
Na véspera de completar 92 anos, Costa-Gavras lança filme sobre a morte
Cineasta, que faz aniversário na quinta-feira (13/2), defende o debate público sobre o fim da vida. O longa "Le dernier souffle" estreia agora na França
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Siga no“Estou chegando a uma idade em que o fim da vida se aproxima”, declara o cineasta franco-grego Costa-Gavras, que conta estar se preparando para a morte fazendo a sua especialidade: um filme político, às vésperas de seu aniversário de 92 anos, que serão completados na próxima quinta-feira (13/2).
Adaptado de “Le dernier souffle” (“O último suspiro”, em tradução livre), obra de Régis Debray e de Claude Grange, o longa acompanha os debates filosóficos sobre a morte entre um médico especialista em cuidados paliativos (Kad Merad) e um escritor (Denis Podalydès). O filme estreia agora na França.
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"Gostaria que o final fosse bom. Sem dor, sem drama, sem agonia permanente”, disse Gavras à AFP no Festival Lumière em Lyon, na França, em outubro.
“Em nossa sociedade, nem todos os meios estão disponíveis para que as pessoas tenham um bom fim. A morte nos assusta terrivelmente desde que somos pequenos e não queremos falar sobre isso. Não, temos que falar sobre isso e nos preparar!”, defende o diretor. “É por isso que fiz este filme, para mim.”
Nascido em 13 de fevereiro de 1933 em Loutra-Iraias, no Peloponeso, Konstantinos Gavras teve que deixar a Grécia devido ao ativismo antimonarquista de seu pai. Ele chegou a Paris em 1955, aos 20 anos.
Thrillers políticos
O cineasta se consagrou a partir do final da década de 1960 com seus thrillers políticos, como “Z” (1969), em reação ao golpe dos coronéis em Atenas, e “A confissão”, baseado no testemunho de Artur London contra os expurgos comunistas na Tchecoslováquia.
Já “Desaparecido: Um grande mistério”, estrelado por Jack Lemmon, denuncia a barbaridade do golpe de Estado de 1973 no Chile.
“É sempre difícil fazer um filme político. Isso assusta os produtores e também os financiadores”, comenta o cineasta.
Costa-Gavras revela que deve sua liberdade criativa à mulher, Michèle Ray Gavras, “que organizou nossa vida de forma que eu pudesse fazer os filmes que queria fazer”. Também ajudou o sucesso de suas primeiras produções.
O veterano homem de cinema está convencido de que todos os filmes são políticos, “não só os meus”.
“Para mim, filmes são como uma conversa que você tem com amigos em torno de uma mesa: tomamos uma boa bebida, comemos bem e contamos histórias uns aos outros. Todos estão tentando contar uma história que os afeta profundamente”, compara.
Mais do que a técnica ou a estética, o cineasta insiste na importância dos atores. Durante muito tempo, filmou com seu grupo de amigos, sobretudo Yves Montand e Simone Signoret.
“Você sempre precisa estabelecer relação muito próxima com um ator para que ele se torne o personagem que queremos que ele seja. Não dirijo os atores, eu colaboro com eles”, conclui Costa-Gavras.