ARTES VISUAIS

CCBB-BH recebe ‘Uma história da arte brasileira’

Mostra que reúne 50 obras selecionadas da produção artística nacional nos séculos 20 e 21, do modernismo à arte contemporânea, será aberta nesta quarta (24/9)

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O CCBB-BH inaugura nesta quarta-feira (24/9) a mostra “Uma história da arte brasileira”, com parte do acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM). O uso do artigo indefinido no título é proposital e sinaliza ao público que se trata de um recorte – ainda marcado pelo eixo Rio-São Paulo e pela predominância de artistas homens brancos – e não da totalidade da história da arte no país.


Com mais de 50 obras selecionadas de um acervo de 16 mil peças, a exposição inicia sua itinerância em Belo Horizonte e reúne nomes consagrados pela crítica e pela historiografia da arte, como Cândido Portinari, Adriana Varejão, Anita Malfatti, Lygia Clark e Di Cavalcanti. “A proposta é apresentar os clássicos, mas também promover uma avaliação crítica da própria narrativa construída pela história da arte”, afirma a curadora Raquel Barreto.


Originalmente concebida para a Cúpula do G20, realizada em novembro de 2024, a mostra tinha como objetivo apresentar a arte brasileira aos chefes de Estado das maiores economias do mundo. Agora, está organizada em cinco eixos que percorrem a produção artística nacional nos séculos 20 e 21, do modernismo à arte contemporânea.


Parte das obras vem da coleção de Gilberto Chateaubriand, filho de Assis Chateaubriand, o fundador dos Diários Associados. Desde 1993, o MAM mantém em comodato mais de 6 mil peças reunidas ao longo da vida pelo colecionador, que foi diplomata e grande entusiasta da arte brasileira.


Escultura

O percurso começa fora das galerias, com a escultura “O impossível”, da mineira de Campanha Maria Martins, instalada logo na entrada do museu. Organizado em décadas, o roteiro expositivo mostra como a prática artística interpretou o mundo em diferentes períodos. O modernismo abre a primeira sala, com obras de Portinari, Di Cavalcanti, Anita Malfatti e Guignard, que recebe o visitante com a tela “Parque Municipal”.


“Esse período representa uma consolidação do que se convencionou chamar de arte brasileira. Muitos desses artistas eram membros da elite e repetiam visões de fora para dentro. Hoje, avaliando criticamente, sabemos que há problemas nessa narrativa, que podem e devem ser problematizados”, afirma a curadora.


Nesse sentido, a exposição inclui o pintor e sambista Heitor dos Prazeres, historicamente classificado como artista ingênuo ou primitivo, mas que, segundo a curadoria, “é tão moderno quanto Di Cavalcanti”.


Projeto expositivo

O arquiteto Gero Tavares, responsável pelo projeto da mostra, também assinou a exposição anterior do mesmo espaço, dedicado às obras de Antonio Obá e Marcos Siqueira. “É o mesmo lugar, mas construímos outra experiência”, diz. Enquanto a mostra de Obá tinha ambientação mais escura, esta é mais solar, respeitando os limites de luz que as obras podem receber. Já as paredes azuis que decoram o ambiente foram uma escolha do Itamaraty para a apresentação no G20.


Se o modernismo buscava aproximar a pintura da realidade, a segunda sala segue no sentido oposto. A partir dos anos 1950, o abstracionismo e o concretismo inauguraram uma nova etapa na arte brasileira. Artistas se libertaram da figuração e do compromisso com o real, dialogando diretamente com movimentos internacionais. De um lado, os neoconcretos Lygia Pape, Ivan Serpa e Sérgio Oiticica; de outro, os abstracionistas Tomie Ohtake e Ione Saldanha. O clássico “Bicho”, de Lygia Clark, também integra esse núcleo.


Nos anos 1960, a produção artística passou a assumir um caráter mais político. Nessa sala estão Wanda Pimentel, Carlos Vergara, Anna Maria Maiolino e Cildo Meireles.


Chegando aos anos 1980, a mostra estabelece um contraste com “Fullgás”, outra exposição em cartaz no centro cultural que também revisita a década. Enquanto “Fullgás” mergulha na cultura pop, “Uma história da arte brasileira” privilegia a pintura.


“Se na década anterior a agenda política estava muito marcada, esses artistas trazem outras preocupações, uma ideia mais solar, ligada à liberdade”, diz a curadora Raquel Barreto. Ela destaca ainda que duas artistas presentes na sala, Adriana Varejão e Beatriz Milhazes, são, em sua opinião, hoje as mais importantes da arte brasileira.


A sala final rompe com a centralidade do Sudeste. A partir dos anos 2000, cresce a presença de artistas negros, indígenas e LGBTQIA+, não apenas como sujeitos representados, mas como protagonistas de suas narrativas.


A produção recente, mais diversa e experimental, está representada por nomes como Camila Soato, Jarbas Lopes e Thiago Martins de Melo. “É um percurso interessante para entender as mudanças e diferenças entre as décadas, os movimentos artísticos e a chegada à arte contemporânea”, resume a curadora.


“UMA HISTÓRIA DA ARTE BRASILEIRA”
A exposição será aberta nesta quarta-feira (24/9), no Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450, Funcionários). Visitação de quarta a segunda, das 10h às 22h, até 1º de dezembro. Entrada franca. Ingressos podem ser retirados na bilheteria e no site do CCBB.

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