Wagner Tiso completa 80 anos nesta sexta-feira (12/12). No próximo domingo, o compositor, arranjador, regente e pianista se apresenta às 18h, no Teatro Feluma, em BH, com ingressos esgotados. A festa começa amanhã em Maricá (RJ), onde Tiso faz show ao lado de orquestra com 40 músicos que ele próprio arregimentou.
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No domingo, BH ouvirá músicas que marcaram a trajetória iniciada em 1958. “Será um show para celebrar a vida”, diz Wagner, um dos fundadores do Clube da Esquina. Nascido em Três Pontas, ele e Milton Nascimento, amigos de infância, iniciaram a carreira naquela cidade do Sul de Minas.
“Estou fazendo muitos arranjos, porém não deu tempo de ensaiar para me apresentar no Feluma com orquestra. Então, estarei com o meu quinteto, com o qual toco há anos”, informa. O grupo reúne o flautista Nivaldo Ornelas (outro pioneiro do Clube da Esquina), Márcio Malard (violoncelo), Cyrano Almeida (bateria) e Beto Lopes (baixo).
“Vou homenagear o pessoal do Teatro Feluma, que tem me dado a maior força. É um prazer tocar lá, porque eles correm junto com gente”, comenta o aniversariante. O repertório terá músicas do Clube da Esquina e do Som Imaginário, banda de rock progressivo dos anos 1960/1970 criada por Wagner, inicialmente para acompanhar Milton Nascimento. O grupo chamou a atenção pela fusão criativa de jazz, rock e música brasileira.
Pelo Som Imaginário passaram Robertinho Silva (bateria e percussão), Tavito (violão), Fredera (guitarra), Luiz Alves (baixo), Naná Vasconcelos (percussão), Laudir de Oliveira (percussão) e Zé Rodrix (vocais e piano), entre outros.
“No domingo, farei também coisas do jazz e da MPB, um repertório bem geral mesmo”, adianta Wagner, informando que o show terá 12 temas, entre eles “A igreja majestosa” e “A lenda do boto”, faixas de seu primeiro disco solo, lançado em 1978.
“Tem também ‘Armina’ e ‘Banda da capital’, do Som Imaginário, além de 'Choro de mãe’, meu choro ao piano, além de 'Coração de estudante’ que fiz com letra do Bituca”, afirma. “Eu sei que vou te amar”, clássico de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, vai ganhar releitura do quinteto.
Instituto Wagner Tiso
Cheio de projetos para comemorar seus 80 anos, Tiso se apresentará com orquestra na reinauguração do Teatro Sesc Ginástico, no Centro do Rio de Janeiro, na próxima terça-feira (16/12).
“Vamos programar uma série de shows para o ano que vem, mas, por enquanto, estamos verificando as datas”, diz ele. As comemorações não se resumirão à turnê. Ele vai inaugurar o Instituto Wagner Tiso (IWT) e está criando orquestra formada por crianças carentes.
Um dos projetos do IWT é o Pianos para o Mundo. “Conseguimos quatro pianos, que estão sendo reformados e serão doados para instituições carentes e conservatórios”, diz. A agenda de 2026 terá também exposições, lançamento de documentário e álbum novo.
Em quase sete décadas de carreira, Tiso gravou 36 discos de estúdio e compôs mais de 30 trilhas sonoras para cinema, televisão e teatro. Aliás, ressalta que elas são mais de seis mil.
“Em cada trilha sonora para cinema, há uma frase (cena), na qual toca uma música. Então, se você extrair todas as músicas, totalizará mais de seis mil”, explica. Também criou duas peças sinfônicas completas.
Wagner compôs para os filmes “Os deuses e os mortos, de Ruy Guerra; “A ostra e o vento”, “A lira do delírio”, “Inocência”, “Chico Rei” e “Os desafinados”, de Walter Lima Jr.; “Jango”, de Silvio Tendler (cujo tema era “Coração de estudante”, ainda sem a letra de Milton); “Vida de menina”, de Helena Solberg; e “O guarani”, de Norma Benguel, entre vários outros.
Também é dele a trilha da novela “Dona Beija”, sucesso da extinta Rede Manchete. “Beija flor, beija menina/ Quem a fez assim/ Tão divina?”, diz a letra de Fernando Brant para o tema de abertura.
Muito jovens, Wagner Tiso e Milton Nascimento animaram os bailes da vida desde 1958, com a banda W'S Boys, no Sul de Minas. Na década de 1960, mudaram-se para BH, onde participaram dos grupos Sambacana e Berimbau Trio. Tornaram-se amigos de Marilton Borges, que os apresentou à família Borges, moradora do Edifício Levy, no Centro.
Suporte musical
Na casa dos Borges surgiu o embrião do Clube da Esquina, enquanto Milton se destacava em festivais de música no Rio de Janeiro e São Paulo. Wagner se mudou para o Rio, deu suporte importante ao amigo Bituca em vários discos que o projetaram no Brasil e no exterior, além de seguir carreira solo.
Arranjador e diretor musical disputado, Wagner trabalhou com Nana Caymmi, Maria Bethânia, Gal Costa, Ney Matogrosso, João Carlos Assis Brasil, César Camargo Mariano, Zé Renato, Rio Cello Ensemble e Victor Biglione, entre outros.
“WAGNER TISO 80 ANOS”
Show neste domingo (14/12), às 18h, no Teatro Feluma (Alameda Ezequiel Dias, 275, 7º andar, Centro). Ingressos esgotados.
