iPhone 4S decepciona o mercado

Se depender dos ânimos dos investidores e das piadinhas que caíram na rede depois do lançamento do iPhone 4S (que em inglês gera trocadilho impublicável), o novo diretor executivo da Apple, Tim Cook, parece ter começado sua vida de apresentações em grandes eventos com o pé esquerdo. O mercado esperava o iPhone 5, com avanços mais substanciais que os apresentados no evento na sede da empresa, em Cupertino, na Califórnia (EUA). Como resultado, as ações da companhia, negociadas na bolsa de valores Nasdaq, em Nova York, chegaram a despencar 5%. No fechamento, apresentavam perdas de 0,56%. O aparelho chega às prateleiras dos EUA já em 14 de outubro. Por aqui, ainda não há data confirmada, mas o Brasil pode estar na lista de 70 países que receberão o produto até o fim deste ano.

E bem que a companhia tentou. Não é porque Steve Jobs não dá mais as caras que a Apple pretende perder a pompa e circunstância em lançamentos. Mesmo quando os avanços que propõe não são exatamente grandes novidades, a marca da maçã mostrou ontem que quer continuar sendo balizadora de mercado – desde o lançamento do primeiro telefone da marca, em 2007, a indústria gira em torno do brinquedinho da Apple. O iPhone reinventou o modelo de negócios de smartphones com a App Store, loja de aplicativos que foi a primeira pista na tendência que a empresa confirmou ontem com o lançamento do iCloud, serviço para sincronizar dados, pela internet, entre iPads e iPhones. A companhia também anunciou cortes nos preços de iPods.

Nenhuma das novidades apresentadas, contudo, são inéditas no mercado. Os ditos “matadores de iPhone” já têm câmeras melhores, processadores potentes e sistemas de reconhecimento de voz – as principais vedetes do novo brinquedo. A nova versão do iPhone tem processador sete vezes mais rápido que o do telefone antecessor – é o mesmo do iPad 2. Também conta com a aguardada câmera com resolução de 8MP, estabilizador de imagens, reconhecimento facial e capacidade de gravar filmes em alta definição. Polêmica, a antena do iPhone 4 foi substituída por duas antenas e tomou boa parte do tempo na apresentação do aparelho. A bateria promete durabilidade de até 14 horas para conversas de voz e até 9 horas para navegação via Wi-Fi.

Grandes impactos no mercado brasileiro não devem ser sentidos até que o equipamento chegue efetivamente às nossas prateleiras, segundo Bruno Freitas, analista do International Data Corporation. “A exemplo do que houve com a chegada do iPhone 4, que forçou para baixo o preço do 3GS, o mesmo deve acontecer se o novo 4S chegar em dezembro”. Se confirmarem as especulações de que a Foxconn já estaria produzindo iPhones na fábrica de Jundiaí (SP), redefinição mais significativa nos preços poderia ser esperada, segundo o analista. Nos EUA, o iPhone custa entre US$199 e US$ 399, dependendo da capacidade de armazenamento. O iPhone 4 passa a custar US$ 99 e o iPhone 3Gs terá preço zero – a partir de contrato de dois anos com as operadoras daquele país.