2026 já começou para Mateus Simões
Nas últimas semanas, a agenda de Simões tem sido ocupada por encontros com integrantes da base do PSD e lideranças municipais
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO
Para Mateus Simões, vice-governador de Minas e recém-filiado ao PSD, o ano de 2026 já começou. Ele conduz reuniões sucessivas com parlamentares e prefeitos, costura apoios partidários e antecipa arranjos que, na prática, visam entregar governabilidade pronta no dia em que assumir, movimento previsto entre março e abril, quando interlocutores de Romeu Zema (Novo) preveem que o governador deixará o cargo. Não se trata de improviso, mas de engenharia: Simões não vai esperar assumir o governo para negociar; está negociando para assumir.
Nas últimas semanas, a agenda dele tem sido ocupada por encontros com integrantes da base do PSD e lideranças municipais, numa lógica de transição técnico-política. Pessoas próximas confirmam que o esforço não é mera formalidade. O objetivo é azeitar a base antes da posse, evitando turbulência durante a passagem de comando. O vice trabalha com a expectativa de entregar já no primeiro dia um governo apoiado por seis partidos que o PSD costurou desde 2022 e que hoje operam como núcleo político do futuro arranjo de poder.
Esse quadro coloca na mesa os pontos sensíveis. Dois partidos permanecem na equação, ainda sem resposta definitiva: PL e Republicanos. A articulação com o PL, descrita por interlocutores como “bem encaminhada”, enfrenta agora as tensões internas da sigla, sobretudo diante da indefinição do nome para o Senado. O dilema envolve o deputado Domingos Sávio, presidente do partido no estado, e a disputa pela indicação da segunda vaga, que agora, orbita em torno de Nikolas Ferreira e hoje caminha para Marcelo Aro (PP). O nome, anteriormente, era de Caporezzo (PL). A crise na direção só não se tornou pública porque o PL decidiu priorizar pragmatismo: se Simões é o nome competitivo, a tendência é alinhamento.
Leia Mais
No Republicanos, a situação é menos fluida. Oficialmente, o partido mantém a candidatura de Cleitinho ao governo. Internamente, interlocutores admitem desconforto após as denúncias envolvendo o deputado federal Euclydes Pettersen, presidente estadual da legenda e aliado do senador. Recusar recuo é cálculo, não convicção. Assumir enfraquecimento agora significaria abrir crise sem ganho político.
Cleitinho continua candidato, mas interlocutores reconhecem que já não tem a mesma força que imaginava há um ano, sobretudo com a possibilidade concreta de o PL migrar para a base do PSD.
No Novo, a engenharia ocorre com menos ruído. O partido trabalha com a indicação de uma vice mulher para compor com Simões. O nome mais provável continua sendo Fernanda Altoé, cuja presença circula sem veto e sem atrito entre dirigentes. A leitura é administrativa, não eleitoral: continuidade no estado e estabilização de governo durante a transição. É nesse ponto que uma fonte próxima ao vice crava: “O vice dele será do Novo. O PSD não quer vice. O vice vem do Novo”.
O tabuleiro mineiro só se reorganiza com essa antecedência porque o futuro de Zema está nacionalizado. Dirigentes próximos afirmam que não há hipótese de candidatura dele ao Senado. O governador acumula articulações discretas junto ao bloco de dez governadores que defendem candidatura única de oposição em 2026, movimento que inclui nomes como Eduardo Leite, Caiado e Ratinho. Caso essa frente se concentre em torno de Tarcísio de Freitas, pessoas do círculo do governador admitem a possibilidade real de composição: Tarcísio como cabeça da chapa e Zema como vice. A leitura é simples: São Paulo entrega densidade. Minas entrega voto decisivo. E os perfis dos dois se complementam estrategicamente no mapa eleitoral, sobretudo diante da fragilidade da coalizão no Nordeste.
Vale lembrar que Jair Bolsonaro escolheu o filho, o senador Flávio Bolsonaro, como candidato da vertente bolsonarista para 2026. O que pode fortalecer a decisão de Zema de seguir com sua candidatura ao Planalto até o fim das eleições.
O desenho, portanto, é cumulativo. Simões monta governo antes da posse para evitar vazio. Zema prepara seu passo nacional com a convicção de que Minas precisa estar pacificada antes de sua saída. O PL se acomoda e se reorganiza enquanto observa a indisposição crescente da militância com nomes que orbitavam Bolsonaro. O Republicanos hesita, mas sem alternativa. O PSD absorve, no ato político de filiação de Simões. O Novo aceita vice e estabilidade. O bolsonarismo mineiro, após a prisão de Bolsonaro, encontra em Nikolas uma liderança expressiva, mas distanciada da disputa real pelo governo, que agora se articula fora do campo emocional e dentro do pragmático.
Em Minas, portanto, o chamado “vácuo de poder” nunca existiu. A transição é menos passagem de bastão e mais engenharia antecipada. A política mineira opera sem anúncio, mas com direção. Simões governa antes de governar. Zema sai antes de sair. E o tabuleiro de 2026 está montado antes de 2026 existir.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
Sem Lula
Em encontro com empresários ontem em Belo Horizonte, o vice-governador Mateus Simões (PSD) descartou qualquer possibilidade de apoio do PSD à eventual candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reeleição em 2026. Ele afirmou que o presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, assumiu “compromisso definitivo” de que o partido não estará com o petista. O PSD ocupa três pastas no governo federal – Minas e Energia, Agricultura e Pesca –, mas em Minas integra a base do governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia. Simões disse ainda que, com sua chegada, o PSD mineiro “é agora um partido de centro-direita”.
De volta
A ex-deputada federal Áurea Carolina anunciou ontem seu retorno ao Psol em Minas Gerais e o lançamento de sua pré-candidatura ao Senado. A decisão foi divulgada nas redes sociais, encerrando três anos fora da vida político-partidária. O lançamento oficial está marcado para a próxima quinta-feira (11/12).
AMM
A gestão dos prefeitos em Minas Gerais é mais bem avaliada do que as administrações estadual e federal, segundo pesquisa da Associação Mineira de Municípios (AMM). O levantamento, divulgado ontem pelo presidente da entidade, Luís Eduardo Falcão, durante café da manhã com jornalistas, mostra que 58% dos mineiros classificam os governos municipais como ótimos ou bons, contra 32% para o governo estadual e 32% para o federal. Apesar da boa avaliação, os prefeitos são os mais cobrados por serviços que não são de responsabilidade municipal, como segurança pública, saúde de média e alta complexidade e obras estruturantes. A pesquisa, realizada pela Opus, também aponta que o governo federal tem a maior rejeição, com 42% dos mineiros avaliando sua gestão como ruim ou péssima.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
