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Estado de Minas REPORTAGEM DE CAPA

Alerta: pais devem ficar atentos aos perigos do mundo virtual

É importante que a temática do que a criança ou adolescente assiste nos meios eletrônicos seja de acordo com sua fase de desenvolvimento


17/07/2022 08:10 - atualizado 19/07/2022 11:52

Aline de Rosa
(foto: Arquivo pessoal)
 

A criança pequena, principalmente, não consegue fazer esse filtro. Mistura o que assiste com o que vive, como uma coisa só"

Aline de Rosa, especialista em desenvolvimento infantil

 

Educação é sempre humana, diz a especialista em desenvolvimento infantil Aline De Rosa. Envolve sentimentos e conexões entre seres humanos, olho no olho e contato. “Nada que o eletrônico forneça pode se comparar a uma educação de um ser humano para com outro ser humano”, pontua a profissional. 
 
"Não existe nenhum tipo de benefício no eletrônico quanto a isso. É apenas uma distração do mundo moderno para as crianças. Para os mais velhos, nós podemos oferecer o meio eletrônico como uma plataforma de estudos, pesquisa e cone- xão entre pessoas, para seu desenvolvimento prévio de carreira e estudos, mais racional e lógico. Um ponto positivo, nesse caso, é poder conectar famílias que estão distantes fisicamente."
 
 
É importante que a temática do que a criança ou adolescente assiste nos meios eletrônicos seja de acordo com sua fase de desenvolvimento, orienta Aline De Rosa. É preciso evitar o acesso a conteúdos que não são adequados ao seu estágio de consciência. "Tudo aquilo que recebe de fora vem com um grande poder para dentro. A criança pequena, principalmente, não consegue fazer esse filtro. Mistura o que assiste com o que vive, como uma coisa só", diz.
 
Aline recomenda as telas a partir dos 2 anos. Nessa idade, até mais ou menos os 4ou 5 anos, o ideal, aponta a profissional, é que o desenho seja o reflexo da vida da criança. Personagens crianças ou bebês que vivam temas voltados para a rotina de casa, cozinhar, brincar, explorar o quintal e descobrir coisas novas. Segundo Aline, isso faz com que a criança pequena se identifique, porque é parte do que faz também.
 
 
"Ainda para crianças pequenas, é bom que os episódios sejam bem curtos, já que, nessa faixa etária, elas não têm capacidade de ficar muito tempo se concentrando, entendendo início, meio e fim. Já para crianças mais ve- lhas, podem ser desenhos mais longos e filmes", continua.
 
Uma orientação essencial é observar o palavreado dos personagens, se usam palavras agressivas uns com os outros. "O indicado é buscar desenhos e filmes que tragam valores agregados aos de cada família. Valores de fraternidade, de cuidado com a natureza, de família e de cuidar dos mais novos. Por incrível que pareça, as classificações etárias dos desenhos não respeitam esse tipo de observação", acrescenta.
 
Aline aponta ainda a dificuldade da maior parte das famílias em decidir qual tipo de conteúdo é aceitável ou não para os filhos. Dessa maneira, é comum que optem simplesmente por não olhar o que a criança está vendo e, assim, ela acaba tendo acesso irrestrito a diversos conteúdos não recomendados para idade nenhuma, como chama a atenção a profissional.
 
"Não recomendo para crianças de até 7 anos nenhum desenho que envolva luta, agressão, combate ou palavras ruins. Nem se for como brincadeira. A criança absorve o palavreado e, muito provavelmente, vai usá-lo na escola e em casa. É preciso ter muito cuidado com desenhos que passam muito rápido, em que as cenas não ficam muito tempo na tela."
 

A especialista em desenvolvimento infantil Aline De Rosa lista as melhores séries e filmes para crianças e adolescentes:

 
Filmes para crianças

» Encanto

Um lindo filme, baseado na cultura colombiana. Se passa em torno da família Madrigal e traz muito presente a força e união de uma família, com seus desafios e alegrias

» Up – Altas Aventuras

A história de um velhinho que fica viúvo, conhece um garoto e eles acabam juntos explorando o mundo nas alturas. "Gosto muito da forma como a relação da criança se desenvolve com o senhor de idade. Traz o conceito de que a terceira idade importa e essa relação tem amor."

