Nesta quarta-feira (17/12), o passado de Minas Gerais ganha destaque no Galpão Cine Horto com “Memória e ressonância”, mostra gratuita de curtas-metragens documentais. A sessão será realizada às 19h30, no Teatro Wanda Fernandes, e reúne três filmes — dois deles em pré-estreia — seguidos de um bate-papo com os realizadores. 

“São filmes de memória, mas dialogam diretamente com o presente. Eles provocam reflexões que vão além do entretenimento, questionando que cidade é esta que temos hoje, que cidade tivemos, o que ganhamos, o que perdemos e o que desejamos”, afirma Chico Pelúcio, diretor de dois títulos da programação: “Bar Fecha Nunca – 100 anos de história” e  “Queremos praia… anunciação”.

Com 18 minutos, “Queremos praia… anunciação”, codirigido por Pelúcio em parceria com Marcelo Braga e Rodolfo Magalhães, aborda o direito à cidade e a ocupação do espaço público. O curta é construído a partir de imagens de arquivo e revisita a intervenção artística realizada por integrantes do Grupo Galpão, em 1987. 

Na época, artistas ocuparam a Praça Sete vestidos com roupas de banho e acompanhados de objetos como pranchas de surfe, simulando a existência do mar e de praia em Belo Horizonte. Pelúcio interpretava o repórter que entrevistava os transeuntes. 

Com a palavra “anunciação” no título, o documentário faz alusão ao movimento Praia da Estação, criado em BH anos depois, em 2010.

“É o resgate da memória poética, teatral e performática que teve muitos desdobramentos ao longo do tempo e, por coincidência ou não, funcionou como anunciação”, explica o diretor.

Também dirigido por Pelúcio, “Bar Fecha Nunca – 100 anos de história”, documentário de 26 minutos, retrata o tradicional Bar Fecha Nunca, patrimônio imaterial da cidade de Baependi, associado à figura de Francisco Vieira Manso, o Tinho. 

“O bar é testemunha de tudo o que aconteceu na cidade, uma vez que fica bem no Centro”, diz Chico Pelúcio. O diretor, natural da cidade e amigo do personagem, reúne depoimentos, imagens de arquivo e cenas ficcionais em preto e branco para contar a história do espaço.

O terceiro filme da mostra é o documentário “Expressão, coordenação e ritmo”, de Ana Tereza Brandão e Ana Amélia Arantes, em homenagem à dançarina belo-horizontina Marlene Silva (1936–2020), referência da dança afro-brasileira.

Em 2019, Ana Tereza Brandão dirigiu o videoclipe “Wakanda”, de Tamara Franklin, coreografado por Marlene. Na ocasião, conversaram sobre a ideia de produzir um filme celebrando a carreira da bailarina.

“Marlene tinha o desejo de que fosse feito um documentário sobre sua trajetória. Não foi possível realizá-lo em vida, mas restaram imagens muito potentes dessa gravação”, conta a diretora.

No curta-metragem, há transições entre cenas de Marlene dançando e trechos de depoimentos registrados durante encontro no Teatro Marília, que reuniu mulheres de diferentes gerações que conviveram com a artista, como Madu Santos, Junia Bertolino, Verinha e a irmã dela, Vânia.

Ana Tereza destaca a importância de Marlene Silva para a cultura da capital – reconhecida, inclusive, com o Dia Municipal da Dança Afro, celebrado na data de seu nascimento, em 27 de junho.

“Ela esteve muito presente no carnaval, na capoeira e na memória afetiva de Belo Horizonte. Sua presença segue viva, especialmente por meio das mulheres que hoje dançam, carregando essa memória no gesto, no afeto e na força que ela representou para o movimento negro da cidade”, afirma Ana Tereza.

“MEMÓRIA E RESSONÂNCIA”

Sessão nesta quarta (17/12), às 19h30, no Teatro Wanda Fernandes do Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3.613, Horto). Entrada gratuita.

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