“Singular”, primeiro álbum solo do compositor, cantor e multi-instrumentista Rodrigo Garcia, é mesmo singular. Com sete faixas autorais, foi totalmente gravado por ele, que tocou violoncelo, baixo, violão, guitarra e teclado. Essa solidão chega a parecer estranha, pois Rodrigo faz parte da Orquestra Mineira de Rock, banda Cartoon, Orquestra Ouro Preto e da Rockin’ Strings, além de reger a Fractal Orchestra e a Orquestra de Câmara Sesc.

Garcia esclarece que o projeto é fruto do confinamento imposto pela pandemia. “Senti que tinha de começar a produzir por conta própria. Como todo mundo, enfrentei a realidade do isolamento, da pessoa se voltar um pouquinho para si. Isso foi me saturando de ideias.”

Ele trabalhou sobre canções já feitas e compôs outras. O álbum traz a fusão de influências britânicas, especialmente dos Beatles, com arranjos que misturam piano e guitarra. Aliás, a inspiração veio de Paul McCartney, que também gravou sozinho “Mc Cartney’ (1970), seu álbum solo de estreia.

“Eu me isolei, fui gravando e deixei a bateria por último. A diferença é que Paul toca bateria e eu nunca havia tocado, porém aprendi para dar conta”, revela.


De acordo com ele, o disco tem tanto trechos bem-humorados quanto outros mais profundos, que tocam em questões como isolamento e solidão. O título “Singular” remete ao fato de Rodrigo estar sozinho, “por mais plural que o disco seja em músicas, ideias e instrumentos”, observa.

Aliás, nem tão sozinho assim, porque Bruno Maluf cuidou da parte gráfica e Bruno Corrêa se encarregou da mixagem. “Fora disso, somente eu”, diz. Um desafio e tanto.

“É uma coisa psicologicamente brava, pois pensava com saudade dos meus amigos, saudade de virar para eles e perguntar: 'E aí, você gostou desse take?’. Porém, tinha de falar comigo mesmo, em casa. Foi difícil, mas adorei o resultado.”

A faixa de abertura, “Cloudy day”, ganhou clipe, já lançado. A terceira, “Is this?”, também. “Esse é mais animado”, conta. O outro vai ficar para 2026.

Os tempos de solidão ficaram para trás. “Montei uma banda para tocar comigo na divulgação do disco e estou tentando alguma lei de incentivo para poder circular”, informa. Thiago Santos (contrabaixo), Rafael Salobreña (bateria) e Hugo Bizzotto (teclados) vão acompanhá-lo.

Rodrigo Garcia vai levar para a estrada um trabalho que flerta com o rock britânico. “Tenho coisas de Beatles das quais não consigo fugir. Uma das faixas tem muito a ver com eles, é quase homenagem. As restantes passam por Beatles, mas também pelo rock progressivo inglês. Diria que meu álbum vem do hard rock, passa pelo folk, country e, principalmente, pelo progressivo.”

 

Clube da Esquina

Pessoas que ouviram as canções acharam o trabalho parecido com Cartoon e Rockin’ Strings, bandas com as quais o autor trabalha.

“O pessoal de São Paulo vinculou Minas a Liverpool. Uma garota disse ter ouvido muito Beatles no álbum, mas achou que havia influência muito mineira na forma de lidar com os arranjos, algo mais intrincado com as harmonias. Bebo muito nas fontes Beatles e Clube da Esquina, aliás, comecei a tocar na música por conta disso. Então, não tem como fugir”, afirma.


“SINGULAR”

• Disco de Rodrigo Garcia
• Sete faixas
• Disponível nas plataformas digitais


FAIXAS

“Cloudy day”


“About you”


“Is this?”


“Lonely song”


“A billion times before”


“Instante em luz”


“Nature”

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