O tripé composto por música, artesanato e gastronomia é a base do 1º Encontro dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri - evento que se configura como um grande congraçamento em torno da cultura da região Nordeste de Minas, e que ocupa a Serraria Souza Pinto neste fim de semana, com vasta programação artística e entrada gratuita.

A iniciativa é do Instituto Sociocultural Valemais (antigo Instituto Sociocultural do Jequitinhonha), fundado em 2002, em Belo Horizonte, com o objetivo de preservar e difundir a cultura da região. Natural de Fronteira dos Vales, que fica justamente na divisa do Jequitinhonha e do Mucuri, o poeta, compositor e produtor cultural Gonzaga Medeiros, diretor-executivo do Instituto Valemais, traça o percurso que deságua neste 1º Encontro.



"Já havia, em 1980, um grande movimento cultural da região do Jequitinhonha, o Festivale, do qual participei de todas as 38 edições, desde a primeira, concorrendo, e depois como apresentador. Fiquei nessa atividade cultural a vida inteira e, quando me mudei para Belo Horizonte, em 1994, já tinha muita gente do Vale aqui, todo mundo muito saudoso da terra natal", conta.

Ele diz que a motivação para o 1º Encontro dos Vales foi o desejo de reconectar os moradores imigrados com as tradições de sua região de origem. "Pensamos nessa possibilidade de fazer um encontro aqui, convidar o povo de lá que está na capital e cidades vizinhas, para ter contato com a produção artística atual do Jequitinhonha e do Mucuri. É uma confraternização regada a música, teatro, poesia e comidas típicas", diz.

A programação prevê a apresentação de mais de 20 artistas, como Rubinho do Vale, Pereira da Viola, Titane, Hendrick Souza, Lucinho Cruz, Carlos Farias, Beatriz Faria, Saldanha Rolim, Wilson Dias, Sérgio Moreira, Ivan Vilela, Luciano Tanure e Bilora, entre outros.

Medeiros explica que, intencionalmente, os shows que o público vai acompanhar ao longo deste sábado (16/12) e domingo alternam nomes consagrados com outros que estão despontando. "Os mais famosos, aqueles que são considerados mestres, a gente não pode deixar de fora. E os mais jovens foram indicados pelas secretarias de cultura e lideranças locais. São artistas que ganharam festivais, que vêm despontando", diz.

Ele aponta como exemplo de um veterano Ivan Vilela, violeiro de prestígio internacional, estudioso do instrumento, professor da USP. "É um músico que já viajou o país inteiro e também pelo exterior e que vai fazer uma apresentação com espaço para convidados no 1º Encontro dos Vales."

Num outro pólo, dos iniciantes na carreira, cita Karyn Dias, cantora e violeira de 18 anos, natural de Almenara, que pela primeira vez sobe ao palco de um evento desse porte. "Ela é muito talentosa, se dedica à música de raiz, mas está ainda num círculo pequeno de exposição. Também tem gente de mais idade, com 40 anos de estrada, que nunca se apresentou em Belo Horizonte", comenta.

Mais de 90% dos músicos escalados nasceram em cidades que compõem os vales do Jequitinhonha e do Mucuri ou que, embora não sejam nativos, acabaram se fixando por lá. Muitos deles vivem hoje em Belo Horizonte ou em outras cidades, mas mantêm como base de seu trabalho a cultura e as tradições daquela região.

Rubinho do Vale é outro artista escalado para a maratona de shows deste sábado

Vilmar Oliveira / Divulgação

DINÂMICA DOS SHOWS

Medeiros diz que a dinâmica dos shows é simples: os músicos, que são cantores, violeiros ou violonistas e farão apresentações solo, vão ocupar, um após o outro, um único palco montado na Serraria Souza Pinto, equipado com uma estrutura de bateria e percussão que servirá a todos. Os shows dos artistas consagrados terão 40 minutos de duração, e os novos nomes vão dispor de 30 minutos.

"É emendado, um atrás do outro, com intervalos de 10 minutos. É um formato com o qual a gente já tem grande vivência e experiência. Isso se aplica até ao pessoal da técnica", diz o produtor, que também cumprirá a função de apresentador, ao lado de Tadeu Martins.

Além do tripé que sustenta o 1º Encontro dos Vales, outras atividades e atrações compõem a programação. O teatro marca presença com a companhia Ícaros do Vale, de Araçuaí. O público também poderá conferir, no domingo, o Grupo Banzo, primeiro coral quilombola de crianças e adolescentes do Vale do Jequitinhonha, sob coordenação do maestro Luciano Silveira.

Programação

Sábado (16/12)
• 9h30 - Abertura oficial do evento
• 10h20 - Show de Karyn Dias (Almenara)
• 11h - Show de Augusto Cordeiro (Belo Horizonte)
• 11h40 - Show de Enie Souza (Jequitinhonha)
• 12h20 - Show de Ana Macedo (Teófilo Otoni)
• 13h - Show de Kamila Gomes (Teófilo Otoni)
• 13h40 - Show de Kocada (Carbonita)
• 15h20 - Show de Luciano Tanure (Araçuaí)
• 16h - Show de Saldanha Rolim (Diamantina)
• 17h - Show de Rubinho do Vale (Rubim)
• 18h - Show de Titane (Oliveira)
• 19h - Show de Beatriz Farias (Machacalis)
• 20h - Show de Wilson Dias (Olhos D'Água)
• 21h - Show de Lucinho Cruz (Almenara)

Domingo (17/12)
• 9h10 - Show de Foka Sena (Almenara)
• 10h - Apresentação do Grupo Banzo (Virgem da Lapa)
• 10h40 - Show de Olga Lívia (Medina)
• 11h20 - Show de Ricardo de Oliveira (Teófilo Otoni)
• 12h - Show de Carlos Farias (Machacalis)
• 12h40 - Show de Hendrick Souza (Pedra Azul)
• 13h20 - Show de Ivan Vilela (Itajubá)
• 14h - Show de Sérgio Moreira (Teófilo Otoni)
• 15h30 - Apresentação teatral da companhia Ícaros do Vale (Araçuaí)
• 18h - Show de Bilora (Santa Helena de Minas)
• 19h - Show de Pereira da Viola (Comunidade Quilombola São Julião/ Teófilo Otoni)

1º ENCONTRO DOS VALES DO JEQUITINHONHA E DO MUCURI
Atrações de música e teatro, gastronomia e feira de artesanato, neste sábado (16/12), das 9h às 22h, e no domingo (17/12), das 9h às 20h, na Serraria Souza Pinto (Av. Assis Chateaubriand, 889, Centro). Entrada gratuita.

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