No último clássico entre Atlético e Cruzeiro, na Arena MRV, a briga entre torcidas resultou em destruição das cadeiras e de outros setores do estádio -  (crédito: Redes Sociais/Reprodução)

No último clássico entre Atlético e Cruzeiro, na Arena MRV, a briga entre torcidas resultou em destruição das cadeiras e de outros setores do estádio

crédito: Redes Sociais/Reprodução

Atlético e Cruzeiro decidiram que o clássico do dia 3, na casa do time alvinegro, será disputado com a presença de torcida única. Os incidentes lamentáveis no primeiro clássico disputado ali, no Brasileirão passado, mostraram a incompetência das autoridades para conter a violência entre as facções. Vivemos numa sociedade doente, onde jogar a sujeira para debaixo do tapete é melhor do que encarar o problema e resolvê-lo.

Enquanto em São Paulo, a melhor presidente de clubes do país, Leila Pereira, luta justamente pelo contrário, para que os clássicos tenham torcidas divididas, em Minas Gerais, a FMF, Atlético e Cruzeiro dão prova da sua incompetência em gerir um clássico com as duas torcidas.

A solução seria bem simples, se houvesse vontade: proíbam a entrada de qualquer facção, abram espaço apenas para os torcedores do bem, aqueles que pagam ingressos e não fazem parte de nenhuma das facções, e deixem a bola rolar. Garanto que não teremos um incidente sequer.

Há muito o Estado está perdendo a guerra para os bandidos. Quando digo Estado, falo em país. O Brasil perde a guerra em todos os segmentos e no futebol não seria diferente. Entra ano, sai ano, e a guerra entre as facções é recorrente. Imagens que rodam o mundo, nos envergonham e mostram uma estatística cruel, com muitos mortos e feridos.

Como as facções mesmo cantam: “Viemos pra matar ou pra morrer, ninguém vai nos segurar, nem a PM”, num acinte às pessoas do bem e num desrespeito as instituições. O que aconteceu com os bandidos, travestidos de torcedores, que invadiram gramados na temporada passada, brigaram, depredaram carros de jogadores e patrimônios dos clubes? Absolutamente nada.

As autoridades enxugam gelo, quando dizem que proibiram facção A ou B de ir ao estádio, usando o uniforme. Isso é uma piada. Não há uma autoridade capaz de acabar com essas facções, de extingui-las definitivamente.

Bem faz a Leila Pereira. Ela cortou dinheiro do Carnaval de uma facção, cortou ônibus de excursão para acompanhar o time e outros privilégios que esses caras tinham. Foi ameaçada por eles. Não teve medo. Os encarou e os denunciou aos policiais. Vencedora que é e muito competente, Leila sabe quem são os verdadeiros torcedores do Palmeiras, os anônimos, que pagam ingresso sem pedir nada em troca.

Nas Minas Gerais, estamos aceitando imposições dessas facções. Quando os clubes concordam em clássico com uma torcida só, estão dando o recado à sociedade: “perdemos essa guerra. Somos incapazes de administrar 40 mil torcedores, 20 mil de cada time, num estádio. Somos incompetentes”.

E as autoridades que lavam as mãos são responsáveis também. Outro dia o presidente da torcida Raça Rubro Negra, do Flamengo, estava sendo procurado pela polícia. Se escondeu e não foi preso. Dias depois, lá estava ele na porta do CT Ninho do Urubu, comandando manifestações.

É essa impunidade que gera mortes e desmandos. Pelo fim das facções organizadas e pela volta das duas torcidas no clássico mineiro, somente com torcedores anônimos e do bem. Esse é o pedido da sociedade, que paga impostos e merece ter o mínimo de segurança num entretenimento.