Meteoro fireball registrado no Rio Grande do Sul - (crédito: Observatório Heller & Jung/Divulgação)
crédito: Observatório Heller & Jung/Divulgação
Um meteoro do tipo “bola de fogo” foi registrado cruzando o céu do Rio Grande do Sul na madrugada desta quinta-feira (23/10). O clarão impressionante foi capturado pelas câmeras do Observatório Espacial Heller & Jung, em Taquara, que fica a cerca de 80 quilômetros de Porto Alegre, durante o pico da chuva de meteoros Orionídeas.
"Fireball" ou “bola de fogo" é um meteoro com brilho muito intenso ao entrar na atmosfera, o que os especialistas se referem como magnitude. Quanto mais baixo o número de magnitude, mais brilhante é o corpo celeste.
O “fireball” registrado teve magnitude de -4,2, um brilho considerável no céu noturno. Ele surgiu a uma altitude de 100 quilômetros e se extinguiu 52 quilômetros acima do solo, em um trajeto que durou apenas 0,57 segundos.
Este evento faz parte da chuva de meteoros Orionídeas, causada pelos detritos deixados pelo cometa Halley durante suas passagens pelo Sistema Solar. A cada 75 a 76 anos, o cometa completa sua órbita e deixa um rastro de poeira e rochas microscópicas.
Quando a Terra cruza essa trilha, os fragmentos entram na atmosfera e queimam rapidamente, produzindo os riscos luminosos conhecidos como “estrelas cadentes”.
Esse mesmo cometa também origina outra chuva famosa: as Eta Aquáridas, observada em maio. Ou seja, o Halley é responsável por dois espetáculos astronômicos por ano.
Mitos e verdades sobre meteoros
“O céu chove meteoros sem parar” - mito. A realidade é ver um cruzando o céu entre 3 e 6 minutos;
“Preciso de telescópio” - mito. Olhos nus são melhores para observar campos amplos;
“Uma chuva dura semanas inteiras” - verdade.
Hoje, a cratera está parcialmente erodida e coberta por vegetação do Cerrado, mas suas formas ainda são identificáveis em imagens de satélite.
NASA
Das 11 crateras desse tipo existentes na América do Sul — dessas, oito ficam no Brasil —, o Domo de Araguainha faz parte das cinco maiores.
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Apesar disso, o meteoro não teve magnitude suficiente para causar uma extinção em massa global, como o evento que levou ao fim dos dinossauros milhões de anos depois.
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Estudiosos ainda investigam as conexões entre o impacto e a liberação de grandes volumes de petróleo e gás natural armazenados em camadas sedimentares da Bacia do Paraná, o que poderia ter agravado o aquecimento global da época.
Panoramio/Geraldo C F Valadare
O impacto causou uma destruição significativa na região, afetando espécies de répteis e anfíbios da época.
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No centro do domo, há uma elevação de rochas mais antigas, vindas do embasamento cristalino, que foram empurradas para cima pela força do impacto.
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Foram encontrados minerais deformados, como o zircão, o que confirmou a origem da cratera.
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Pesquisas no local identificaram sinais claros de metamorfismo de choque — um fenômeno que transforma minerais sob extrema pressão e temperatura, exclusivo de impactos meteoríticos.
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No entanto, a comprovação científica só ocorreu alguns anos depois, com o trabalho do geólogo Álvaro Crósta, da Unicamp, que estuda o Domo desde 1978.
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Os primeiros indícios de que a estrutura havia sido formada por um impacto surgiram em 1973, com uma publicação dos pesquisadores da NASA Robert Dietz e Bevan French.
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Atualmente, o local é visitado por estudantes, cientistas e curiosos, e há iniciativas para transformar a região em um parque geológico oficial, visando à preservação e à promoção de seu valor científico e educativo.
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Hoje, o local é reconhecido como um dos 100 principais sítios geológicos do mundo pela International Union of Geological Sciences (IUGS), ligada à Unesco.
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O impacto se deu em uma região que, na época, era ocupada por um mar raso, provocando terremotos, tsunamis e a destruição da vida em um raio de até 500 km.
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A formação ocorreu há cerca de 254 milhões de anos, no início da era Mesozóica, quando um asteroide com cerca de 4 km de diâmetro colidiu com a Terra a uma velocidade estimada entre 14 e 16 km por segundo.
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Essa é uma região predominantemente rural, com economia baseada na agropecuária, especialmente na criação de gado e no cultivo de soja, milho e outras culturas de grãos.
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O Domo abrange os municípios de Araguainha (MT) e Ponte Branca (MT), estendendo-se até Alto Araguaia (MT) e Mineiros (GO).
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A cratera tem 40 km de diâmetro e uma área de aproximadamente 1,3 mil km² – maior que a cidade do Rio de Janeiro.
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Trata-se do Domo de Araguainha, localizado na divisa entre os estados de Mato Grosso e Goiás.
Pouca gente sabe, mas o Brasil é lar da maior cratera de impacto de meteoro já identificada na América do Sul.
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