Caçula de Baden, Marcel Powell celebra artistas negros em show
Violonista abre nesta terça (23/9) em BH o Jazz Brasil Festival, com repertório que inclui composições de Baden, Gil e Dominguinhos, Milton, Melodia e Caymmi
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Lançado em 2024, o álbum “Musicalidade negra” é a base do show que o violonista e compositor Marcel Powell faz hoje (23/9), no Clube de Jazz. A apresentação integra a programação do Jazz Brasil Festival. O caçula de Baden abre a noite, às 20h – no segundo set, às 21h30, a atração será o duo formado pela violonista Bia Nascimento e pela clarinetista Thamiris Cunha.
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No palco e em disco, Marcel celebra a obra e o legado de grandes autores negros da música, a começar pelo próprio Baden (a escolhida foi “Consolação”, da parceria com Vinicius de Moraes).
Djavan (“A ilha”), Dorival Caymmi (“Você não sabe amar”), Gilberto Gil e Dominguinhos (“Lamento sertanejo”), Luiz Melodia (“Estácio Holly Estácio”), Milton Nascimento (“Travessia”, com letra de Fernando Brant) e Johnny Alf (“Eu e a Brisa/Ilusão à toa”) foram alguns dos homenageados.
Marcel conta que ao longo dos anos se apresentou em vários eventos no Dia da Consciência Negra (20 de novembro). “Para estes shows, eu preparava um repertório pensando nesse cenário. Quando fui buscar músicas (para o projeto ‘Musicalidade negra’, realizado por meio do edital Funarte Retomada), percebi que sempre havia tocado Melodia, Gil, Caymmi. O disco é, na verdade, uma continuação do que vinha fazendo nos palcos.”
Para ele, tais compositores “constituíram a arquitetura estética da música brasileira”. Dentre tantos grandes, Marcel destaca Johnny Alf (1929-2010). “Foi ele que começou tudo isso e, em minha opinião, é pouco lembrado. Nos anos 1940, 1950, ele já fazia letra e música. Só depois que Tom Jobim, Vinicius de Moraes começaram a fazer assim também. E as músicas dele têm modernidade e refinamento harmônico.”
Referências
Para a gravação do álbum, Marcel contou com a presença de três convidados: as cantoras Fabiana Cozza e Nilze Carvalho e o acordeonista Mestrinho. O show em BH é de violão solo, mas ele vai cantar três ou quatro músicas – “Lamento sertanejo” uma delas. “Acho que a voz sempre aproxima (do público), meu pai fazia muito isso.”
Nascido em Paris – assim como seu irmão, Philippe, pois a partir da década de 1980 Baden viveu temporadas na França e na Alemanha – Marcel, de 43 anos, não teve o violão como primeiro instrumento. Começou ainda na infância a tocar violino. Ainda que a figura paterna seja a referência principal em sua trajetória, a música vem muito antes do lendário violonista dos afro-sambas.
“Na verdade, a música começa com meu bisavô, Vicente Tomás de Aquino, o primeiro maestro a formar uma orquestra com escravizados (o que ocorreu no Espírito Santo)”, conta Marcel. Depois dele, ainda vieram o avô violinista, seu pai, Baden, e seu primo João de Aquino, grande compositor e violonista que teve como parceiros Paulo César Pinheiro e Aldir Blanc. “São muitos os personagens que foram forjando a minha história musical”, finaliza Marcel.
JAZZ BRASIL FESTIVAL
Nesta terça-feira (23/9), no Clube de Jazz do Café com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 47 – Savassi). A casa abre às 19h. Às 20h, Marcel Powell, e às 21h30, Bia Nascimento e Thamiris Cunha. Ingressos: R$ 20. À venda no Sympla.