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Estado de Minas MINISSÉRIE

''Passaporte para liberdade'' apresenta a heroína Aracy aos brasileiros

Sophie Charlotte interpreta a jovem que se arriscou para salvar os judeus da perseguição nazista, nos anos 1930, e se tornou a musa de Guimarães Rosa


19/12/2021 04:00

Sentados na grama, atores Rodrigo Lombardi, de terno e óculos, e Sophie Charlotte, de chapéu e vestido, se olham carinhosamente. Ao fundo há bandeiras nazistas
Guimarães Rosa (Rodrigo Lombardi) e Aracy (Sophie Charlotte) desafiaram Hitler e Getúlio Vargas (foto: Jayme Monjardim/divulgação)

Sophie Charlotte não teve dúvidas. “Cercou” Jayme Monjardim no set de “Tempo de amar”, novela exibida em 2017 pela Globo. Determinada, avisou: “Eu sou a Aracy. Eu nasci em Hamburgo”, antes de abraçar o diretor. “Quando ela olhou nos meus olhos, eu sabia que era ela”, contou Monjardim durante entrevista coletiva para anunciar a minissérie global “Passaporte para liberdade”, que estreia nesta segunda-feira (20/12), na faixa da meia-noite, logo depois de “The voice Brasil”.

A atriz, de 32 anos, realmente nasceu na cidade alemã. Mas não foi por isso que tanto batalhou para interpretar Aracy de Carvalho Guimarães Rosa (1908-2011). Afinal de contas, esta mulher, o amor da vida do autor de “Grande sertão: veredas”, deu ao mundo uma lição de coragem, ética e solidariedade. Arriscou a pele para salvar judeus das mãos dos nazistas. Por isso, ganhou o apelido de “Anjo de Hamburgo”.

Retrato de Aracy de Carvalho Guimarães Rosa na juventude
Aracy, o Anjo de Hamburgo (foto: Reprodução)

DESQUITADA

Moça à frente de seu tempo, desquitada, situação totalmente reprovável na época, a paranaense Aracy chegou a Hamburgo em 1934, acompanhada do filho de 5 anos. Fluente em alemão, francês e inglês, chefiava o setor de passaportes do consulado brasileiro. Graças a ela, o cônsul, que liberava vistos sem ler, permitiu o ingresso de judeus no Brasil, onde ficaram a salvo de Hitler.

Haja ousadia... O governo Getúlio Vargas orientava diplomatas a não conceder vistos de entrada no Brasil a pessoas de origem semita. A jovem Aracy ignorou a ordem. E também usou o carro com placa exclusiva dos diplomatas para levar judeus para longe das fronteiras alemãs. “Ela não apenas confrontou o governo alemão, como também o Itamaraty”, lembra Jayme Monjardim, diretor artístico da minissérie.

Bem antes de se tornar escritor, João Guimarães Rosa (1908-1967) chegou a Hamburgo para trabalhar como vice-cônsul. Tinha pouco mais de 30 anos. Passou a ajudar os perseguidos, especialmente quando assumiu a posição do cônsul, que, em janeiro de 1939, saiu de férias e voltou ao Brasil. Casado e pai de duas meninas, o mineiro se apaixonou por Aracy. Os dois só se separaram quando ele morreu, em 1967.

“A jornada da Aracy é muito poderosa. Vivê-la em cena me despertou para a importância de se ter coragem na vida, de agir pelo coração, seguir adiante sem temer, não deixar o medo tomar conta. Essa coragem virou um grande lema na minha jornada”, afirmou Sophie Charlotte. “A série é um convite à ação. A gente pode ter um discurso lindo e não fazer nada, ou ser absolutamente reservado e transformar a vida das pessoas – que foi o caso da Aracy.”

Monjardim ressalta a importância de apresentar o “Anjo de Hamburgo” aos brasileiros. “Em geral, o público se lembra dela como a esposa do grande escritor”, comenta. Criada e escrita por Mario Teixeira com colaboração da inglesa Rachel Anthon, a minissérie foi dirigida por Seani Soares.

Rodrigo Lombardi faz o papel do escritor mineiro. “O João Guimarães Rosa, quando conheceu essa guerreira, era só um cara”, observa. “Chega (depois, ao Brasil) e se torna um dos maiores autores de todos os tempos. É impossível acreditar que ele tenha escrito tudo o que escreveu sem se lembrar do que viveu na Segunda Guerra. É de uma riqueza tamanha essa história”, diz o ator.

O elenco conta com Tarcísio Filho, como o cônsul Souza Ribeiro (que assinou, sem saber, os vistos para judeus); Gabriela Petry, como Taibele Bashevis, judia dividida entre o sonho de ser cantora e a necessidade de estar perto da família; o alemão Peter Ketnath, que vive o capitão nazista Thomas Zumkle, apaixonado por Aracy; e Bruce Gomlevsky, no papel de Hugo Levy, judeu que recebe ajuda da jovem brasileira.

São 13 atores estrangeiros – entre eles, o britânico Thomas Sinclair Spencer, a israelense Sivan Mast, o italiano Jacopo Garfagnolli, a polonesa Izabela Gwizdak e o americano Brian Townes.

Primeira produção da Globo em parceria com a Sony Pictures Televison, a trama foi gravada em inglês e dublada em português. Devido à pandemia, sofreu várias interrupções. Iniciada em 2020, só foi concluída em maio deste ano.

LOUCURA

“Quando veio a COVID-19, só tínhamos filmado metade da minissérie. Foi uma loucura dar continuidade ao trabalho depois de mais de um ano, desafio grande e difícil, mas contamos com uma equipe incrível”, contou Monjardim, garantindo que a produção brasileira tem potencial para conquistar outros países.

“Passaporte para liberdade”, ressalta o diretor, “é um presente para a humanidade”, ao contar a história da mulher que não mediu esforços para salvar vidas.

 “Espero que as pessoas despertem para o olhar de empatia, para estender a mão, de abrir o coração para escutar e receber o outro”, afirma Sophie Charlotte. (Estadão Conteúdo e TV Globo)

“PASSAPORTE PARA LIBERDADE”
• Minissérie com oito episódios. Estreia na segunda-feira (20/12), na TV Globo, após “The voice Brasil”


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