
O conceito é, na verdade, derivado dos memes da biologia: são unidades mínimas para a memória, análogas ao gene, da genética. De acordo com o controverso Richard Dawkins, que criou o termo em 1976, o meme é uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro, ou entre locais onde essa informação é armazenada. É considerado uma unidade de evolução cultural que pode, de alguma forma, propagar-se.
A web seria uma dessas formas. Para a Desciclopédia, versão politicamente incorreta da Wikipedia, “meme é um daqueles trecos que viraram modinhas na internet. E as pessoas nem sabem por que usam isso”. E essa nem é a principal crítica que se faz sobre essa maneira de se comunicar. O jornalista americano Nicholas Carr pega pesado no livro The shallows (Os superficiais, em inglês, ainda sem edição prevista no Brasil). Para ele, a internet nos torna cada vez menos profundos, já que nossos hábitos digitais, memes inclusos, ampliariam a nossa capacidade multitarefa e inibiriam nossa concentração e habilidade de pensar profundamente em um tema.
“A internet nos deixa mais impacientes mesmo. É ilusório alguém dizer que usa a web só para se informar ou ver coisas realmente úteis. A gente precisa consumir bobagens para se desgarrar um pouco da coisa mais chata com a qual já lidamos, que é a própria vida”, assume o designer Fransuel Nascimento. O jovem de 22, de Curitiba, é o autor da Memepedia, projeto que pretende catalogar os memes e explicar a origem das expressões que caem no gosto da grande maioria de pessoas que usam a web e não têm paciência de ler o livro de Nicholas Carr – e, para o bem ou para o mal, nem estão preocupadas com isso.
