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Estado de Minas PREJUÍZO

Comércio on-line tem prejuízo com o 'apagão' das redes sociais

Uma tarde sem conexão com o mundo digital significou perda de dinheiro para comerciantes; anunciantes das redes também foram impactados


04/10/2021 17:44 - atualizado 04/10/2021 19:55

Imagem ilustrativa. Computadores representam compra e venda on-line
Comércio on-line foi prejudicado pelo apagão das redes sociais nesta segunda-feira (4/10) (foto: Reprodução/ Pixabay)
A semana começou complicada no mundo digital. Logo no início da tarde desta segunda-feira (4/10), algumas das maiores redes sociais do mundo,  Facebook, Instagram e WhatsApp, apresentaram instabilidade de conexão e logo ficaram completamente fora do ar . Além da comunicação, o problema gerou perda de venda para lojistas que trabalham nessas plataformas.
 
Para Aloisio Correa, especialista em tecnologia da informação e diretor superintendente da Galgo Sistemas de Informações S.A., o impacto da falha nas redes sociais é incomensurável. 

Segundo ele, o problema gera impactos diferentes para cada uma das plataformas. "No Facebook e no Instagram, que são mais redes sociais, têm um impacto grande para quem é anunciante. Essas redes ganham muito dinheiro com a venda de anúncios. Imagina um anunciante que tem uma campanha publicitária e está fazendo o lançamento de um produto e se baseou nessas redes para isso? Para eles, isso é uma perda gigantesca".
 

O especialista acredita que essa falha pode acarretar inclusive problemas jurídicos. "Isso trás um problema gigantesco, na perspectiva da rede social, muito pelo lado do anunciante. O Facebook e o Instagram deixam de ganhar receita, mas eles não vão ficar mais pobres por causa disso. Já para uma empresa que está lançando um produto, uma moda, um sapato, um carro, isso é um prejuízo gigantesco".

Aloisio Correa sentado no escritório
Aloisio Correa diz que impacto da falha nas redes sociais 'é incomensurável' (foto: Arquivo pessoal)
De acordo com Correa, no WhatsApp os prejuízos atingem grandes e pequenos negócios.

"O Whatsapp, hoje, virou uma ferramenta de uso para todos nós, do nosso dia-a-dia. Além da comunicação entre os amigos e familiares, ele é uma ferramenta de negócios. Muitas empresas e serviços se baseiam nele para fazer suas vendas. Seja uma pequena quitanda, uma loja de comida, serviços".
 
Ele ressalta outro problema, a falta de um contrato de prestação de serviços entre o aplicativo e os usuários. "Diferente das redes (Facebook e Instagram) em que o anunciante tem um contrato, no WhatsApp somos todos nós, cidadãos-comuns, pequenos comerciantes que não temos contrato com o Facebook, WhatsApp e ficam no prejuízo mesmo".

Um dos comerciantes que viu o prejuízo de perto é Luis Fernando Soares, de 21 anos. Ele é dono da loja Joe Bordados e tem duas unidades no Centro de Belo Horizonte, mas afirma que 70% dos pedidos são através das redes sociais. 

Luis Fernando com os bonés e máquina de personalizar
Luis Fernando fez menos da metade dos orçamentos que realiza por dia (foto: Arquivo pessoal)
"Nossa loja tem a maior parte dos clientes que vêm do Instagram. Eles são direcionados de lá para o WhatsApp, mas como os dois são ligados, não veio nenhum". Segundo ele, hoje foram feitos menos da metade dos orçamentos que costumam realizar por dia.

"Vendemos bonés personalizados, são cerca de 20 orçamentos por dia e fechamos uns 10. Hoje só fizemos cinco orçamentos, mas quando deu 12h, o WhatsApp parou e não progredimos. Ou seja, não deu para vender nada", diz Luis.

'Apocalipse' digital

O nome assustador foi usado algumas vezes por usuários do Twitter, que narraram todo o acontecimento desta segunda. No início da tarde, usuários dos serviços em diferentes partes do mundo relataram a falha no Facebook, Instagram e WhatsApp. 

