A cidade histórica mineira recebe a programação do festival, em diferentes espaços, até o próximo dia 26 -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A.PRESS)

A cidade histórica mineira recebe a programação do festival, em diferentes espaços, até o próximo dia 26

crédito: Leandro Couri/EM/D.A.PRESS

Concertos, exposições, espetáculos cênicos, sessões de cinema, bate-papos, residências artísticas e oficinas se encontram em diálogo na programação do Festival Artes Vertentes, cuja 12ª edição ocupa diversos espaços de Tiradentes, a partir desta quinta-feira (16/11).

 


Até o próximo dia 26, o público da cidade histórica mineira e visitantes poderão conferir apresentações de nomes como Fabio Zanon, Morena Nascimento, Kiko Dinucci, Cristian Budu e Eliane Coelho, entre outros.

 

A temática escolhida para esta edição – que guiou o trabalho da curadoria – foi “Paisagens imaginárias”, com a proposta de ampliar a reflexão sobre modelos reais de integração e diálogo entre as mais variadas vertentes artísticas – o que, desde a criação do festival, em 2012, está na base de seu conceito. Diretor artístico e curador do Artes Vertentes, Luiz Gustavo Carvalho diz que Minas Gerais nasceu de paisagens reais e imaginárias que marcaram sua história.

 

“Todo o processo de ocupação territorial parte desse deslumbramento que a natureza e o próprio solo mineiro exerceram sobre tanta gente, o que teve um custo altíssimo, porque vem daí a dizimação dos povos originários e um processo de exploração de recursos que não parou até hoje”, afirma.

 

Os grupos musicais da Ação Cultural Artes Vertentes – Musicalização Artes Vertentes, Pequenos Grandes Violinistas e Coro VivAvoz – dão início à programação, às 17h, no Centro Cultural Yves Alves. Em seguida, às 18h, no mesmo local, haverá a abertura da exposição “Anjos caídos”, com obras da fotógrafa, jornalista e escritora francesa Emilienne Malfatto, com foco na memória do povo Yazidi, minoria religiosa curda, estabelecida numa região localizada na fronteira entre o Iraque e a Síria.


Montagem teatral

 

Um destaque do primeiro dia do 12º Festival Artes Vertentes é a apresentação, às 19h, no Largo de Sant'Anna, do espetáculo de dança “Vós que pulsais”, livremente inspirado nos signos e elementos presentes no conto “O lobisomem de Minas”, do escritor suíço Blaise Cendrars. A montagem é resultado de um processo de criação fomentado pelo evento e realizado desde o ano passado por Morena Nascimento, Sofia Leandro e Bruno Santos, com música de Leonardo Martinelli.

 

“Morena Nascimento é um dos maiores nomes da dança contemporânea no Brasil. Ela, que passou a infância em Tiradentes, apresenta um espetáculo feito por encomenda do Festival Artes Vertentes. ‘Vós que pulsais’ mostra nosso papel no sentido de não apenas trazer espetáculos concebidos e em circulação, mas fomentar a produção artística”, diz o diretor artístico.

 

Ele ressalta tratar-se de uma aposta na inclusão da comunidade. “Quando Morena faz esse espetáculo, parte do elenco é formado por pessoas que passaram por uma residência artística que se estendeu ao longo de quase dois anos. Os adereços cênicos são feitos por mulheres da zona rural de Tiradentes, então passa também por essa ideia da transformação social por meio da arte”, diz.

 

Encerrando a programação de abertura, às 20h30, na Matriz Santo Antônio, será a vez do concerto “Você se lembra da noite?”, em tributo a Serguei Rachmaninov, inédito em Minas Gerais, com a soprano Eliane Coelho e com o próprio diretor artístico do festival, que é pianista.

 

Carvalho assente que, em boa medida por causa de sua formação, a música de câmara e erudita ocupa um lugar central na programação. Estão previstas apresentações do tipo para praticamente todos os dias do festival, com a presença de instrumentistas brasileiros e de outros países, como o russo Stepan Yakovitch (violino), o romeno Razvan Popovici (viola), o canadense Peter Pas (viola) e a argentina Soledad Yaya (harpa), entre outros.

 

O pianista observa que há um diálogo constante entre essa forma de expressão e as demais que compõem a programação. “Teremos uma sessão do filme ' O velho e o novo', de Serguei Einsenstein, por conta dos 125 anos de seu nascimento, com a trilha sonora feita ao vivo pelo duo O Grivo, que, por sua vez, participa de uma das exposições de artes visuais, com uma instalação sonora. Buscamos esses jogos, essas pontes entre diferentes linguagens”, aponta.

 

Ele cita outros diálogos que a programação procura estabelecer. Na noite de sábado (18/11), haverá um concerto de música contemporânea, abordando autores como John Cage e Sofia Gubaidulina, e, em seguida, um show de Roger Deff, um dos principais expoentes do hip hop em Minas Gerais. Também estão previstos um recital de Fabio Zanon (violão), brasileiro de destaque na cena internacional da música erudita, e um show de Kiko Dinucci, solo, ao violão, mostrando o repertório do álbum “Rastilho”, que une referências da MPB com elementos do punk.

 

“Temos esse intuito de desconstruir barreiras entre música popular e música erudita. Ouvir um reconto indígena demanda tanta erudição quanto escutar uma sonata de Beethoven. A gente tem essa crença, de que não existe uma expressão que seja mais 'erudita' do que outra”, ressalta Carvalho.

 

CONCERTO DE ENCERRAMENTO

 

Programado para o dia 26, o concerto “Antes das 12 badaladas”, às 20h, na Igreja São João Evangelista, encerra oficialmente a programação da 12ª edição do Festival Artes Vertentes. Com a execução de peças de compositores como Serguei Rachmaninov, Benjamin Britten, Robert Keeley e Serguei Prokofiev, a apresentação reunirá Alexandre Barros (oboé), Justus Grimm (violoncelo), Fabio Zanon (violão), Cristian Budu (piano) e Gustavo Carvalho (piano), além de leituras conduzidas pelos escritores Maria Valéria Rezende e Felipe Franco Munhoz.

 

12º FESTIVAL ARTES VERTENTES


A partir desta quinta-feira (16/11) até o próximo dia 26, em diversos espaços de Tiradentes. A programação completa pode ser conferida no site do festival. Ingressos on-line para apresentações pagas custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) e podem ser adquiridos aqui.