Quando o espetáculo é bom, o público pede bis. A máxima se aplica perfeitamente para justificar o reencontro da Orquestra Opus com o cantor e compositor Chico César menos de um ano depois de dividirem o palco pela primeira vez, em novembro do ano passado. A segunda apresentação também integra a Mostra Cine Brasil de Música e será realizada nesta quinta-feira (30/10), às 21h, no Cine Theatro Brasil.

Regente e diretor artístico da Orquestra Opus, Leonardo Cunha diz que o concerto do ano passado foi maravilhoso. “Um espetáculo muito bonito, com momentos de extravasar a energia e outros de muita introspecção. As músicas do Chico têm letras especiais. Nós gostamos e o público gostou”, diz, emendando que os ingressos para a apresentação de logo mais já estão esgotados.

No concerto do ano passado, que celebrou o Dia da Consciência Negra, o roteiro incluiu “À primeira vista”, “Mama África”, “Beradêro”, “Pensar em você”, “Deus me proteja” e “Estado de poesia”, entre outras. O maestro adianta que pouca coisa mudou no repertório.

“Tem coisas difíceis de tirar, aquelas músicas que mais marcaram a carreira dele, mas também tem outras que não são muito lado A e a gente quis manter, porque combinam com a instrumentação mais encorpada”, diz. Entre os sucessos, Cunha cita “À primeira vista” e “Mama África”. Das que não reverberaram tanto, ele toma “Moer cana” como exemplo, chamando a atenção para o fato de que o convidado não costuma apresentá-la muito em seus shows.

“Essa música tem uma pegada instrumental mais elaborada, então não é com qualquer tipo de formação que ele consegue fazer ao vivo. Com a orquestra, é possível explorar timbres menos convencionais, trazendo mais cor e mais efeitos com as cordas”, explica. Ele diz que o roteiro foi elaborado conjuntamente. “Chico propôs algumas coisas e eu outras. Fomos fazendo essa mistura de ideias daqui e de lá para chegar nesse repertório”, destaca.

Colisão descartada

De sua parte, Cunha sempre pensa em sugerir os sucessos, principalmente para não colidir com a turnê que o artista convidado eventualmente esteja fazendo. “Se Chico, no caso, está promovendo um disco novo, o foco do show dele é esse. No nosso espetáculo não, é um panorama da carreira, ainda que possa ter alguma coisa recente, do que está sendo lançado”, diz. Outro motivo, pontua, é que o público vai ao teatro sabendo que vai ouvir as músicas que conhece e gosta.

O maestro afirma que a adequação da canção aos arranjos orquestrais não chega a ser um critério para suas escolhas. Com a experiência que acumulou ao longo dos anos, ele garante que sempre é possível dar um jeito. “Já fiz de tudo. A Orquestra do Espírito Santo, para a qual sempre escrevo, estava fazendo ação educativa nas escolas públicas de lá e fiz arranjo para música da Anitta”, exemplifica.

A Orquestra Opus coleciona uma lista expressiva de grandes nomes da MPB com os quais já dividiu o palco. Cunha admite que pode haver maior ou menor empatia com determinados artistas. Ele diz que dois fatores pesam para a química funcionar: a personalidade e a disponibilidade do convidado.

“Quando tenho a oportunidade de ter mais convivência com o artista antes, o espetáculo sai diferente, porque tem uma conexão maior”, diz.

Ele destaca que com Chico César foi assim, muitas trocas que precederam o primeiro ensaio. “Mandava mensagens diretamente para ele, para tratar de questões sobre as músicas. Fomos fazendo uma construção muito em conjunto. Aí as coisas ficam um pouco mais perto do que as partes esperam. Tem artista que vem e só cumpre tabela: ensaia, canta, mas a conexão interpessoal é menor. Isso resulta numa interação também menor no palco. São particularidades de cada artista e de cada momento”, afirma.



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