Os primeiros 10 minutos do jogo de ontem, contra o Defensor, deram a impressão de que o Atlético sairia do Independência com um grande resultado pela Copa Libertadores. Mas, depois de início fulminante, com direito a bola na trave de Cazares, o alvinegro caiu drasticamente de ritmo e frustrou os torcedores com um morno empate sem gols. Ainda assim, atingiu o objetivo inicial traçado por comissão técnica e diretoria e chegou à fase de grupos da competição internacional.
O Galo formará o Grupo E ao lado de Nacional-URU, Cerro Porteño-PAR e Zamora-VEN. A estreia na próxima etapa será na quarta-feira de cinzas, contra os paraguaios, novamente em Belo Horizonte – a partida está inicialmente marcada para o Independência, mas a diretoria atleticana informou ontem que apresentou pedido à Conmebol para que possa mandar seus jogos pelo torneio continental, a partir de agora, no Mineirão. De acordo com o presidente Sérgio Sette Câmara, o clube começará a vender ingressos segundo a capacidade do estádio do Horto e, se tiver sua solicitação atendida pela confederação sul-americana, confirmará os confrontos para o Mineirão, aumentando proporcionalmente a carga dos bilhetes.
Sette Câmara ainda anunciou que o clássico entre Atlético e América, em 17 de março, pela penúltima rodada da fase de classificação do Campeonato Mineiro, será no Gigante da Pampulha.
A torcida atleticana chegou a aplaudir timidamente os atletas na saída de campo, consciente de que há muito trabalho pela frente para que o time se torne competitivo de fato. A diretoria promete trazer reforços para qualificar o grupo. O regulamento da Copa Libertadores permite a inscrição de mais cinco atletas na próxima fase. Entre eles, estará o atacante Papagaio.
O equatoriano Cazares foi o principal jogador do Atlético nos instantes iniciais contra o Defensor. No primeiro minuto, ele finalizou de fora da área e o goleiro Rodríguez defendeu. Pouco depois, aplicou drible no lateral Beltrán e acertou a trave esquerda do Defensor. Outro destaque atleticano foi Luan, que apareceu muito nos lançamentos e nas triangulações. Na etapa final, com a expulsão do volante Zé Welison (depois de levar o segundo cartão amarelo), o Galo não produziu mais com competência.
Para o goleiro Victor, a inferioridade numérica fez com que o Atlético ficasse acuado: “Era um jogo difícil. Toda a responsabilidade era nossa. O objetivo era conseguir a vitória e um gol no primeiro tempo. No segundo, sentimos um pouco a expulsão do Zé Welison, mas ele é um jogador que tem capacidade na marcação. O objetivo era a classificação. Agora, realmente, começa a Libertadores para nós”.
Cazares minimizou o empate sem gols e enalteceu a classificação alvinegra: “A gente correu, lutou. Queríamos a vitória para a alegria de nossa torcida. O empate veio, o Zé (Welison) foi expulso, mas estamos na fase de grupos. É o mais importante”.
FRAGILIDADE Ainda que a atuação atleticana tenha estado longe do ideal, o Defensor não conseguiu ameaçar. Como no jogo em Montevidéu, os visitantes esbarraram na limitação técnica de seus jogadores – foram vários erros de passes e falhas bisonhas nos 90 minutos. Em campanha irregular, o time uruguaio deixa a Libertadores com apenas um triunfo (bateu o Bolívar por 4 a 2, em La Paz, no primeiro mata-mata) e quatro derrotas. Na fase anterior, perdeu as duas partidas para o Barcelona, classificando-se com uma “contribuição” da Conmebol, que puniu os equatorianos em virtude da escalação irregular do volante Pérez – o Barcelona foi declarado perdedor por 3 a 0 do primeiro jogo, que havia vencido em Montevidéu, por 2 a 1, e, no segundo, em casa, ganhou apenas por 1 a 0.
O Atlético não terá compromisso no fim de semana pelo Mineiro e focará totalmente o jogo contra o Cerro Porteño. O grupo terá folga hoje e amanhã e começará a preparação a partir de sábado. Para a partida da semana que vem, a equipe continuará sem o atacante Maicon Bolt, que está em tratamento de lesão na coxa direita.
FICHA TÉCNICA
Atlético 0 x 0 Defensor
Atlético: Victor; Patric, Réver, Igor Rabello e Fábio Santos; Adílson, Zé Welison, Elias, Cazares e Luan (Jair 25 do 2º); Ricardo Oliveira (Chará 32 do 2º)
Técnico: Levir Culpi
Defensor: Rodríguez; Beltrán, Perg, Correa e Villoldo; Rabuñal, Nápoli (Navarro 22 do 2º), Álvaro González e Ergas (Laquitana 22 do 2º); Pablo López (Piquerez 29 do 2º) e Nicolás González
Técnico: Jorge da Silva
Fase preliminar da Libertadores
Estádio: Independência
Árbitro: Andres Rojas (COL)
Assistentes: Wilmar Navarro e Miguel Roldán (COL)
Cartão amarelo: Álvaro González, Correa, Adílson, Villoldo e Jair
Cartão vermelho: Zé Welison
Público: 22.210
Renda: R$ 884.207
Próximos jogos: Cerro Porteño (c), Nacional-URU (f) e Zamora (c)
ENQUANTO ISSO...
...Placar improvisado
Um fato curioso chamou a atenção no jogo de ontem. Sem a placa eletrônica que aponta as substituições de jogadores e os acréscimos de cada tempo, o delegado da partida teve de improvisar a numeração com uma folha de ofício em fonte grande, escrita à mão. Ele até pediu à Federação Mineira que emprestasse uma placa, mas não obteve êxito. O episódio arrancou risos dos torcedores. Em partidas da Libertadores, toda a organização é de responsabilidade da Conmebol, sem nenhuma interferência das federações locais.