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Estado de Minas ENTREVISTA

Sette Câmara promete um Atlético mais que turbinado

Presidente do Atlético projeta títulos, nega risco com empréstimos, crava Mineirão e espeta Cruzeiro


postado em 23/06/2020 05:55 / atualizado em 23/06/2020 08:20

Sérgio Sette Câmara projeta títulos no Atlético, nega risco com empréstimos, crava Mineirão e espeta Cruzeiro(foto: Superesportes)
Sérgio Sette Câmara projeta títulos no Atlético, nega risco com empréstimos, crava Mineirão e espeta Cruzeiro (foto: Superesportes)
Quitar dívidas e sanear o clube ou investir num grande time para ganhar títulos? Em tempos de escassez de recursos em virtude da pandemia do coronavírus, o Atlético, do presidente Sérgio Sette Câmara, quer provar que poderá ter êxito nas duas coisas. Além da contratação do badalado técnico Jorge Sampaoli e do diretor de futebol Alexandre Mattos, confirmou as vindas do zagueiro Bueno, dos volantes Alan Franco e Leo Sena e dos atacantes Marrony e Keno, com a ajuda do Banco BMG e da MRV Engenharia.

Por outro lado, o Galo vem contando com a ajuda da empresa Ernst & Young para reestruturar a saúde financeira e cortar gastos. “Estamos trocando uma dívida ruim por uma dívida boa”, ressalta Sette Câmara, em entrevista exclusiva ao Superesportes e ao Estado de Minas. Ele garante que o Atlético não terá problemas com dívidas, fala da relação com Sampaoli e Mattos e da gradual migração do Independência para o Mineirão.

Dívidas aos sucessores



Vamos colocar o Atlético sem dívida nenhuma. A Ernst & Young vem nos ajudando a reestruturar o clube financeiramente. Se você fizer esse tipo de análise, ninguém contrata jogador visando ganhar dinheiro. Aí, você tem elenco e corre risco de cair. Um clube que é rebaixado ganha muito pouco e é um problema. O Atlético não sofreu quando caiu, porque recebia a mesma cota do ano anterior. Temos de pensar sobre vários pontos. Temos de achar jogadores que o treinador pede e eles têm de performar para trazer retorno financeiro. Não vou dizer que vai dar tudo certo, mas não há uma linha de raciocínio melhor que essa.

Risco de endividamento



Não, o Atlético não vai ‘cruzeirar’. Até porque, quando eu fiz essa menção, eu quis dizer o seguinte: o que aconteceu lá, foi um crime. Fazer investimento irresponsável é diferente do que estamos fazendo. O Atlético tem hoje quatro empresas de alto gabarito nos auditando e dando consultoria: a Ernst & Young, a ICTS, a Falconi, a Kroll. Jamais entrariam num clube para poder auxiliar na gestão se esse clube não fosse sério, não tivesse transparência, não estivesse fazendo movimentos corretos, ajustes internos. O Atlético não tem nada a esconder. Esses investimentos estão sendo feitos com aportes dos nossos parceiros, no caso, o Rubens Menin. O Ricardo (Guimarães) também nos ajuda bastante, o Rafael Menin. Esses valores são entregues ao Atlético sem juros e sem correção monetária. Só vamos conseguir sair dessa situação financeira ruim em que estamos se encontrarmos soluções criativas. O que estamos fazendo é trocando dívida ruim por dívida boa.


Salários altos



A cultura do futebol é assim, mas agora está mudando muito. Você vê um determinado profissional, por exemplo, um fisioterapeuta, que tem salário médio de R$ 15 mil em uma clínica boa. No futebol, dobra, triplica. A mesma coisa acontece com garçom, faxineira. Acontecia. Não é só no Atlético, é geral. E já estava nesse patamar quando cheguei. Poderia ter sido mais rápido? Sim. Mas o certo é que fizemos. Talvez esse seja o grande legado desses dois anos e meio de Atlético, de ter identificado e tido coragem para tomar essas atitudes. Elas são impopulares, demitir é sempre muito ruim. Posso garantir que não houve caça às bruxas, foi tudo feito com muito critério.

