CINEMA

Wagner Moura entre amigos em Hollywood

Na pré-campanha pelo Oscar, protagonista de ‘O agente secreto’ fala sobre carreira e ‘o fim da verdade’ em mesa-redonda do ‘Los Angeles Times’ com outros atores

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A menos de um mês das indicações ao Oscar, que saem em 22 de janeiro, as campanhas por uma vaga na disputa começam a ganhar força. Anualmente, o programa “The envelope”, do jornal "Los Angeles Times", promove três mesas-redondas com os favoritos às estatuetas, convidando atores, atrizes e diretores para debates sobre seus trabalhos.

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Neste ano, Wagner Moura, já indicado ao Globo de Ouro e ao Critics Choice Awards por “O agente secreto”, foi um dos seis convidados, ao lado de Benicio Del Toro (“Uma batalha após a outra”), Jacob Elordi (“Frankenstein”), Jesse Plemons (“Bugonia”), Stellan Skarsgard (“Valor sentimental”) e Will Arnett (“Is this thing on?”).


Durante a conversa, o ator brasileiro falou sobre a abordagem da ditadura militar no cinema brasileiro. “Nasci em 1976, em meio à ditadura, e ela ainda teve ecos anos após o fim. Lembro dos meus pais falando baixo para não serem ouvidos. É importante que o cinema brasileiro olhe para essa cicatriz”, afirmou.


Ao comentar sobre seu personagem no filme de Kleber Mendonça Filho, um professor universitário perseguido politicamente, o ator fez uma comparação com Carlos Marighella, líder guerrilheiro e personagem-título do longa que ele dirigiu em 2019.


“Marighella lutava pela liberdade, queria superar o governo. O Marcelo [de “O agente secreto”] é diferente, ele é só um homem comum que quer defender seus valores. E isso é uma realidade em muitas partes do mundo, em que só ser quem você é já te coloca em risco, seja pela cor da pele ou pela orientação sexual”, disse.


Maior desafio

Apesar de “O agente secreto” estar em pauta, o trabalho do brasileiro na série “Narcos”, como o colombiano Pablo Escobar, foi um dos assuntos mais recorrentes da mesa. “Foi o mais longe que já fui para um papel. Eu era um brasileiro magro que não falava nada de espanhol”, relembrou o ator. Para o papel, ele aprendeu espanhol e ganhou 18 quilos em menos de seis meses.


Wagner Moura também contou que, após o sucesso da produção, passou a receber muitas propostas de papéis semelhantes, quase sempre como o estereótipo do “latino traficante”, e não se sentiu satisfeito. “Não era o que eu queria. Quero fazer personagens diferentes. Sinto que também posso interpretar personagens chamados Michael, por exemplo. Por que não?”


Sotaque

Segundo ele, o sotaque brasileiro enquanto fala inglês influencia essa perspectiva da indústria de filmes. “Teve um tempo em que as pessoas me pediam para fazer um sotaque americano, mas eu neguei. Não ligo para o meu sotaque, porque o modo como falo representa muitas pessoas. Manter o meu sotaque é uma declaração política”, afirmou.


Na mesa, em que apenas Jesse Plemons é americano, o debate sobre sotaque e preconceito em Hollywood se ampliou. O sueco Stellan Skarsgard, conhecido por “Gênio indomável”, “Duna” e “Mamma mia!”, comentou que, no início da sua carreira, percebia que atores estrangeiros com sotaque eram automaticamente escalados como vilões.


O porto-riquenho Benicio Del Toro, que interpreta um sensei imigrante em “Uma batalha após a outra”, concordou com os atores, mas destacou mudanças recentes nas escalações e o aumento das oportunidades para estrangeiros, atribuídas por Skarsgard à globalização da indústria. “Antes, o dinheiro era local, com foco no mercado americano. Hoje o mercado é global”, disse o sueco.


Ao final, Wagner Moura ainda abordou suas preocupações com a Inteligência Artificial. Ele relatou já ter sido submetido a sessões de escaneamentos faciais sem explicações claras sobre o uso dos dados e afirmou que o problema vai além da arte. “O que me assusta é o fim da verdade como a conhecemos. Não existem mais fatos, apenas versões, e a tecnologia está piorando a situação”, comentou.


“THE ENVELOPE”
• Mesa-redonda com os atores Benicio Del Toro, Jacob Elordi, Jesse Plemons, Stellan Skarsgard, Wagner Moura e Will Arnett. Disponível em inglês no YouTube, no canal do jornal “Los Angeles Times”.

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*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes

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