mosquito da dengue

No Brasil, os casos prováveis de dengue cresceram 29%, chegando aos atuais 642.989 notificados, com 192 óbitos, segundo dados do Ministério da Saúde de 10 de abril

Mohamed Nuzrath/Pixabay
Com o aumento de casos de dengue, zika e chikungunya no Brasil, a Thermo Fisher Scientific, líder mundial na área de ciência e biotecnologia, reforça a importância da testagem múltipla para aprimorar a vigilância epidemiológica das arboviroses: o índice de positividade de amostras pode ser até duas vezes maior por meio de testes Triplex, capazes também de detectar coinfecções, conforme estudo realizado no México com a tecnologia (veja dados abaixo).

No Brasil, os casos prováveis de dengue cresceram 29%, chegando aos atuais 642.989 notificados, com 192 óbitos, segundo dados do Ministério da Saúde de 10 de abril.

As outras duas arboviroses também transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti registraram aumento percentual ainda maior. No caso da chikungunya, a elevação foi de 52%, com 70.030 casos e 12 mortes. Já o aumento mais expressivo foi de zika: 312% de elevação, chegando aos atuais 4.946 casos, sem vítimas fatais, até o momento.

A Thermo Fisher disponibiliza kits capazes de detectar os três arbovírus com o uso de uma única amostra: o teste o TaqMan Triplex, que permite o uso de amostras de urina ou sangue. “Nosso produto garante alta precisão por meio de padrão-ouro, e sua capacidade de diagnóstico simultâneo viabiliza mais agilidade para o processo de confirmação ou descarte de casos, evitando o acúmulo de notificações daqueles classificados como prováveis”, explica Alexandre Rebelatto, diretor da divisão de testes genéticos da Thermo Fisher Scientific para América Latina.
 
O ensaio tem formato liofilizado (sem umidade), ou seja, não requer refrigeração: “Isso facilita a distribuição em países territorialmente extensos, como o Brasil e o México, além da própria infraestrutura necessária para armazenamento em maior escala para suprir os laboratórios em períodos de elevação da demanda”, complementa Eduardo Razza, gerente de regional de desenvolvimento de mercado da companhia.

No Brasil, o sistema de vigilância epidemiológica prevê a detecção dos arbovírus por meio de testes moleculares do tipo RT-PCR em tempo real - como os utilizados no decorrer da pandemia de COVID-19 -, além de testes rápidos de antígeno (IgG e IgM) e monitoramento por sequenciamento de nova geração (NGS), por meio de biologia molecular.

Conforme a política de vigilância em saúde nacional, os serviços de saúde devem adequar protocolos e fluxos de assistência ao paciente com suspeita de alguma arbovirose, bem como providenciar a coleta de amostras para diagnóstico laboratorial por biologia molecular de acordo com o Guia de Vigilância em Saúde.
 
A nota técnica disponibilizada pelo Ministério da Saúde no dia 23 de março registra que o Brasil ultrapassou o limite esperado de casos de dengue e chikungunya registrados neste ano, até o dia 4 de março. Para fazer frente ao cenário, a pasta federal instalou, no dia 15 deste mês, o Centro de Operações de Emergências (COE Arboviroses), visando traçar estratégias para redução do número de casos graves e óbitos por essas doenças. O documento indica ainda que os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs) deverão realizar sequenciamento genético das arboviroses e apoiar nas atividades de vigilância genômica.

Rediagnósticos e coinfecções México

Considerado um país endêmico para dengue, o México tem um trabalho de vigilância epidemiológica múltipla para as arboviroses InDRE (Instituto de Diagnóstico y Referencia Epidemiológicos), com estudos que reforçam a importância do diagnóstico simultâneo.

A partir de 2015, com os primeiros casos de zika e chikungunya, o país começou a registrar queda dos casos de dengue, apesar de sua típica endemia. Para investigar as razões, o governo federal passou a adotar, em 2017, testes Triplex, em estudo que apontou a importância do diagnóstico multiplex para monitoramento epidemiológico.

Foi efetuada a reanálise com ensaio triplex de 1.038 amostras referentes aos três primeiros anos de cocirculação, comparadas aos testes únicos. Os resultados apontaram a subestimação de casos das três doenças: o número de confirmações totais era 2,4 vezes maior.

Também foi possível observar que o declínio ou aumento da dengue foram concomitantes a um comportamento oposto para chikungunya ou zika. Por meio do rediagnóstico das amostras de 2015, verificou-se que o número confirmações para chikungunya cresceu 50% e cerca de 20% para dengue. Em 2016, ambas coexistiram, mas em menor escala possivelmente devido ao surgimento da zika. O reteste para este vírus resultou num aumento de 250% nos casos confirmados. Já em 2017, embora não houvesse amostra inicialmente confirmada para chikungunya, o vírus foi constatado na reanálise dos previamente positivos somente dengue ou zika.

Também houve a detecção de 23 coinfecções de arbovírus, até então não relatados no território mexicano. Entre elas, 18 foram combinações de chikungunya e sorotipos de dengue (8 DENV2, 5 DENV4, 4 DENV, além de 1 DENV1 DENV4). Três casos foram de dengue 1 e 2; 1 de chikungunya e zika; e 1 de zika associado à dengue 2.

Conforme boletim da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em 2022, o México registrou 59.918 mil casos de dengue, 2,1% do total registrado nas Américas, enquanto o Brasil respondeu por 84,1%, com 2.363.490 casos; houve ainda 265.289 casos de chikungunya, representando 96,9% do total da região, e 34.176 de zika (84,9%). Não constam dados referentes ao México para as outras duas doenças.