Peça de sucesso duradouro, “Minha vida em Marte” segue lotando teatros, oito anos após sua estreia. O monólogo escrito e estrelado por Mônica Martelli volta a Belo Horizonte para apresentações nesta sexta (26/9) e sábado, às 21h, e no domingo, às 19h, no Cine Theatro Brasil, com casa cheia nas três sessões.
Leia Mais
Em cena, a atriz, roteirista e apresentadora se inspira em suas próprias experiências para retratar, com humor e sensibilidade, os desafios que muitas mulheres enfrentam no relacionamento a dois.
Desde sua estreia, em 2017, “Minha vida em Marte” já passou por dezenas de cidades. O filme homônimo, lançado em 2018, atraiu mais de 5 milhões de espectadores e marcou a última atuação do humorista Paulo Gustavo, morto em 2021, vítima da COVID-19.
Mônica destaca que, mesmo depois de tanto tempo em cartaz, o monólogo não sofreu alterações. Ela diz que, depois do hiato forçado pela pandemia, foi rever o texto e se deu conta de que nada precisava ser alterado ou atualizado.
“É um tema atemporal, a crise no casamento, o medo da separação, a questão da libido nas relações, são coisas pelas quais todas nós, mulheres, passamos, então não tinha nada para mudar. Estão ali os dramas, as dificuldades, tudo retratado com muito humor. Acho que isso talvez seja uma das respostas que tenho para o sucesso da peça: a identificação”, diz. No palco, ela dá vida a Fernanda, personagem em crise no casamento, após oito anos de união.
Rotina sufocante
Mônica se separou do produtor Jerry Marques quando tinha 45 anos e voltou a se apaixonar com 50, pelo empresário Fernando Altério, com quem está namorando há seis anos e meio. Ela diz que o texto de “Minha vida em Marte”, em boa medida, espelha sua vida. “A rotina vai sufocando os momentos de apaixonamento, de namoro que o casal deveria ter. Os problemas, as questões psíquicas, os traumas, as inseguranças, as rejeições, os medos – tudo isso vai entrando na relação”, observa.
Ela diz que o amor não sobrevive sozinho, ele precisa de ação, de cuidados diários. “A gente entra na escola e aprende matemática, português, ciência, mas não aprende a amar. O autor alemão Erich Fromm fala isso no livro 'A arte de amar', que deveria ter essa matéria”, afirma. Mônica diz que o passar do tempo não demandou mudanças no texto de “Minha vida em Marte”, mas pondera que a postura e o pensamento das mulheres acerca de relacionamentos, sim, mudou ao longo dos últimos oito anos.
“Elas estão se questionando mais, indo atrás de se conhecer, de ter consciência de seus desejos, tentando ir ao encontro do que querem para o futuro”, diz. Contudo, ela observa que, na prática, em casa, esse movimento acontece de forma mais lenta. “É natural que seja assim; primeiro vem a reflexão, o entendimento, e aos poucos é que isso vai sendo aplicado. Do homem, é cobrado que seja poderoso; da mulher, que seja bonita, então perdemos metade do nosso tempo correndo atrás da beleza.”
Diálogo
Mônica afirma mudar o tempo todo. A artista diz que questiona tudo e que tenta dialogar dentro da relação, trocando os acordos sempre que necessário ou desejável. “Meu acordo com Fernando foi namorar. Eu tenho a minha casa, ele tem a dele e nos vemos nos fins de semana. Estamos juntos há seis anos e meio, então está dando certo. Quando minha filha sair de casa, os filhos dele saírem de casa, pode ser que a gente mude o acordo”, conta.
O sucesso de “Minha vida em Marte” segue se desdobrando. A atriz e sua irmã, Susana Garcia, que responde pela direção da peça e do filme, estão em fase de finalização do roteiro de uma continuação para os cinemas. O enredo de “Minha vida em Marte 2”, cujas filmagens devem ocorrer no ano que vem, gira em torno do luto pela perda do amigo da protagonista Fernanda – papel que no primeiro filme foi defendido por Paulo Gustavo.
“O primeiro era a história da separação da Fernanda e a história de amor entre esses dois amigos. Paulo dividia o protagonismo, estava comigo o tempo inteiro. Agora, na escrita do roteiro, estamos entendendo como a Fernanda vai tocar a vida sem esse amigo, que tipo de relação ela quer. Continua sendo uma personagem muito inspirada em mim. A ideia é falar do tipo de parceria que você deseja, uma parceria na qual se entra com uma expectativa diferente”, comenta.
“MINHA VIDA EM MARTE”
Solo de Mônica Martelli, nesta sexta (26/9) e sábado, às 21h, e no domingo, às 19h, no Cine Theatro Brasil (Av. Amazonas, 315, Centro). Ingressos para a plateia 2A a R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia), plateia 2B a R$ 170 (inteira) e R$ 85 (meia) e plateia 2C a R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia), à venda na bilheteria do teatro e no Eventim. Os ingressos para a plateia 1 estão esgotados.
