Com dezenas de escritores e artistas de outras áreas, do Brasil e do exterior, tem início nesta quarta-feira (22/10) o 6º Festival Literário Internacional de Belo Horizonte (FLI BH), que segue até o próximo domingo (26/10), na Funarte-MG. A extensa programação conta com palestras, debates, saraus, oficinas para todas as idades, narração de histórias, performances de ilustração, espetáculos, leituras, exposição e feira de livros.

O FLI presta homenagem à editora, educadora e escritora Maria Antonieta Cunha. Referência nacional da literatura infantil, ela fundou a Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH e a Editora Miguilim. É integrante da Academia Mineira de Letras.


Logo mais, após a cerimônia de abertura na Funarte-MG, Antonieta participa da mesa “Uma vida dedicada aos livros, à literatura e aos leitores”.


O festival é realizado conjuntamente com a Mostra do Livro Latino-Americano (Molla), que, em sua estreia em Belo Horizonte, presta homenagem ao Chile, na figura da poeta Gabriela Mistral (1889-1957).


Entre outras ações, destaca-se a mesa de debate “Entre o apartheid na Palestina e a ditadura no Chile: o ensaísmo literário de Lina Meruane”, na quinta-feira (23/10), com a presença de Meruane, premiada autora chilena.

Os poetas Lino Eustáquio (Moçambique) e Ricardo Aleixo (MG) e os autores e ilustradores Fereshteh Najafi (Irã), Nelson Cruz (MG) e Aline Abreu (SP) são outros nomes da programação.


O FLI BH também saúda os 90 anos que a poeta mineira Adélia Prado completa em dezembro, com “sarau celebração” conduzido pelo ator Odilon Esteves.

“Da minha língua eu vejo o mundo” é o tema desta edição e, de acordo com Bárbara Bof, presidente da Fundação Municipal de Cultura, foi escolhido por ensejar diálogos ampliados sobre literatura e bibliotecas.


“A língua é um patrimônio coletivo que ressalta memórias e experiências. A diversidade guiou nosso olhar, com programação pensada para os mais diversos públicos, com os agentes de promoção do livro e da leitura, para iluminar a linguagem como lugar de resistência”, diz.

Bof destaca que a homenageada Antonieta Cunha é “uma preciosidade em vários contextos”, com presença marcante em diferentes áreas.


“Ela fundou a Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH, foi secretária de Cultura, presidente da Fundação Municipal de Cultura, é membro da Academia Mineira de Letras. Trata-se de pensadora, educadora e agente da cultura com olhar muito atento às infâncias, um ponto importante de destacar”, diz.


Professora

Antonieta Cunha se considera, antes de tudo, professora. “Tudo mais veio como decorrência. Desde pequena, quando tive uma professora exemplar no curso primário, defini na minha vida que queria lecionar. Na escola, sobretudo no Instituto de Educação, era sempre chamada para ser oradora. Em uma ocasião, cheguei a fazer o discurso da diretora, porque ela estava muito atarefada. Os livros vieram depois de muita pesquisa”, diz.


Sobre a homenagem que receberá do FLI BH, ela afirma, modestamente, que recebeu a notícia com enorme surpresa. “Não há nada que eu tenha feito que merecesse esse cuidado comigo, essa homenagem, mas posso dizer que a surpresa foi acompanhada, depois, de uma enorme gratidão.”


A organização do festival lembra que, de forma pioneira, nos anos 1970 e 1980 Antonieta abriu os caminhos para tornar Belo Horizonte em polo da literatura infantojuvenil.


“Quando comecei a dar aula de literatura infantil no curso normal e depois na faculdade, não tinha material. A literatura produzida no Brasil era muito pouca. Muitas vezes a gente tinha de ler o texto traduzido de outra língua. Havia poucas editoras que conheciam e editavam literatura para crianças. Conseguimos começar a publicar livros e autores importantíssimos”, afirma ela, que fundou a Miguilim nos anos 1980.

Crianças

 

Bárbara Bof diz que a diversidade e o desejo de atingir os mais diversos públicos guiaram a montagem da programação do 6º FLI BH. Ela observa que a homenagem a Maria Antonieta Cunha expressa atenção especial para o público infantojuvenil, seja por meio de oficinas, apresentações artísticas e narração de histórias, além de mesas de debate.


“O FLI acontece na esteira da Semana das Crianças, então temos um olhar atento para esse público, até porque a Secretaria de Educação é parceira importante. As escolas estarão presentes na Funarte”, destaca.


O evento é realizado pela Secretaria Municipal de Cultura e Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte em parceria com o Instituto Periférico.


6º FLI BH


Abertura nesta quarta-feira (22/10), às 18h30. Até domingo (26/10), na Funarte-MG (Rua Januária, 68, Centro). Entrada franca. A programação completa pode ser conferida no Portal Belo Horizonte.

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