Depois do problemas com as três redes sociais, o aplicativo de mensagens Telegram também apresentou instabilidade, que foi relatada pelos usuários ao site Downdetector, que mostra informações em tempo real sobre o status de vários sites e serviços.

Como se essas quedas não fossem um caos suficiente para os internautas, alguns sites de  bancos, de reuniões e aulas on-line, o aplicativo Tik Tok e, até mesmo, o Twitter começaram a apresentar erros de conexão

Nos Estados Unidos, cinco redes de celulares estão fora do ar e segundo o Downdetector, as queixas começaram entre 12h e 12h30. Quatro horas após o início da queda, a operadora americana T-Mobile já acumula 16,2 mil queixas. 

Alternativas para o problema

Segundo o especialista, a alternativa dos comerciantes sem conexão seria buscar os concorrentes dessas plataformas. No caso do WhatsApp, seria o  Telegram, que também enfrentou problemas de instabilidade . Entretanto, Aloisio Correa acredita que isso se deve ao grande fluxo de pessoas que migraram para a ferramenta. 

"Provavelmente, ele também deve estar enfrentando dificuldade porque milhões de pessoas correm para a ferramenta. E, se você tem uma tecnologia dimensionada para uma certa demanda e ela explode, não há capacidade de atender. É o que está acontecendo com o Telegram nessa hora, ele não está conseguindo atender a tantos usuários", diz Correa.

"No caso do Instagram, por exemplo, que tem recursos de vídeos, a pessoa acaba correndo para o concorrente, como o Tik Tok. Mas tem o problema do anunciante. Ele está pagando para colocar o anúncio no stream do Instagram e ele não está funcionando", completa. 

Ele ressalta que a falha é um problema global. "É um problema sério, é global e não localizado. São bilhões de pessoas afetadas". E aponta ainda a falta de informações consistentes para os anunciantes e usuários. 

"Os comunicados não dizem nada. A medida de uma empresa de serviços como essa deveria ser oposta. Dizer que estão passando por dificuldades tecnológicas, se identificaram ou não o problema, estimativa de restabelecimento de tanto tempo".

 

Canais de vendas mais usados na pandemia 

O especialista lembra também que, com a pandemia, WhatsApp e Instagram passaram a ser mais usados como canais de vendas. 

"Você quer comprar um produto ou contratar um serviço e usa essas redes como canais de compras. A pandemia reforçou isso, com todo mundo em casa o mundo digital explodiu. Isso é um prejuízo de bilhões de dólares, que é até difícil estimar. Não tem nem métrica para estimar quanto se perde com os três (WhatsApp, Facebook e Instagram) fora do ar, por mais de cinco horas".

No Brasil, o comércio eletrônico bateu recorde de vendas no primeiro semestre de 2021 e atingiu R$ 53,4 bilhões em faturamento.  O resultado aponta um crescimento de 31% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo números da 44ª edição do Webshoppers, relatório elaborado pela Ebit Nielsen e realizado em parceria com o Bexs Banco. 

Diante do quadro de indefinição sobre a normalização das plataformas, Correa acredita que tanto o consumidor quanto o empresário vão buscar outras alternativas. 

"Eles vão para o Telegram ou passarão a anunciar dentro do Twitter ou do Tik Tok. O anunciante vai buscar alternativas porque parado ele não pode ficar. O consumidor também, ou vai voltar para a internet, procurar os serviços que está acostumado nos sites. Aí também é a oportunidade de quem está querendo entrar na concorrência, mostrar o seu valor".

Ele afirma, ainda, que a demora na solução ou se as causas para o problema não forem bem explicadas, pode haver uma resistência para a retomada. "Se as pessoas perceberem que essa desculpa está meio nebulosa, isso pode criar um movimento de migração para outras soluções", finaliza.

*Estagiárias sob supervisão do editor Álvaro Duarte


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