Reflexão sobre a fama, "Insignificância" entra em cartaz em BH
Montagem com Amanda Acosta, Cássio Scapin, Marcos Veras e Norival Rizzo no elenco tem sessões neste sábado (8/3) e domingo, no Cine Theatro Brasil
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Siga noHá 10 anos, Cassio Scapin trabalhou pela primeira vez com o produtor Rodrigo Vellani, no espetáculo “Histeria” – texto do dramaturgo britânico Terry Johnson traduzido por Jô Soares, que dirigiu a montagem – que girava em torno de um encontro entre Freud e Salvador Dalí.
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O ator diz que se instaurou ali uma confraria que gerou outros frutos. O mais recente é a peça “Insignificância – Uma comédia relativa”, que tem duas apresentações neste sábado (8/3) e domingo em BH, no Cine Theatro Brasil.
Dirigida por Victor Garcia Peralta, a comédia traz no elenco, além de Scapin, Amanda Acosta, Marcos Veras e Norival Rizzo, e guarda vários pontos de contato com “Histeria”, que também passou pela capital mineira.
O texto é do mesmo autor, agora traduzido por Gregório Duvivier, e mais uma vez se estrutura em torno de um encontro a partir do qual emergem temas diversos, com foco na discussão acerca das consequências da fama.
Em “Insignificância”, os personagens em cena são Albert Einstein (Scapin), Marilyn Monroe (Amanda), Joe DiMaggio (Veras), renomado jogador de beisebol e marido de Marilyn, e o senador Joseph McCarthy (Rizzo), responsável por uma verdadeira caça às bruxas nos Estados Unidos, na década de 1950, com o objetivo de criminalizar o comunismo e seus adeptos.
O texto, escrito em 1983, tem uma trama ambientada na Nova York de 1953, em um hotel onde se dá o hipotético encontro.
“Na época em que Rodrigo pegou os direitos para fazer 'Histeria', o Terry Johnson comentou com ele que tinha um outro texto que achava até mais interessante”, diz Scapin, referindo-se a “Insignificância”. Ele conta que o produtor ficou com a obra guardada por quase 10 anos.
“Agora ele resolveu montar e me perguntou se eu topava participar do projeto. Abracei com carinho, porque o texto é excelente e a equipe é espetacular”, destaca.
Tradutor
Ele diz que foi dos primeiros a ler e sugeriu Duvivier para traduzir. “Gosto das crônicas dele e acho que é, atualmente, quem mais se aproxima de um grande tradutor que a gente tinha e não tem mais, Millôr Fernandes, porque ambos têm a inteligência e a sagacidade suficiente para, além de traduzir, entender o humor da história”, afirma. Esse humor, segundo Scapin, se coloca em diferentes níveis no espetáculo, que também tem, conforme diz, uma parte “absolutamente séria, quase metafísica”.
Existe a comédia direta, fácil, para entender de imediato, quase vaudeville, e também há um humor mais complexo, que se dirige a um espectador mais aparelhado, segundo o ator.
“Eu e Amanda trabalhamos numa composição quase farsesca dos personagens, mas o que eles falam vai muito além do que as caracterizações imprimem”, comenta. Ele diz que o autor fez questão de não nomear os personagens, que aparecem apenas como o professor, a atriz, o senador e o jogador.
Por meio dessas figuras, Johnson abarca o pensamento, a cultura, a política e o homem médio. Scapin ressalta que o fato de serem todos muito famosos é outro dado que dispensa os nomes de cada um.
“Essa questão da fama é complexa e hoje, mais do que nunca, a gente vive isso. Nunca houve tanto famoso que você não sabe quem é, simplesmente porque não pertence ao seu mundo. O espetáculo fala um pouco disso, da insignificância do que fazemos em relação ao cosmo.”
Ele considera que a fama pode ser muito boa e muito perniciosa, sobretudo para quem se agarra a ela. “Estamos destinados ao pó e ao esquecimento. Se você perguntar a um jovem ator quem foi Paulo Autran (1922-2007), provavelmente ele não saberá dizer. Muita gente já não sabe quem é Marília Pêra (1943-2015). A fama é efêmera, especialmente nesse mundo de absoluta dispersão de imagens. Andy Warhol falava que, no futuro, todos seriam famosos por 15 minutos. O futuro chegou e esse tempo é bem mais curto”, diz.
“INSIGNIFICÂNCIA – UMA COMÉDIA RELATIVA”
Texto: Terry Johnson. Tradução:Gregório Duvivier. Direção: Victor Garcia Peralta. Com Cassio Scapin, Amanda Acosta, Marcos Veras e Norival Rizzo. Neste sábado (8/3), às 21h, e domingo (9/3), às 19h, no Grande Teatro Unimed-BH do Cine Theatro Brasil (Av. Amazonas, 315, Centro – 31.3201-5211). Ingressos para a plateia 1 a R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia), plateia 2 a R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia) e plateia superior a R$ 39,60 (inteira) e R$ 19,80 (meia), à venda pelo site Eventim e na bilheteria do teatro.