LITERATURA BRASILEIRA

Denise Emmer lança livro de contos 'Só os loucos batem palmas para o céu'

Filha de Janete Clair e Dias Gomes, escritora carioca une o realismo mágico ao mundo etéreo da poesia para falar de solidão

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A escritora, compositora e violoncelista Denise Emmer, cuja obra transita entre poesia, música e prosa, lança o livro de contos “Só os loucos batem palmas para o céu” (Editora Cavalo Azul). O trabalho não apenas dá seguimento ao diálogo com títulos ficcionais anteriores dela, como “O cavalo cantor” e “O barulho do fim do mundo”, mas aprofunda o flerte com o realismo mágico.

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Filha da novelista Janete Clair (1925-1983) e do dramaturgo Dias Gomes (1922-1999), Denise escreveu 17 contos sobre a solidão, característica de todos os personagens. “São órfãos, loucos e náufragos, criaturas suspensas entre mundos”, diz.

Em “Palco das criaturas”, por exemplo, um pianista sem rosto veste o fraque para tocar uma sonata para a plateia vazia. “Sua música desperta somente a atração dos loucos, dos marginalizados. Quando ele toca para o público, com o teatro lotado, é vaiado, as teclas se soltam e o piano se desmonta”, revela. “Na verdade, o palco é metáfora do mundo, no qual todos nós somos criaturas tocando sonatas inaudíveis para plateias ausentes. E aí mora a grande solidão.”

Liberdade de sonhar

Bater palmas para o céu, como diz o título, remete à libertação e ao reencontro com aquilo que perdemos dentro de nós, afirma Denise Emmer. “Liberdade de ser, de pensar e, principalmente, de sonhar. Só os loucos batem palmas para o céu, mas por que isso? Todos nós podemos ser loucos e bater palmas para o céu”, afirma.

Uma dessas criaturas, chamada Anônima, é transparente, não tem corpo e atravessa paredes. Outra personagem é a árvore que sonha em se desgarrar da terra e sair correndo pela floresta. “Ela é sonâmbula e consegue isso quando sonha. No meio das minhas histórias, as árvores dormem, as mulheres transparentes atravessam paredes, é tudo imaginação”, observa.

 

Com o seu quê de fantástico, as histórias, no fundo, estão ligadas ao mundo contemporâneo. “Todos nós vivemos solitariamente. Em nossa forma de comunicação virtual, você tem de se provar uma pessoa de sucesso, de alegria. Provar que sempre está feliz, bem direcionado e bem posicionado na vida. Esta é a máscara que vestimos neste mundo das redes sociais. Isso é tudo mentira, porque a verdade não é essa. A verdade são as árvores solitárias que sonham em se desgarrar das raízes da terra”, observa Denise Emmer.

O novo livro é sequência da prosa que ela vem desenvolvendo há algum tempo. “Nos anos 1990, publiquei ‘O insólito festim’ e ‘O violoncelo verde’, mas meu foco sempre foi a poesia”, diz Denise, definindo sua literatura como prosa poética.]

“Só os loucos batem palmas para o céu” dialoga com outros livros dela, como “O barulho do fim do mundo” (2022), finalista do Prêmio Oceanos, e “O cavalo cantor” (2019), seu primeiro volume de contos.

Dicção própria

A poeta Denise Emmer ressalta que encontrou um caminho particular para desenvolver sua literatura. No novo livro, isso fica explícito. “São 17 contos, nos quais tenho dicção própria. Apesar de ser uma prosa um pouco poética, são histórias com começo, meio e fim, do tamanho de um conto.”


O realismo fantástico é uma das características do universo criado pela autora. “Na verdade, você se encontra em todas as histórias, mesmo elas tendo essa pitada mágica, porque ninguém atravessa paredes. Mas o mundo pode ser um pouco invisível. Acho que a invisibilidade é algo comum, muito latente nos tempos de hoje”, observa, referindo-se às relações virtuais que se tornaram regra na sociedade contemporânea.

Ilustração mostra mulher de vestido comprido branco na praia, segurando um pássaro com a mão direita. Ao fundo vê-se um piano de cauda, na areia, e mais ao longe está o mar azul
Detalhe da capa do livro 'Só os loucos batem palmas para o céu' Reprodução

“SÓ OS LOUCOS BATEM PALMAS PARA O CÉU”

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• Livro de Denise Emmer
• Editora Cavalo Azul
• 92 páginas
• R$ 60

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