Ao longo de pouco mais de dois anos circulando com o show em que interpreta o repertório de Belchior (1946-2017), Ana Cañas já recebeu presenças ilustres tanto no palco quanto na plateia. No mês passado, teve a companhia de Ney Matogrosso nas faixas “Paralelas” e “Como nossos pais”, em São Paulo.

 




Em outra ocasião, surpreendeu-se com a emoção de Angela Margareth, primeira esposa do artista, assistindo à apresentação. “Isso foi algo que me marcou muito, ver a mulher que viveu com ele, que teve filhos com ele. Fiquei pensando se a música que eu estava cantando ele tinha escrito para ela… Foi uma coisa muito tocante na alma, um encontro entre arte e a vida real”, afirma.

 


Depois de passar quatro anos dedicada ao repertório do rapaz latino americano – os dois primeiros foram durante a pandemia – , Ana Cañas está se despedindo do show. A turnê volta a Belo Horizonte neste domingo (21/4), com apresentação única no Palácio das Artes. Antes da capital mineira, a artista passará por Ipatinga e Viçosa.

 


Segundo a cantora, a decisão de encerrar as apresentações veio “porque a vida tem que seguir”. Contudo, ela garante que as lições aprendidas com o cearense permanecerão com ela em novos projetos.


Novo ciclo

 

“Sou uma artista que não quer se acomodar. Acho que tem que vir outro ciclo. Quero retomar o projeto do autoral e seguir meus sonhos, tenho que retomar minha caminhada. Vou levar o Belchior nos meus shows pra sempre. Assim como ele me ensinou, o novo sempre vem. Então estou seguindo o que ele me aconselhou”, afirma.


Ana Canãs diz ter se surpreendido com o sucesso de sua performance, que nasceu como uma live e foi uma das mais elogiadas dos últimos anos, chegando a vencer o prêmio de “Show do Ano” pela Associação Paulista dos Críticos de Arte.

 

 


“Não imaginava que nada disso fosse acontecer. Foi um show que foi crescendo na estrada, foi no boca a boca, de coração a coração. Quando as coisas começam dessa forma, com essa corrente amorosa do afeto, acho que elas estão em um lugar diferente. Isso é uma coisa que acho bastante bonita do projeto.”

 


Em BH, “Ana Cañas canta Belchior” não contará com participações especiais. Ela comenta que até tentou convidar Samuel Rosa, mas as agendas não bateram. Para a cantora, a emoção está garantida só pela oportunidade de se apresentar em um dos grandes palcos da MPB. “É um daqueles teatros que dão taquicardia quando você entra pra cantar”, diz.

 

 


No repertório, além dos maiores sucessos de Belchior, como “Sujeito de sorte” e “Coração selvagem”, um dos pontos altos é a canção inédita “Um rolê no céu”, uma das obras do compositor censuradas pela ditadura, que foi cedida a Ana pelos filhos do cantor, Mikael e Camila, após a boa repercussão do projeto.

 


“Eles me mostraram algumas músicas, mas acabei escolhendo essa porque ela me parece uma mensagem do Belchior, talvez do plano espiritual, para nós, agora, em 2024. Na letra, ele aponta o caminho do amor, é como se fosse um chamado. Me parece mais uma canção visionária dele, que tem a capacidade de atravessar o espaço-tempo e fazer sentido muitos anos depois”, diz a artista.

 


“ANA CAÑAS CANTA BELCHIOR”
Show de encerramento da turnê, neste domingo (21/4), às 19h, no Grande Teatro Cemig do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537 – Centro). Ingressos à venda no site Eventim e na bilheteria local. Plateia I: R$ 130; Plateia II: R$ 110 e Plateia Superior: R$ 90 (inteira).

 

Outros shows

 

>>> Quinteto de Cordas Guará

 

O projeto Sesc Partituras completa 12 anos em 2024, com uma programação que se estende por todo o país com cerca de 60 concertos. Em BH, a retomada do trabalho que busca a preservação e a difusão do patrimônio musical brasileiro será marcada pela apresentação do Quinteto de Cordas Guará, nesta sexta (19/4), às 19h30, no Teatro de Bolso do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046 - Centro). O evento é gratuito, com distribuição de ingressos via Sympla ou 60 minutos antes do início do concerto na bilheteria do local.


>>> Festival da Quebrada

 

A partir desta sexta (19/4), o Festival da Quebrada promove shows, saraus, oficinas, espetáculos de dança, entre outras atividades nas regiões do Aglomerado da Serra, Conjunto Santa Maria e Ribeiro de Abreu. A abertura será na Praça do Cafezal (Rua Bela Vista, 30 - Aglomerado da Serra), das 19h às 22h, com o projeto "Sarau da favelinha" e o cantor Vini Joe.

 

Uma oficina de MCs e o espetáculo de dança “Brinco de ouro”, do grupo Favelinha Dance, fecham a noite. A programação segue neste domingo (21/4) e no próximo sábado (27/4), com artistas como Swing Safado, Djonga, Simplicidade do Samba, Sérgio Pererê e DJ WS da Igrejinha. Gratuito. Mais informações e programação completa: @festivaldaquebrada_bh.

 


>>> Festival do Rock

 

O Festival do Rock ocupa o Quintal do Chalé (Av Professor Mário Werneck, 530 - Estoril), a partir das 14h deste sábado (20/4), com apresentações das bandas Rocknights, M8, TomaRock, CASH, Mixtape, Big Ones e Maria República, além de sets do DJ Villela.

 

O festival terá ainda feira de vinil, sinuca, cervejas especiais, venda de camisetas exclusivas e espaço kids. Ingressos à venda pelo Sympla, a R$ 35 (entrada até às 17h) e R$ 50 (entrada sem horário). Para utilizar o espaço kids será cobrado o valor de R$ 50.


>>> Mariana Moreira

 

A cantora e compositora mineira Mariana Moreira lança seu disco de estreia neste domingo (21/4), no Teatro de Bolso Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60 - Santa Efigênia). Produzido por Enéias Xavier, “Ela saiu só para ver o céu” presta homenagem ao samba e ao forró, com seis faixas, sendo cinco autorais e uma releitura de Sérgio Pererê. Ingressos à venda no Sympla, a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

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