Em 2024, mais da metade dos oito bilhões de habitantes do planeta verão seus países passar por eleições nacionais. É um recorde que agitará a vida de mais de 80 países. , Bangladesh deu início a este massivo ciclo eleitoral reelegendo Sheikh Hasina como primeira-ministra do país. Com 170 milhões de habitantes, o país do Tigre de Bengala tem a oitava maior população do mundo. Atrás do Brasil, terra da onça pintada. felinos majestosos, em riscos de extinção.

Hasina chega ao quinto mandato à frente do poder Executivo de Bangladesh, país que figurou no noticiário recente por decretar a prisão de seu Nobel da Paz, Muhammad Yunus, por questões trabalhistas. Yunus ficou famoso pela concessão de microcrédito a pessoas de baixa renda através de um banco criado por ele. Empréstimo sem garantia para a população que vive na miséria o fez o primeiro banqueiro a usar, com sucesso, a teoria econômica a favor dos sem economia. O rico inusitado afirma que, embora não sejam os pobres que criam a pobreza, sua habilidade para sobreviver é que pode tirá-los da miséria.

Qualquer que seja a eleição a vista - a de Taiwan, já vencida por Lai Ching-te, contra a unificação com a China; do blogueiro indiano Narenda Modi; do assustado Parlamento Europeu; do trapezista Donald Trump; do excessivo número de prefeitos brasileiros – o ano de 2024 pode consagrar a ideia de que, em relação à natureza, a noção de sensibilidade da política parece com a certeza da ignorância. Todo político vai falar da natureza. Só que, ninguém fará o que é preciso. Porque os otimistas consideram a poluição um mal digno de ser gozado. E os pessimistas entregaram os pontos para o jogo bruto da economia.

Poluição e pobreza não foram criadas pela natureza. Todos os riscos por que passa o mundo foram criados pela má gestão da política e a forma como os governos agem, autorizam ou se omitem diante de ações nefastas. É a falta de lealdade à natureza que nos levou ao que estamos vivendo. Questões ambientais estão no topo dos problemas atuais. Descontrole total dos eventos climáticos, calor ou frio extremos, mudança crítica nos sistemas terrestres, perda de biodiversidade e colapso dos ecossistemas, escassez de recursos naturais, poluição geral. Sem engenho ou polimento a maior parte da riqueza criada sobre a terra não tem estilo, delicadeza ou cuidado com a natureza. A resposta é a fúria de uma natureza que perdeu a paciência com os habitantes da Terra.

Como os seres humanos deixaram de cumprir as leis da hospitalidade a natureza mudou seu conceito de liberdade e confiança. Daí então a civilidade da passagem do tempo, contemplar o céu, a poesia da chuva, das estações do ano, do frescor das manhãs e da beleza nostálgica das tardes foi perdendo a civilidade. A prosperidade das cidades e dos países pôs em perigo a vida de todos. E, diz a natureza, como o favor dos grandes é sempre incerto e não adianta persuadir governos para se unirem e salvarem os jardins que plantei desde a eternidade, temo que mais saqueiem minhas riquezas, até levar a Terra ao estertor.

Ninguém considerava que usar mal o tempo prejudicaria a Terra. E a maioria não se interessa ainda, até que assusta o efeito que a transformação no rosto da Terra revela. A operação de destruição do tempo nunca é óbvia ou evidente, especialmente quando todas as mudanças que vivemos são determinadas por forças e influências que não sabemos deter. Progresso técnico não é a felicidade. Mas só quando vamos a um lugar que não vemos há muito tempo é que somos capazes de nos espantar com a pele e o rosto da Terra que então reencontramos.

Talvez a humanidade não seja mais capaz de renovar a amizade pela natureza. No poder, o governante diz mais o que não pensa, valoriza a posse e se esquece do motivo da conquista. Só encoraja e prestigia quem o gratifica com lisonja. Detesta quem o instrua com lealdade. É inútil escrever contra a destruição da terra. O pensamento predador cresce confinado em vale protegido por pouca instrução e muita distração. Para ele, a natureza não é vista como lugar de desespero, é o melhor dos mundos para negócios.

Desde que o progresso se misturou aos temíveis barulhos de obras sem limite e a poluição se mesclou a divertimentos pessoais, a convicção sobre valores começou a ser a mais fraca das opiniões. Em pouco tempo a razão se escondeu atrás da alma, que insegura diante do interesse, se entregou a sua mais nova e forte percepção - descrer da boa gestão da terra. A arte de injuriar própria do progresso reforça a sensação de desolação de quem antevê o desenlace em desfavor da natureza.