Embora Minas seja estado pêndulo e com a segunda maior densidade eleitoral do país, o PT segue sem parlamentares ou prefeitas no exercício do mandato interessados em concorrer ao governo de Minas. Na ausência de quadros próprios dispostos a interromper os mandatos – como é o caso de Marília Campos e de Margarida Salomão, prefeitas de Contagem e de Juiz de Fora – ou de parlamentares que escolham os riscos da campanha majoritária em detrimento de uma reeleição segura para o parlamento, o PT segue, em Minas, insistindo em lideranças que resistem em concorrer.


A opção Alexandre Kalil (PDT), que apresenta o segundo melhor desempenho nas pesquisas de intenção de voto, chegou a ser cogitada, mas parece encontrar dificuldade em duas vias: nem o ex-prefeito deseja se vincular em coligação formal ao PT nem a maioria das tendências internas abraça a aposta colocada à mesa por Marília Campos.

Diante desse quadro, o presidente nacional do PT, Edinho Silva, retorna em círculo, ao ponto de partida: tem expectativa de que o senador Rodrigo Pacheco (PSD) ainda possa concorrer. Sem dúvida alguma, Pacheco é uma liderança diferenciada e seria, hoje, nome com potencial para operar em grande convergência com diferentes tendências e forças políticas de campo da esquerda à direita democrática.

Contudo, o presidente Lula vem tentando convencer o senador a abraçar essa empreitada há mais de um ano. De um lado, Lula lhe falava em disputar o governo de Minas; de outro, o senador respondia-lhe que preferiria ser indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF), que seria o coroamento de sua carreira jurídica. Nenhum dos dois jamais prometeu que acederia à expectativa do outro.

Ao mesmo tempo, o presidente Lula, que precisa de uma estrutura de campanha consistente em Minas Gerais, não fez movimentos para assegurar um leque de alianças partidárias que pudesse respaldar eventual candidatura de Rodrigo Pacheco. Lula foi incapaz, inclusive, de assegurar-lhe o próprio PSD, atual legenda do senador, mas que, na prática, já não lhe pertence.

Por articulação do presidente estadual do PSD, Cássio Soares, e do governo Zema, o vice-governador Mateus Simões, que está em campo concorrente, deixou o Novo e se instalou no PSD. Nada a estranhar se, neste momento, Rodrigo Pacheco siga declarando que poderá até vir a considerar uma candidatura, mas desde que tenha estrutura de alianças que possa expandir apoios do campo da esquerda para o centro e a direita. Hoje, Pacheco está sem legenda para concorrer.

Mantendo Pacheco como Plano A, e em situação de inércia, o PT mira outro Plano B, que talvez preferisse adotar o mesmo desenho da eleição de Fuad Noman (PSD) à Prefeitura de Belo Horizonte: uma candidatura independente ao centro, com o apoio do campo da esquerda não coligada. Aliás, essa foi a fórmula que também elegeu Alexandre Kalil em 2016 e o reelegeu em 2020, no primeiro turno.

O presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite (MDB) – que já foi convidado para ser vice de Mateus Simões e do senador Cleitinho –, entra na lista de desejos também do PT, não para vice, mas, como alternativa para puxar a chapa. Mas o que deseja Tadeu Leite? Ainda é uma incógnita e, enquanto segue indecifrável, Gabriel Azevedo (MDB), ex-presidente da Câmara Municipal, se lançou ao governo de Minas com o apoio da direção nacional do MDB e da direção estadual.

Outros nomes se apresentam de olho em eventual respaldo do campo lulista, sem se vincular a uma coligação formal. O ex-procurador-geral de Justiça Jarbas Soares é um deles. Pensamento semelhante tem Luís Eduardo Falcão, prefeito de Patos e presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM). Ambos sem partido, o que, nesta selva da política, tornou-se espécie em extinção.

Na roda que segue, a sucessão mineira tem hoje quatro nomes postos, com legendas – senador Cleitinho (Republicanos), Mateus Simões (PSD), Alexandre Kalil (PDT) e Gabriel Azevedo (MDB); dois sem partido – Jarbas Soares e Falcão; dois pássaros voando, desejados, mas sem pouso definido – Tadeu Leite e Rodrigo Pacheco. 

Bancada mineira

Com a posse na Academia Brasiliense de Letras (ABL) de Maria Elizabeth Rocha, presidente do Superior Tribunal de Justiça Militar, a bancada mineira tem agora sete imortais. Além da magistrada, são eles Danilo Gomes, Ronaldo Costa Couto, Heitor Martins, Napoleão Valadares, padre José Carlos Brandi Aleixo e Lucília Almeida Neves. Maria Elizabeth Rocha foi eleita para a vaga do acadêmico Francisco Ferreira de Castro, na Cadeira V, em 14 de novembro. Ela recebeu 30 votos – 15 presenciais e 15 por carta; o escritor Albery Mariano obteve três votos.

Topo da lista

Pela primeira vez na história das posses de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o governador e o vice-governador participam da solenidade com assento à mesa. Romeu Zema (PSD) e Mateus Simões (PSD) engrossaram o coro de autoridades que prestigiaram a posse de Alencar da Silveira. O presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), desembargador Luiz Carlos Corrêa Junior, e o presidente da Assembleia, Tadeu Leite (MDB), também marcaram presença.

Ingratidão

Mais de 50 deputados estaduais acompanharam a posse de Alencar da Silveira. Foram homenageados por ele em seu discurso, mas saíram irritados com o governador: em sua fala, nenhuma palavra de agradecimento pelo desgaste político que estão sofrendo pela privatização da Copasa, proposta que integra a sua plataforma de campanha.

Day after

O deputado estadual Caporezzo (PL) aposta que a candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República irá favorecer, em Minas, a ala do PL que ele chama de “autêntica”: “Jair Bolsonaro jamais fechou acordo nenhum para apoiar o atual governo de Minas Gerais. Tudo o que aconteceu é que uma ala mais pragmática da política do PL de Minas sonhava em compor com Mateus Simões, enquanto os parlamentares mais alinhados com os valores da direita nunca sequer participaram desses diálogos (e nem o fariam)”. Segundo Caporezzo, o projeto de Bolsonaro mira lançar duas candidaturas ao Senado em todos os estados, inclusive Minas. “Tenho certeza que Flávio Bolsonaro fará o seu melhor para alcançar esse objetivo”.

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No Propag

O Plenário da Assembleia Legislativa recebeu, nesta terça-feira, ofício do governador comunicando o pedido de adesão formal do estado ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) e o pedido de exclusão do Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Para isso, ofício do Executivo foi enviado à Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda no último dia 6 de novembro.

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