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Estado de Minas SAÚDE

Gravidez ectópica: o que é e quais mulheres correm mais risco

Complicação é a principal causa de mortalidade materna no primeiro trimestre de gestação


26/06/2022 18:34 - atualizado 26/06/2022 18:34

Ilustração de uma gravidez ectópica de um livro de Medicina
(foto: Getty Images)
Uma gravidez ectópica acontece quando o óvulo fecundado se desenvolve fora do útero. Isso ocorre em cerca de 2% das gestações.

 

Como enfermeira obstétrica e pesquisadora de saúde reprodutiva, acho fundamental entender esta complicação relativamente comum na gravidez.

Normalmente, o óvulo e o espermatozoide se encontram e se combinam dentro de uma das tubas uterinas. O óvulo fecundado se desloca então pela tuba até o útero, onde se implanta no revestimento uterino e cresce.

 

Mas, às vezes, o óvulo fecundado não chega ao útero, implantando-se na tuba — ou pode acabar também em um ovário, no colo do útero ou até no abdômen.

 

Foram registrados casos ainda de óvulos fecundados implantados em cicatrizes de cesarianas anteriores ou outras cirurgias.

 

Mas mais de 90% das gestações ectópicas são tubárias. Levar uma gravidez tubária até o fim é quase impossível, porque um óvulo fecundado não sobreviverá por muito tempo preso a locais fora do útero.

 

Outras estruturas do corpo simplesmente não são capazes de proteger ou nutrir um embrião. As mulheres com maior risco de gravidez ectópica são aquelas que já tiveram uma antes.

 

A probabilidade também é maior naquelas com infecções pélvicas ou cirurgias uterinas prévias. A fertilização in vitro também aumenta o risco.

 

Metade das gestações ectópicas, no entanto, ocorre em mulheres sem nenhum fator de risco.

Riscos da gravidez ectópica


Imagem de ultrassom de uma mulher grávida
O ultrassom é um dos métodos para detectar gestações ectópicas (foto: Getty Images)

 

A gravidez ectópica é perigosa. O embrião implantado continua crescendo na estreita tuba uterina. Por volta da terceira semana após a implantação, é grande o suficiente para pressionar a tuba por dentro.

 

À medida que a pressão aumenta, a paciente costuma apresentar sintomas como dor abdominal unilateral, sangramento vaginal e desmaios.

 

Quando a tuba se rompe devido à pressão do embrião em crescimento, a paciente sente uma dor aguda ou dilacerante em um lado do abdômen, perto da virilha, e apresenta queda da pressão arterial e outros sintomas de choque.

 

A ruptura da tuba causa uma hemorragia que pode ser fatal se não for tratada com cirurgia. A gravidez ectópica é a principal causa de mortalidade materna no primeiro trimestre de gestação.

 

O tratamento depende do histórico de saúde da paciente e de uma avaliação médica da sua condição.

As mulheres saudáveis %u200B%u200Bcom baixo risco de ruptura iminente podem receber uma injeção de metotrexato, que é também usado para tratar certos tipos de câncer e distúrbios autoimunes e dificulta a formação de DNA ou a multiplicação das células.

 

Com este medicamento, o embrião para de crescer, e o organismo acaba por reabsorvê-lo. Uma ou duas doses costumam ser eficazes.


A esposa do príncipe Edward em seu primeiro ato oficial após ser operada por causa de uma gravidez ectópica em 2002
A condessa de Wessex, Sophie, mulher do filho mais novo da rainha Elizabeth 2ª, foi submetida a uma cirurgia por causa de uma gravidez ectópica em 2002 (foto: Getty Images)

Se a tuba uterina se romper, a paciente precisa de cirurgia de emergência. Por meio de uma pequena incisão, o cirurgião retira o embrião da tuba uterina, às vezes junto com parte da própria tuba (ou toda ela).

 

O tratamento desta condição interrompe a gestação, e é por isso que algumas pessoas confundem o tratamento da gravidez ectópica com abortos eletivos.

 

Mas, com ou sem intervenção, gestações ectópicas não sobrevivem além dos

primeiros meses. Muito pelo contrário, terminam bem antes de um parto saudável ser possível.

Também é impossível "salvar" uma gravidez ectópica transferindo o embrião para o útero. A remoção do embrião do local onde está implantado causa danos irreparáveis %u200B%u200Bnele.

 

* Amy Alspaugh é professora assistente de Enfermagem na Universidade do Tennessee, nos EUA.

 

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).

 

- Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-61824221

 

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