“Superman” estreia nos cinemas nesta quinta-feira (10/7) e inaugura com o pé direito o novo universo cinematográfico da DC Studios, mas não é um filme de origem do super-herói. Na trama, os meta-humanos estão na Terra há séculos, e Clark Kent (David Corenswet) se apresentou ao mundo como o Homem de Aço há três anos. Inclusive, o herói já enfrenta sua primeira derrota.

O diretor James Gunn, que esteve no Rio de Janeiro em junho passado, para divulgar o filme, afirma que seria um desperdício abordar mais uma vez a chegada do super-herói à Terra. “Quando comecei a ler quadrinhos de super-heróis, não lia uma HQ pensando: ‘Aqui está a história de origem do Superman’ ou ‘Aqui está a história de origem do Homem-Aranha’”, disse.

“Era um mundo de super-heróis. Um mundo de ciência tão incrivelmente complexo que parecia mágico, com robôs, cachorros voadores e tudo mais”, acrescenta.

Na fictícia Metrópolis, heróis como Mulher-Gavião (Isabela Merced), Senhor Incrível (Edi Gathegi) e Lanterna Verde (Nathan Fillion) sobrevoam a cidade. Os civis já nutrem um carinho por Superman, e os vilões, como Lex Luthor (Nicholas Hoult), estão equipados para destruí-lo.


Invasão


O herói sofre as consequências de ter impedido a Borávia de invadir Jarhanpur – duas nações fictícias que refletem conflitos atuais. Após o ato de paz, um meta-humano do país invasor ataca os EUA em busca de vingança. Como a Borávia é aliada do Estado americano, o Homem de Aço, que cresceu no Kansas, leva o próprio país para o centro da guerra.

Superman fica cercado pelo conflito geopolítico. Ele tem suas ações mal interpretadas e suas intenções questionadas em todo o mundo. Governos tentam capturá-lo e interrogá-lo. Até colegas do jornal “Planeta Diário”, incluindo a namorada Lois Lane (Rachel Brosnahan), criticam suas atitudes inconsequentes, enquanto Lex Luthor aproveita o momento de vulnerabilidade para derrotá-lo.

Nicholas Hoult faz dessa a melhor adaptação do vilão. Luthor é maligno, ganancioso e impiedoso. Ele comanda um exército com dezenas de pessoas treinadas para atacar Superman. Além disso, decorou todos os movimentos do super-herói, alterou geneticamente alguns de seus soldados e ajudou a promover a guerra. Bilionário e inteligente, Lex Luthor é poderoso à sua maneira.

Vilão e herói funcionam como lados opostos da mesma moeda. Ambos têm à sua disposição poderes maiores do que o de qualquer outro habitante da Terra, mas cada um segue um ideal.

A humanidade torna-se pauta central do embate. Luthor, que prende, mata e subjuga sem pudor, tenta minar os valores do Homem de Aço, que, para o vilão, deveria ser considerado “coisa”, não homem. O protagonista se deixa abalar pela dúvida e entra em conflito consigo mesmo.

É na presença dos pais adotivos que ele se recupera. Na vida simples da fazenda, como Clark Kent, o protagonista torna-se vulnerável – diante do público, de Lois Lane e de si – e reconhece o valor da humanidade para sua força e moral.


Alter ego


“O alter ego do Superman é um pouco diferente dos outros. A razão clássica é usar uma máscara de herói para proteger as pessoas que ama e a vida como humano. O Superman adota a persona do Clark Kent para experimentar como é realmente ser uma pessoa comum, por amor à humanidade”, afirma David Corenswet.

"“Krypto é o fator caótico que a gente não sabe de onde vem ou para onde vai. Gosto de histórias que não seguem a estrutura clássica de três atos e, aoadicionar um personagem como o Krypto, ele bagunça tudo”"
por James Gunn, diretor

“Superman” segue a fórmula dos melhores filmes do gênero. É colorido, emocionante, repleto de ação e, sobretudo, político. James Gunn faz trabalho semelhante ao da trilogia “Guardiões da galáxia” e, a partir da trajetória do herói alienígena, se posiciona sobre guerras e as ofensivas políticas anti-imigração promovidas por Donald Trump.

Tudo isso com uma boa dose de humor. O roteiro tem piadas ácidas e trocadilhos inteligentes. A maioria dos personagens é sarcástica e as excentricidades individuais divertem. Krypto, cachorro de Superman adaptado pela primeira vez para o cinema, é o principal elemento cômico.

Com o cão descontrolado em cena, a narrativa ganha dinamismo. “Krypto é o fator caótico que a gente não sabe de onde vem ou para onde vai. Gosto de histórias que não seguem a estrutura clássica de três atos e, ao adicionar um personagem como o Krypto, ele bagunça tudo”, comenta o diretor James Gunn.

Apesar da abundância de personagens secundários, múltiplos tons e elementos disruptivos na narrativa, David Corenswet ainda consegue se destacar. O ator se equilibra bem na versatilidade da trama e transita com naturalidade entre o desastrado Clark Kent e o herói, mesmo inseguro, que ainda é símbolo mundial de esperança.

Em seu primeiro grande papel no cinema, Corenswet honra o personagem e entra bem na galeria de atores eternizados como o Homem de Aço.


*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes

“SUPERMAN”
(EUA, 2025, 129 min.). Direção: James Gunn. Com David Corenswet, Nicholas Hoult e Rachel Brosnahan. Estreia nesta quinta-feira (10/7), em salas das redes Cineart, Cinemark, Cinépolis, Cinesercla e no Centro Cultural Unimed-BH Minas Tênis Clube.

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