Publicada pela primeira vez em 1812 pelos Irmãos Grimm, a tradicional história de amor entre um príncipe encantado, que se transformou em sapo após despertar a fúria de uma bruxa malvada, e a jovem princesa, que o salva da maldição, marcou a infância de gerações.

A trama foi reproduzida milhões de vezes mundo afora, seja de maneira oral, em contações de histórias infantis, ou nos cinemas, como no sucesso “A princesa e o sapo” (2009), da Disney.

Em diferentes suportes, a história ganhou diferentes versões. Para discutir outros possíveis finais para o clássico, o escritor mineiro e ganhador do Prêmio Jabuti em 2010, José Rezende Jr., lança o livro infantojuvenil “O sapo que não queria ser príncipe (e a moça que não estava nem aí para príncipe encantado)”, neste sábado (16/12), às 11h, na Livraria Jenipapo.

 


“Quando eu era pequeno, minha mãe, Dona Adagmar, me contava histórias encantadas. Cresci e fiquei com essa questão do sapo na cabeça. Eu me perguntava: ‘e se ele não quisesse virar príncipe?’, depois: ‘e se a moça não quisesse saber de príncipe?’. Daí, resolvi escrever uma história que pensasse para além”, afirma o autor.

Uma história de conto de fadas, tradicionalmente, tem começo, meio e fim bem definidos. Na história de Rezende Jr., porém, o leitor se surpreende com continuações após os pontos finais. “Os contos de fadas têm a coisa do final feliz, do felizes para sempre. Eu me questiono: isso durou quanto tempo.? Acredito que todo final feliz é provisório”, afirma o mineiro.

O escritor ressalta a importância de ir além da história tradicional. “Penso no pós-final. Como foi a vida daquele casal depois? Eu queria que a história continuasse, ao mesmo tempo em que fazia uma brincadeira com o próprio fazer literário. As pessoas leem, principalmente as crianças, e falam: ‘Como assim já acabou?’, até virar a página e ver que a história continua. Tudo continua discutindo outras possibilidades. Às vezes, uma história termina mal, mas ela não é mal para sempre e também o bem não é para sempre. As coisas não são imutáveis.”

ILUSTRAÇÕES EM DESTAQUE

Outro destaque da obra são as ilustrações da paulistana Catarina Bessell. Com o passar das páginas, os desenhos tornam a leitura dinâmica e divertida, e prendem ainda mais a atenção do leitor.

“Sou perdidamente apaixonado pelas ilustrações. Falo que, mesmo se a pessoa não ler o texto e apenas folhear o livro, os desenhos vão contar uma história por si só. Conheci a Catarina pelos donos da Gato Leitor e, quando ela mandou a primeira versão, fiquei maravilhado”, afirma o escritor.

Bruxas, sapos, príncipes e princesas tomam forma em colagens e ganham novas características, como os objetos pessoais que acompanham os personagens, por meio da arte de Bessell.

“Os ilustradores não são simples intérpretes da história, eles reinventam e trazem novas ideias para a obra. A garota, por exemplo, é superdescolada e tem um skate, coisa que não aparece no texto e foi ideia da Catarina. Ela também lê um livro superpopular entre as mulheres, detalhe trazido por ela também. O livro tem uma pegada mais feminina e a ilustração consegue dimensionar bem esse desejo que queríamos transmitir”, explica o escritor mineiro.

Rezende Jr. afirma que histórias infantis nem sempre são só para crianças. “Esse livro foi pensado para todos. Talvez as crianças não alcancem todas as camadas que a leitura permite, mas muita coisa elas entendem e fazem a própria interpretação, que é sempre muito rica. Tem outras coisas que os adultos vão entender melhor e gargalhar. Eu me diverti muito escrevendo.”

“O SAPO QUE NÃO QUERIA SER PRÍNCIPE (E A MOÇA QUE NÃO ESTAVA NEM AÍ PARA PRÍNCIPE ENCANTADO)”
• De José Rezende Jr.
• Ilustração: Catarina Bessell
• Gato Leitor ( 58 págs.)
• Preço: R$ 59,90
• Lançamento neste sábado (16/12), das 11h às 14h, na Livraria Jenipapo (Rua Fernandes Tourinho, 241, Savassi).

 * Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

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