Independência e Mineirão



É uma pergunta difícil. Pode responder que sim ou que não pelo viés do sócio-torcedor. Se for olhar por isso, foi ruim, diminuiu o número de sócios. Mas, por outro lado, o Atlético teve sucesso desportivamente lá. O clube chegou à final da Libertadores. Poderia não acontecer se tivéssemos jogado todas no Mineirão. Mas acho isso lenda. O Atlético que conheço de menino, jovem e fase adulta, é aquele do Mineirão, onde foi vencedor. Ganhou o título da Libertadores e da Copa do Brasil no Mineirão, embora com campanhas construídas no Independência. Acredito que do ponto de vista do sócio-torcedor, comprometeu muito. Por isso mesmo decidimos voltar para o Mineirão para resgatar o nosso programa. Chegamos à conclusão de que agora é muito melhor jogar no Mineirão, porque temos de preparar a mudança de casa, temos de acostumar o nosso torcedor a frequentar o estádio de novo. O Independência nesse aspecto tolheu. O Mineirão vai ter um papel muito interessante na transição para a Arena MRV.


Sampaoli e Alexandre Mattos



Eu, realmente, tenho personalidade forte, mas procuro encontrar caminhos para poder gerir todo o nosso estafe de forma tranquila, moderando algum tipo de insatisfação. Sampaoli é de poucas palavras, não é de render muita conversa. E eu me enquadro nessa linha. O Alexandre tem mais contato com ele, muito experiente. O Sampaoli ficou muito satisfeito de saber que trabalharia com ele. Isso também ajudou. É questão de saber conversar e saber levar. É claro que, se houver problemas de relacionamento, o tom pode subir. Sou presidente e não vou aceitar que nenhum funcionário saia falando da gente. Estamos trabalhando duro para cumprir o que foi combinado com ele. Acredito que ele está entendendo. Só me deu sinais positivos, até mesmo na questão da redução salarial. Ele aceitou na época e até fez um comunicado via redes sociais entendendo as dificuldades. Tem sido muito bom. Gosto de trabalhar com pessoas que cumprem a missão que demos a elas.

Dependência da MRV e do BMG



Não há interferência e, sim, coparticipação. Você, quando tem parceiros como Rubens e Rafael (Menin) e o Ricardo (Guimarães), é importante, porque eles não vêm somente para ajudar na questão financeira sem juros ou correção. Eles trazem a competência deles, pois são empresários bem-sucedidos e têm muito a ajudar o clube. Não é uma dependência perene e, sim, transitória, que nos possibilita consertar a situação financeira do clube. A ideia não é que fiquemos a vida toda dependendo deles. Temos de construir um Atlético diferente, sem dívidas, e que caminhe com as próprias pernas.


MP do Bolsonaro



A medida provisória pegou a maioria dos clubes de surpresa. Foi um trabalho feito praticamente pelo Flamengo, que foi lá fazer valer seus interesses. Tem uma repercussão muito maior para clubes grandes, como o Flamengo e o Atlético, mas prejudica muito os pequenos. Como integrante do Conselho Nacional dos Clubes, minha representação não é defender os interesses do Atlético e, sim, dos clubes. Os contratos (com a Globo) estão em vigor até 2023 e acredito que nada vai mudar. A chance de essa MP não vingar no Congresso por questão política é grande.

Rivalidade com o Cruzeiro



O Atlético tem no Cruzeiro, e vice-versa, o seu maior rival. É uma rivalidade regional, assim entre Inter e Grêmio, Bahia e Vitória, Flamengo e Vasco... Vai ser sempre maior que qualquer outra. Mas existem rivalidades nacionais que ficaram marcadas, não da forma que o Sérgio Rodrigues colocou que o rival do Cruzeiro era o São Paulo. Isso é bobagem. O Atlético é um clube gigante. Já ganhou Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil, até em cima deles. Ele fez um papel de quem chega agora, está entusiasmado... Vamos ver quando a bola rolar se a coisa continua como está. É complicado. Sérgio é um preparado e inteligente, mas nesse aspecto tem uma estrada para caminhar. Nem digo que sou mais competente. O Cruzeiro está em boas mãos. Mas não é legal esse tipo de declaração para nosso futebol. Nossa rivalidade é uma das maiores do Brasil. O Cruzeiro tem sua história de clássicos nacionais, assim como nós temos. Isso permanece vivo. No Rio, hoje há uma distância cada dia maior entre o Flamengo e os três clubes, Botafogo, Vasco e Fluminense. E este distanciamento tende a aumentar. E pode acontecer no Brasil o que existe na Espanha, Portugal, Alemanha. E, nacionalmente, termos quatro, cinco clubes, e essa rivalidade regional acaba ficando em segundo plano. É natural que o Atlético, organizando a casa, e se vierem vitórias e títulos, tende a fazer que o clube fique mais preparado. Se eles não conseguirem resolver os problemas, que são muitos, pode haver um distanciamento entre nós e eles.

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