Como cinema, “Uma batalha após a outra”, que estreia nesta quinta-feira(25/9), é um acontecimento. Espera-se que se torne, também, um acontecimento nas bilheterias. Tem ingredientes para tal: elenco estelar, capitaneado por Leonardo DiCaprio e Sean Penn; um grande estúdio (Warner), e um mega orçamento (algo em torno de US$ 150 milhões).


Mais importante do que isso, no entanto, é o fato de o longa-metragem ser uma história extremamente bem construída e filmada, que nos cala fundo neste 2025 – estejamos nós no Brasil, nos Estados Unidos ou em outro lugar. A Califórnia é o cenário da trama dirigida e roteirizada por Paul Thomas Anderson, nome de muito prestígio na indústria (foi indicado a 11 Oscars), mas que não frequenta a lista dos campeões de bilheteria.


“Uma batalha após a outra” é caótico, divertido, estarrecedor e terno, em igual medida. As 2h40 de duração não assustam, pelo contrário, dão um prazer danado pela sala escura do cinema. Não dá para não pensar que o filme chega em um momento da história em que conflitos são diários – em pequena ou grande escala.


Operação na fronteira

Começa em altíssima voltagem. O grupo revolucionário French 75 está prestes a dar início a uma operação na fronteira do México com os EUA. A ideia é causar um tumulto para liberar imigrantes presos em um centro de detenção. Quem está no comando é Perfidia Beverly Hills (Teyana Taylor), uma força da natureza que coloca a revolução acima de qualquer coisa.


Logo somos apresentados a Bob Ferguson, codinome Ghetto Pat (DiCaprio). Um dos poucos brancos do grupo, é especialista em explosões. E também o companheiro de Perfidia. Enquanto o caos é instaurado, a líder chega ao chefe dos militares, o Coronel Steven J. Lockjaw (Sean Penn, impecável, sem cair na caricatura, mesmo diante do patético que é o personagem). Ela o humilha sem dó, inclusive sexualmente.


Lockjaw é racista até o último fio de seu (ridículo) corte reco de cabelo. A interação com Perfidia, integrante de uma combativa família de mulheres negras, o enoja, mas o fascina de tal maneira que ele vai se tornar obcecado por ela. Passa a persegui-la na resistência.


A história segue para um segundo ato. Dezesseis anos depois, Willa (Chase Infiniti), a filha de Perfidia e Bob, vive com a figura paterna. Ele ainda acredita piamente na revolução, mas os anos como pai solteiro, aliados ao álcool e à maconha, o levaram a uma espécie de torpor. É levado novamente para o combate quando Lockjaw inicia uma série de ataques contra antigos integrantes do French 75. Ele quer porque quer capturar pai e filha.


Fuga planejada

Uma antiga aliada de Perfidia, Deandra (Regina Hall), surge neste cenário. Outro personagem essencial é o sensei Sergio St. Carlos (Benicio Del Toro), que vai ajudar o atrapalhado Bob em sua fuga. “Tranquilo. Tranquilo. Estamos sitiados há centenas de anos", St. Carlos responde a Bob quando ele pede desculpas pelos caos que está causando. Secretamente, o sensei comanda uma rede para transportar imigrantes para um local seguro – ou seja, salvar um só é fichinha para quem já salvou tantos.


Paul Thomas Anderson sonhava em filmar essa história há pelo menos duas décadas. “Uma batalha após a outra” é inspirado (muito livremente) no romance “Vineland” (1990), do escritor Thomas Pynchon. A história original é ambientada na era Reagan e mostra como a rebelde sociedade americana da década de 1960 abraçou o conservadorismo nos anos 1980.


“Eu queria adaptar ‘Vineland’, mas nunca tive coragem”, afirmou Anderson uma década atrás. Tanto que ele adaptou, primeiramente, outro romance do escritor, “Vício inerente” (2014). Para levar a epopeia finalmente a cabo, o roteirista e escritor se desprendeu de muita coisa do romance, incluindo a época.


“Uma batalha após a outra” é uma história atemporal, ainda que rapidamente possamos relacioná-la com o tempo presente – e a imagem do muro na fronteira que aparece logo na sequência inicial é um lembrete disso.


Mesmo que o cineasta queira desvincular a história do momento atual – “Ela poderia ter sido contada 20 anos atrás”, afirmou Anderson ao “Los Angeles Times” – não há como não trazer essa trama rocambolesca para os nossos dias. Quanto mais diante da galeria de personagens – o asqueroso Lockjaw é fichinha perto de um grupo de grandes empresários, supremacistas brancos, que têm uma sociedade secreta que bebe no nazi-fascismo.


A despeito da temática que aborda, o filme não recai, em momento algum, no moralismo. Tampouco é raivoso ou cínico. Consegue, partindo da relação de um pai e sua filha (situação que o cineasta conhece bem, pois tem quatro filhos adolescentes com a atriz Maya Rudolph), trazer a dose certa de humanismo, que aproxima a trama do espectador. Mas sem deixar, nunca, de mostrar que a luta continua.

 

Confira onde assistir:


“UMA BATALHA APÓS A OUTRA”
(EUA, 2025, 161min.) – Direção: Paul Thomas Anderson. Com Leonardo DiCaprio, Sean Penn, Benicio Del Toro. O filme estreia nesta quinta-feira (25/9) nos cines

BH 4, às 13h10 (leg, sab e dom), 16h20 (dub), 20h (leg);

BH 8, às 14h10 (sab e dom), 17h30, 21h (leg);

Big, 14h45, 17h15, 20h, 20h20 (dub);

Boulevard 6 (Imax), às 14h10, 17h20, 20h30 (leg);

Cidade 4, às 14h10 (dub), 17h20 (leg), 20h30 (dub);

Contagem 2, às 14h10, 17h20, 20h30 (dub);

Del Rey 4, às 20h45 (leg);

Del Rey 6, às 14h30 (dub), 17h40 (leg), 20h50 (dub);

Diamond 1, às 18h, 21h20 (leg, exceto sab e dom) e 16h10, 19h40 (leg, somente sab e dom);

Diamond 2, às 18h30 (leg, exceto sab e dom) e 18h10 (leg, somente sab e dom);

Estação 2, às 14h45, 18h, 21h30 (dub);

Itaupower 4, às 14h20, 17h30, 20h40 (dub);

Minas Shopping 5, às 14h20, 17h30, 20h40 (dub);

Monte Carmo 4, às 14h15, 17h25, 20h35 (dub);

Monte Carmo 7, às 20h25 (leg);

Norte, às 14h45, 17h15, 20h, 20h20 (dub);

Pátio 1, às 13h10 (sab e dom), 16h15, 20h10 (leg);

Pátio 5, às 14h10 (sab e dom), 17h40, 21h05 (leg);

Ponteio Premier, às 14h20, 17h30, 20h40 (leg);

Ponteio 4, às 20h50 (leg);

UNA Belas Artes 1, às 15h40, 20h20 (leg);

Via Shopping 1, às 14h20, 17h30, 20h40 (dub)

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