Estudo recente publicado pela American Cancer Society (ACS), mostra que até o final de 2023 cerca de 153 mil pessoas serão diagnosticadas com câncer colorretal nos Estados Unidos. No Brasil, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o cenário também é de alerta: são esperados 45.630 novos casos anuais (entre 2023 e 2025) da doença no país.
Dentre os fatores que colaboram para o surgimento do câncer colorretal nos mais jovens, um estudo de 2022, publicado na Gastroenterology Journal, também apontou os principais riscos: o aumento da taxa de obesidade em crianças e adultos, principalmente entre 20 e 30 anos, podendo dobrar as chances do câncer colorretal de início precoce, e o consumo excessivo de álcool - que tem aumentado principalmente entre adultos com 30 anos ou menos.
A pesquisa ainda indica que não é possível afirmar se ter nascido por cesariana, uso de antibióticos e certas exposições ambientais podem estar relacionadas ao risco de desenvolver câncer colorretal precocemente. Além disso, apesar da associação do consumo de bebidas açucaradas à doença, são necessários mais estudos que possam comprovar alterações.
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A seguir, a oncologista Renata D'Alpino, co-líder da especialidade de tumores gastrointestinais do Grupo Oncoclínicas, elenca as principais informações sobre o câncer colorretal.
O que é?
O câncer colorretal se desenvolve no intestino grosso: no cólon ou em sua porção final, o reto. O principal tipo de tumor colorretal é o adenocarcinoma e, em 90% dos casos, ele se origina a partir de pólipos na região que, se não identificados e tratados, podem sofrer alterações ao longo dos anos, podendo se tornar o câncer.
O câncer colorretal está em segundo lugar no ranking dos tumores malignos mais frequentes, além de ser o que mais mata no Brasil, tanto para os homens, quanto para as mulheres. No mundo, o tumor de cólon representa 10% de todos os tipos de câncer, com 1,9 milhão de novos casos anuais e 935 mil mortes, segundo o levantamento Globocan, da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Quais os sintomas?
"Muitas vezes, o tumor só é descoberto tardiamente, diante de sintomas mais severos, como anemia; constipação ou diarreia sem causas aparentes; fraqueza; gases e cólicas abdominais; e emagrecimento. Apesar do sangue nas fezes ser um indício inicial de que algo não vai bem, muitas pessoas costumam creditar essa ocorrência a outras causas convencionais, como hemorróidas, e acabam postergando a busca por aconselhamento médico e a realização de exames específicos. Isso faz com que muitas pessoas só descubram o câncer em estágios avançados", explica Renata D'Alpino.
"Grande parte dos tumores de intestino aparecem a partir dos chamados pólipos, mas que se não identificados preventivamente podem evoluir e se tornar malignos com o passar do tempo. Após os 50 anos de idade, a chance de apresentar pólipos aumenta, ficando entre 18% e 36%, o que consequentemente representa um aumento no risco de tumores malignos decorrentes da condição a partir dessa fase da vida e, por isso, ela foi estabelecida como critério para início do rastreio ativo", complementa a médica.
Tem como prevenir?
Muitos tabus ainda cercam o rastreio preventivo do câncer colorretal, o que contribui para a baixa adesão ao controle precoce da doença mesmo entre pessoas que fazem parte do grupo com risco aumentado.
A principal forma de diagnóstico e prevenção é através do exame de colonoscopia, em que um tubinho flexível com uma câmera na ponta é introduzido no intestino e faz imagens que revelam se há presença de possíveis alterações, permitindo, inclusive, remoção de pólipos e biópsias de lesões suspeitas.
"Esse procedimento é capaz de identificar problemas mais graves e silenciosos, como o caso do câncer, além da doença de Crohn e retocolite ulcerativa. Por isso, é fundamental que informações de qualidade sejam transmitidas à sociedade com o objetivo de conscientizar sobre a importância da colonoscopia e, principalmente, alertar que o exame pode salvar vidas", comenta Renata D'Alpino.
No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda iniciar o rastreio do câncer de cólon e reto da população adulta de risco habitual na faixa etária de 50 anos - mas muitos países já reduziram para 45 anos de idade.
Uma forma possível de também ampliar as chances de prevenção seria a indicação de pesquisa das fezes, por meio de testes imunoquímicos e testes de sangue oculto fecais em pessoas mais jovens e que não apresentam mudanças de saúde perceptíveis. De acordo com os resultados, havendo achados suspeitos, a colonoscopia seria então realizada.
Quais são os tratamentos?
Felizmente, o câncer colorretal possui altas chances de cura na grande maioria dos casos. É muito importante que a doença seja diagnosticada o quanto antes através dos exames de rotina, aumentando o sucesso do tratamento. Esse tipo de tumor pode ser evitado ainda na fase pré-cancerosa, ou seja, através da retirada dos pólipos intestinais por colonoscopia. Com o procedimento, é possível fazer com que o aparecimento do câncer não aconteça. Quando o câncer colorretal é diagnosticado de fato, existem dois tipos de tratamentos que podem ser realizados. São eles:
- Tratamentos locais (cirurgia, radioterapia, embolização e ablação): agem diretamente no tumor primário ou em metástases isoladas, sem afetar o restante do corpo. Portanto, podem ser indicados tanto nos casos iniciais quanto nas fases mais avançadas da doença.
- Tratamentos sistêmicos (quimioterapia, imunoterapia ou terapias-alvo): podem ser realizados por drogas orais (comprimidos) ou endovenosas (na veia), aplicando diretamente na corrente sanguínea. Também podem ser indicados tanto nos casos precoces quanto avançados da doença.
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