Dispositivo adapta-se a qualquer armação de óculos

Dispositivo adapta-se a qualquer armação de óculos

Reprodução/Youtube
Independência, liberdade, autonomia, respeito, inclusão e poder para pessoas com deficiência visual, dislexia, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno do espectro autista (TEA)Síndrome de Down, idosos com fadiga e também para analfabetos.

É o que entrega a tecnologia OrCam MyEye, um dispositivo de 22 gramas que se conecta a todo tipo de armação de óculos e abre o mundo para essas pessoas. Desenvolvido em Israel em 2015, por Amnon Shashua e Ziv Aviram, donos da empresa de tecnologia Orcam, ele é capaz de transformar qualquer texto, de livros, a embalagens, placas, e cédula de dinheiro, em voz alta, simultaneamente e sem precisar de conexão à internet.

O dispositivo lê texto, reconhece rostos, identifica produtos e muito mais. Uma revolução: “O OrCam MyEye significa democracia. Inclusão de fato, não é narrativa. Está presente em 50 países e em 900 municípios brasileiros. O OrCam é possibilidade de enxergar por equidade”, enfatiza Doron Sadka, CEO da Mais Autonomia - tecnologias assistivas. Ele é o representante exclusivo no Brasil da tecnologia da Orcam, fundada em 2010 com foco em desenvolver a inteligência artificial. 

Com o OrCam MyEye, basta indicar com o dedo onde quer que ele leia. O sensor óptico captura a imagem e, por meio da inteligência artificial, converte as informações instantaneamente em áudio por meio de um pequeno alto-falante localizado acima do ouvido. No Brasil, o dispositivo chegou pela empresa Mais Autonomia, em 2018. O contato de Doron Sadka com a tencologia ocorreu em uma viagem para Israel, ocasião em que decidiu representar o dispositivo por aqui, com o sistema adaptado em português, inglês e espanhol.


“Sou de formação publicitária, mas, na busca de um propósito de vida, tinha como sonho atuar na área social, e encontrei algo que leva luz para as pessoas. O OrCam gera dignidade e evolução. Digo que cego é quem não enxerga os cegos, tornando-os invisíveis. Não tinha ideia, mas conversando com muitos, descobri que não é a deficiência o principal obstáculos para eles, mas a dependência de ter de pedir ajuda muitas vezes, a falta de autonomia. Com o OrCam, ele saberá a característica de quem estará na sua frente, criança, mulher, homem; se é uma pessoa específica se for importante para ele (a imagem desta pessoa será gravada pelo algoritmo e o cego pode chamar a pessoa pelo nome e reconhece-la), ao abrir a geladeira em casa, sem precisar experimentar ou por tato, o dispositivo falará se é o leite ou a maçã; a mulher saberá a cor do batom que vai usar, enfim, a pessoa ganha independência”, enfatiza Doron. 

Tem OrCam em Minas e Belo Horizonte?

Por ser uma tecnologia importada e de alto custo, a tecnologia ainda não é acessível para todos com deficiência visual no Brasil. O valor do Orcam MyEye é R$ 14.900 à vista ou R$ 16.900 em 12 vezes no cartão de crédito. Doron explica que há um financiamento pelo BB Acessibilidade e o dispositivo pode comprado em até 60 parcelas iguais, com juros de 4% ao ano. Mas o gestor público pode adquirir o produto. A lei permite que o dispositivo seja comprado por inexigibilidade, sem necessidade de licitação, porque a Mais Autonomia é a única representante do equipamento no país.

“Em Israel, o governo paga 50% da tecnologia porque tem o subsídio. França e Alemanha também. Aqui no Brasil não tem política de subsídio para tecnologia assistiva ainda. Então, comecei a entrar em contato com governadores, prefeitos e reitores de universidades para explicar como era o dispositivo. E já estamos em 900 municípios, em vários estados do país, e os usuários recebem em regime de comodato. Em Minas, ainda não estamos tão presentes. Não tive contato com Zema [Romeu Zema, governador de MG] ou Fuad [d Nomam, prefeito de BH]. Mas o OrCam foi adquirido para a biblioteca da Universidade de Juiz de Fora e temos presença também em Uberlândia”, conta Doron.

Para o OrCam chegar a quem realmente precisa teria de alcançar mais de 35 milhões de brasileiros com deficiência visual, dado do Censo de 2010 do IBGE. Relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) aponta a falta de acesso às tecnologias assistivas. Mais de 2,5 bilhões de pessoas precisam de um ou mais produtos assistivos no mundo, mas quase 1 bilhão não têm acesso, principalmente em países de baixa e média renda.
Empolgado, Doron fala da entrada do OrCam nas instituições de ensino. O que ocorreu depois que ele se deparou com os números do último censo do IBGE sobre pessoas com deficiência: "Na Bahia, adquirido [o dispositivo} pelo governo, estudantes com deficiência visual foram aprovados em instituições públicas de ensino superior na seleção de 2023. Estudantes da rede pública estadual de ensino que, na preparação para o vestibular, contaram com o auxílio do OrCam. Entre 2021 e 2023, o Governo do Estado da Bahia já entregou 64 unidades do dispositivo”.

Para saber mais, Doron convida a todos a acessar o site da Mais Autonomia e procurar pela empresa nas redes sociais. 

Bengala WeWALK 

Cantor de jazz usa bengala we walk em rua nos EUA

Cantor de jazz usa bengala eletrônica em rua dos Estados Unidos

Reprodução/Youtube

A Mais Autonomia também é a única representante da Bengala WeWalk, uma bengala inteligente, desenvolvida para pessoas com deficiência visual. Existe um número estimado de mais de 250 milhões de pessoas com deficiência visual (Organização Mundial da Saúde) no mundo e 50 milhões estão usando uma bengala.

Pensada diretamente para o contexto do dia a dia das pessoas com deficiências visuais, ela faz conexão com a internet e utiliza sensores e dados do próprio Google Maps para compreender os arredores e avisar sobre os obstáculos: “Desde o nome das ruas, é um GPS, até se tem uma caçamba pela frente e uma proteção de 2,10m. A bengala comum auxilia do quadril para baixo, a WeWalk começa a proteger desde a orelha, via sensor ultrassônico”, destaca Doron.