Destaque da cena instrumental brasileira, Bixiga 70 aposta na experimentação coletiva e no diálogo das músicas brasileira, africana e latina -  (crédito: José de Holanda/divulgação)

Destaque da cena instrumental brasileira, Bixiga 70 aposta na experimentação coletiva e no diálogo das músicas brasileira, africana e latina

crédito: José de Holanda/divulgação

O Bixiga é uma das regiões mais tradicionais da capital paulista. Formado originalmente por negros e italianos, o bairro ficou conhecido por sua forte influência sobre a cultura brasileira. Lá surgiram artistas como Adoniran Barbosa (1910-1982), símbolo de São Paulo. Em 2010, a banda Bixiga 70 veio renovar esta tradição com sua música instrumental.

 


Neste sábado (16/2) à noite, o grupo estará n'Autêntica, em Belo Horizonte, para apresentar as faixas do álbum “Vapor”, criado durante a pandemia e lançado em outubro de 2023.

 


“A pandemia teve impacto muito negativo, mas, por outro lado, reconfigurou a importância das coisas para a gente. Demonstrou o quanto é único e importante o trabalho na vida de cada um de nós. E o quanto é importante estarmos juntos. O ‘Vapor’ transmite isso”, afirma o trompetista Daniel Verano.

 

 

Novidades no palco

 

Bixiga 70 vai subir ao palco com nova formação. A novidade é a presença de Amanda Teles (percussão), Valentina Facury (percussão), Pedro Regada (teclado e sintetizador) e Simone Sou (bateria). Eles se juntaram a Daniel Verano (trompete), Douglas Antunes (trombone), Daniel Nogueira (sax-tenor), Cuca Ferreira (sax-barítono), Cris Scabello (guitarra) e Marcelo Dworecki (baixo), totalizando o impressionante número de 10 instrumentistas.

 


“Tocar juntos é um processo que está sempre em construção, mesmo no caso dos integrantes antigos. As músicas novas abrem novos espaços e sugerem novas possibilidades. A gente vai entendendo isso com o tempo, vai experimentando. É um desafio gostoso”, conta Verano.

 


Porém, o trompetista garante: isso não é fácil. Sobretudo diante da necessidade de alinhar o pensamento criativo de um grupo tão grande. “A gente está sempre aprendendo. É engraçado, porque, em compensação, dá a impressão de que nunca tá pronto”, explica, entre risadas.

 

 


“Vapor” é resultado da experimentação coletiva e da adesão a novas sonoridades, mesclando as músicas latina, africana e brasileira, principalmente ritmos nordestinos contemporâneos.

 


“Vapor” surgiu de forma natural, revela Daniel Verano. “Não ficamos predeterminando as coisas. As músicas foram acontecendo uma a uma, desenvolvidas a partir do que a própria canção apresentava.”

 

Outro respiro

 

As novidades não se restringem à formação da banda. Em alguns momentos, o novo disco “foge” para lugares pouco conhecidos pelo grupo, famoso pela agitação de seus shows (coisa que Daniel garante que não foi embora), ousando experimentar sequências mais melódicas.

 


“As sete músicas de ‘Vapor’ estarão presentes. Nosso repertório complementa as novas faixas, que trazem respiro diferente. Essas músicas são um pouco mais reflexivas, digamos assim, um pouco menos dançantes. Mas a gente não deixa o baile de lado. Quem quiser dançar pode vir preparado, pois vai sair com a camisa molhada”, promete o trompetista.

 


Belo Horizonte é uma das primeiras paradas da turnê no Brasil, depois de São Luís (MA) e São Paulo. No final de 2023, a banda fez 21 shows na Europa, em 30 dias. Este ano, Bixiga 70 planeja cruzar o país de norte a sul.

 


“Está sendo muito gostoso ver a resposta do público ao nosso show. ‘Vapor’ tem ressoado bem no palco. Foi lançado no dia 13 de outubro e já fizemos uma turnê longa com ele. Vamos para Salvador no meio do ano. Fomos a BH há oito meses, o melhor show que fizemos na cidade. A ansiedade é grande para este sábado”, revela o trompetista.

 

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

 

OUTROS SHOWS

 

>>> CRAZY LIXX

A banda de hard rock sueca Crazy Lixx se apresenta pela primeira vez em BH, neste sábado (16/3), às 17h, no Caverna Rock Pub (Rua Tupis, 1.448, Barro Preto). Outras atrações são Stevie Rachelle, vocalista da banda Tuff, e os grupos Sioux 66 e Chromeskull. As bandas Sixty Nine Crash, Shotgun e DevilDust abrem a noite. Ingressos custam R$ 220 (inteira) e R$ 110 (meia), à venda na plataforma Sympla.

 

>>> ALMIR SATER

Em Sete Lagoas, o cantor e violeiro Almir Sater sobe ao palco do Mercado San Pietro (Rua Pedra Grande, 2.543, Santo Antônio), neste sábado (16/3), às 20h. Acompanhado de sua banda, ele relembra canções dos discos “AR” (2015) e “+AR” (2018), vencedores do Grammy Latino, e sucessos de carreira. À venda no Blueticket, ingressos de pista custam R$ 170 (inteira) e R$ 85 (meia). Camarote a R$ 250 (inteira). Mesas esgotadas.


>>> DUO ÔNIX

Na próxima sexta (22/3), o Duo Ônix, formado por Emília Carneiro e Evan Megaro, apresenta o concerto “Compositoras de norte a sul”, às 19h30, na Idea Casa de Cultura (Rua Bernardo Guimarães, 1.200, Funcionários). O repertório destaca a força da música criada pelas mulheres, com peças de Yvonne Desportes e Elisa Rangel Hill. Ingressos custam R$ 65, à venda na plataforma Sympla.


>>> PAULINHO PEDRA AZUL

O cantor e compositor Paulinho Pedra Azul comemora 70 anos de vida e 40 de carreira em show especial de voz e violão marcado para 13 de abril, às 21h, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). O mineiro anuncia CD triplo com 70 faixas remasterizadas, um livro de poesia e CD de inéditas. Ingressos para a plateia 1 já acabaram. Inteiras custam R$ 80 (plateia 2) e R$ 50 (plateia 3), à venda na plataforma Sympla. Meia-entrada de acordo com a lei.