflação no início da década de 1990. Ao assumir, no fim do ano passado, o novo presidente anunciou um duro pacote de medidas econômicas para conter a crise e a inflação na Argentina, como desvalorização do peso, suspensão todas as obras públicas, corte nos subsídios de energia e transporte e redução de repasses aos entes da federação. Os preços chegaram a subir 143% em 12 e mercadorias e serviços estão com valores muito voláteis.


Milei, um economista libertário e ultraliberal de 53 anos, foi eleito com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, prometendo duro ajuste fiscal que envolverá sacrifícios, mas que, segundo promessas dele, acabarão por render frutos ao país, mergulhado em uma severa crise há anos.

 

Mercado argentino

Queda na exportação de Minas Gerais para Argentina – 20%

Janeiro 23 US$ 145 milhões
Janeiro 24 US$ 113 milhões

Principais setores

Ferro e aço – 62%

Janeiro 23 US$ 55 milhões
Janeiro 24 US$ 20,5 milhões

Veículos e peças – 11%

Janeiro 23 US$ 34,6 milhões
Janeiro 24 US$ 30,8 milhões