Mais do que a taça erguida pelo capitão Daniel Alves, eleito o melhor jogador da Copa América, o título continental traz fôlego e alívio para a Seleção Brasileira que, a partir de março do ano que vem, começa a disputa por uma vaga na Copa do Mundo do Catar. O Brasil é a única seleção da história a participar de todos os Mundiais e terá pela frente uma Eliminatória que promete ser equilibrada: além de rivais fortes como Argentina, Uruguai e Colômbia, a geração chilena tentará a última cartada depois de ficar fora da Copa’2018; empolgado, o Peru tentará a segunda Copa seguida e até antigos sacos de pancadas, como a Venezuela, vislumbram uma das quatro vagas direitas e uma quinta na repescagem.
Com o título conquistado ontem, no Maracanã, o Brasil espera repetir o caminho trilhado há três décadas. Na ocasião, o troféu continental conquistado em casa alavancou a geração de Romário e Bebeto que, cinco anos depois, garantiram o tetracampeonato com outros remanescentes como Dunga, Aldair, Jorginho, Mazinho e Branco.
A Copa América foi o primeiro torneio oficial da Seleção depois da eliminação para a Bélgica nas quartas de final da Copa da Rússia’2018. Entre os remanescentes do time titular, Alisson e Thiago Silva foram seguros; Casemiro, embora tenha ficado fora das quartas por suspensão, também teve campanha regular. Gabriel Jesus quebrou o jejum de 10 jogos oficiais sem marcar e desencantou na semifinal e na decisão, quando marcou dois gols e deu duas assistências.
Entre os mais experientes, o grande destaque foi Daniel Alves, que ficou fora da Copa por lesão. Aos 36 anos, o lateral-direito mostrou que será o líder em campo na transição proposta por Tite, mesclando jogadores experientes – como Filipe Luís, Thiago Silva e Miranda – e jovens promissores, como Everton e Richarlison.
“A gente estava determinado que um jogo a gente ia fazer aqui (Maracanã). Passo a passo, conscientes, acreditando no nosso trabalho. Tínhamos apanhado muito e estava doendo e a gente sabia que precisava dar uma resposta positiva. O passo foi dado”, afirmou Daniel Alves, que descartou ser o protagonista do time. “Parabéns à nossa comissão, que são dignos e merecedores. Parabéns para os jogadores, que lutaram, ralaram. O capitão do nosso barco é o Tite, não sou eu. Eu só represento todos os jogadores”, afirmou.
O título da Copa América também avaliza o trabalho dos jogadores que chegaram para o segundo ciclo da era Tite. Arthur, apesar de discreto em alguns jogos, mostrou ser o jogador de qualidade que o Brasil precisa para fazer a transição da defesa para o ataque, com passes de qualidade. No ataque, Richarlison se recuperou da caxumba e balançou as redes pela sexta vez com a camisa da Seleção Brasileira. Foi dele o gol de pênalti que deu números finais à vitória sobre o Peru, por 3 a 0.
NEYMARDEPENDÊNCIA O título também mostrou uma dependência menor do time verde-amarelo de sua principal estrela. Neymar sofreu uma grave lesão no tornozelo direito antes da competição. Desde que o jogador do PSG assumiu o protagonismo da Seleção, o Brasil naufragou em três competições que ele esteve ausente: a Copa do Mundo’2014 e nas duas últimas Copas Américas. Tite começou a competição com David Neres na vaga de Neymar mas, depois, viu despontar a estrela de Everton.
O grande nome desta Copa América foi, certamente, o atacante do Grêmio. Ele começou a competição na reserva de David Neres, marcou contra a Bolívia saindo do banco e, desde a terceira rodada, não saiu mais do time titular. Contra a Argentina, no Mineirão, saiu no intervalo, mas ontem recuperou a confiança e o bom futebol ao marcar o gol que abriu o triunfo do Brasil. “Botei na cabeça que teria que me entregar, dar sangue, suar, correr para meus companheiros. Fui feliz com gol e sofri pênalti no final. Estou feliz de fazer três gols na competição”, disse o atacante do Grêmio, artilheiro da Copa América ao lado do peruano Paolo Guerrero.
Bolsonaro entre vaias e aplausos
Depois de assistir à final da Copa América, no Maracanã, na companhia do ministro da Justiça, Sérgio Moro; do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez; do presidente da CBF, Rogério Caboclo, o presidente Jair Bolsonaro foi ao gramado e, com a taça nas mãos, comemorou o título com os jogadores, sob vaias e aplausos