» Carros

Um filme que todo menino adora. O McQueen, personagem principal, começa demonstrando um caráter arrogante e debochado, por causa da fama e das corridas ganhas. Após viver grandes desafios e se isolar em uma cidade onde só vivem carros "simples", ele aprende o verdadeiro valor da vida, que são as amizades

Séries para adolescentes

» Anne with an E

Uma linda série que mostra a personagem principal amadurecendo. Desde a primeira paixão, ao impulso de querer estudar, até chegar na escolha da sua profissão e sair de casa. Tudo isso em um 
contexto de uma menina órfã, que vive realidades muito duras

» Sex Education

Em um clima divertido, a série mostra a rotina de uma escola de ensino médio e remete à vida e dilemas clássicos de adolescentes. Mostra as diferenças de criação e educação dos pais. "É muito interessante ver como cada tipo de educação reflete na personalidade e escolhas de cada personagem"

» Outer Banks

Uma série centrada em um grupo de amigos que vivem na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Fala sobre o contexto do jovem quando começa a se enxergar como um indivíduo e buscar suas próprias verdades, com um pé ainda em casa, tendo que dar satisfação para os pais e com o impulso da vida adulta já correndo nas veias 
 
Éricka Menegaz com a filha Rafaela
Éricka Menegaz com a filha Rafaela, de 14 anos: 'Proibir não adianta, o que é proibido pode até se tornar mais interessante. Mais do que o controle, o importante é a conscientização' (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
 
 

Diálogo e transparência 

 
A gerente de inovação Éricka Gonçalves de Paula Menegaz reconhece o lado bom que a tecnologia pode trazer, ainda mais em um mundo em que está tão presente. Mas, ela diz, é muito comum que seu uso seja deturpado. Na relação que ela e o marido mantêm com as filhas, Antonella, de 16 anos, e Rafaela, de 14, o diálogo e a transparência são as melhores formas de lidar com as questões que o contexto dos eletrônicos suscita.
 
O controle de acesso das meninas aos conteúdos digitais era mais de perto quando crianças, inclusive com uso de softwares que mapeiam o que é acessado. Hoje, com as duas crescidas, a própria consciência que adquiriram pela educação dos pais faz com que a  ligação com a tecnologia seja sadia.
 
"O mais importante é a conversa. Sempre alertamos para os perigos do mundo virtual. Que existem pessoas boas e más, como no mundo real. Que o uso da tecnologia tem riscos, mas também oferece oportunidades. Tudo isso é da própria época em que vivemos. A agilidade, a rapidez das mudanças. Você está conectado o tempo todo. E proibir não adianta, o que é proibido pode até se tornar mais interessante. Mais do que o controle, o importante é a conscientização", diz Éricka.
 
Com tantos afazeres como mãe e esposa, além dos cuidados com a casa, logo que o filho Eduardo nasceu, a empresária Manoela Kohl Costa Verenka conta que acabou se deixando levar pelo uso das telas. "Eduardo era um bebê calmo, mas também muito explorador. Como era bom aquele momento de paz. Eu conseguia resolver grande parte das minhas obrigações e ele lá vidrado nos desenhos", lembra. O primogênito hoje tem 4 anos.  
 
A gravidez de Murilo, agora com três anos, veio logo depois. Nesse ponto, Manoela lembra que o cansaço diário e a falta de um tempo para cuidar de si começaram a se tornar incômodos. Eduardo só dormia após as 22h, com desenho passando, e a mãe se perguntava o porquê disso.  
 
"No momento em que estavam assistindo à televisão era tudo maravilhoso. Filhos quietos, sentados no sofá, completamente concentrados em todos aqueles estímulos. Mas, quando eu desligava a TV, me deparava com meus filhos totalmente irritados, birra atrás de birra, imediatistas e sem conexão nenhuma comigo", recorda.
 
E aí Manoela resolveu pedir ajuda. No acompanhamento com Aline De Rosa, diz que o que mais a marcou foi entender os malefícios do uso das telas. Relata que ficou horrorizada em saber como o uso mal administrado dos dispositivos eletrônicos pode influenciar tanto no comportamento das crianças.

DETOX

“Foi aí que decidi ir reduzindo aos poucos o uso de telas. Aos poucos, porque esse vício em telas é comparado com um adulto viciado em cocaína. Toda semana eu reduzia mais um pouquinho”, diz. Com paciência e constância, em suas palavras, a empresária conseguiu “zerar” esse uso durante a semana e, agora, os filhos só têm acesso aos sábados e domingos, uma hora a cada dia, e assistindo aos desenhos que ela seleciona.
 
"Meus filhos são outras crianças depois desse ‘detox de telas’. Passaram a entender e respeitar esse limite. São muito mais conectados comigo, conseguem brincar sozinhos e são mais calmos e pacientes. A vida tem muito mais a oferecer aos nossos pequenos do que esses estímulos prontos que vêm das telas. Vamos permitir que nossos filhos mostrem sua essência, que desenvolvam a criatividade e se conectem com o melhor da vida", sugere, ela que também é mãe de Laura, de 10 meses. 


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