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Estado de Minas Sucessão

Cerimônia de posse de Lula será a maior da história, segundo organizadores

Com a presença de 19 chefes de Estado e 65 delegações de outros países, cerimônia terá o maior destaque da troca de presidentes do país


01/01/2023 04:00 - atualizado 01/01/2023 08:17

A vida do país mudou da água para o vinho desde 30 de outubro, quando foi eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que assumirá a Presidência da República neste domingo
A vida do país mudou da água para o vinho desde 30 de outubro, quando foi eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que assumirá a Presidência da República neste domingo (foto: Evaristo Sá/AFP)

A cerimônia de posse do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será a maior da história, segundo organizadores, e a expectativa é alta em relação ao evento. O número de chefes de Estado confirmados é recorde. De acordo com o embaixador Fernando Igreja, responsável pela coordenação do cerimonial,  19 chefes de Estado ou de governo confirmaram presença na cerimônia. Entre os presentes, estarão os líderes de países como o rei da Espanha, e os presidentes da Alemanha, de Angola, da Argentina, da Bolívia, de Cabo Verde, do Chile, da Colômbia, do Equador, da Guiana, de Guiné-Bissau, do Paraguai, de Portugal, do Suriname, do Timor-Leste, do Uruguai e do Zimbábue.
Com isso, o número de chefes de Estado e presidentes para a posse do terceiro mandato de Lula já é praticamente o dobro do registrado na posse de Jair Bolsonaro (PL), em 2019, quando compareceram 10 presidentes, entre eles, Benjamin Netanyahu (Israel), Viktor Orbán (Hungria), Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal), Sebastián Piñera (Chile), Mario Abdo Benítez (Paraguai), Tabaré Vázquez (Uruguai), Evo Morales (Bolivia), Juan Orlando Hernández (Honduras), Jorge Carlos Fonseca (Cabo Verde) e Saadeddine Othmani (Marrocos).

Ao todo, a solenidade contará com 65 delegações de chefes de Estado e de governo, além de ministros de negócios estrangeiros e enviados especiais. Segundo o embaixador Fernando Igreja, trata-se do maior número de autoridades estrangeiras de alto nível desde os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Entre as confirmações, destacam-se os vice-primeiros ministros do Azerbaijão e da Ucrânia. Comparecerão à posse os presidentes do Conselho da Federação (Rússia), da Assembleia Nacional Popular (Argélia), Assembleia Consultiva Islâmica (Irã), Senado e Assembleia Nacional (República Dominicana), Assembleia da República (Moçambique), do Senado da Jamaica e da Guiné Equatorial, e do Parlamento Nacional (Sérvia).

Também foram confirmadas as vindas de 11 chanceleres (Turquia, Costa Rica, Palestina, Guatemala, Gabão, Zimbábue, Haiti, Nicarágua, África do Sul, Camarões e Arábia Saudita) e 16 enviados especiais, entre eles, da União Europeia, dos Estados Unidos, do Reino Unido, do Japão, da França e da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre os organismos internacionais, estarão no país o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o secretário-geral da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), o novo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, e a secretária-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica.

Os convites foram feitos a todos os países com quem o Brasil mantém relações diplomáticas – atualmente, são mais de 190 países. Um dos convites que ainda estava em estudo era o do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, devido a uma portaria assinada em 2019 pelo governo Bolsonaro que impedia que membros da equipe venezuelana entrassem no solo brasileiro. Porém, os Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores revogaram no último dia 30 a regra. E, assim, abre condições para que Maduro participe da posse.

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São esperadas pelos organizadores cerca de 300 mil pessoas no evento em Brasília. Na posse de Bolsonaro, o público previsto era de 200 mil a 250 mil. O policiamento será bem maior do que os 3 mil previstos em 2019, especialmente depois das ameaças de terroristas querendo explodir bombas na capital federal. As estimativas são de que haverá mais de 9 mil policiais. O evento contará com os tradicionais desfiles a céu aberto, a passagem da faixa presidencial para o novo chefe do Executivo e shows de mais de 60 artistas em dois palcos preparados no gramado no meio da Esplanada dos Ministérios.

Especialistas apontam que a troca de governo marcará uma mudança significativa na política externa do Brasil e os líderes estrangeiros voltarão os olhos para o país novamente. O interesse em Lula é crescente, especialmente pelo desejo dele de recuperar a diplomacia tradicional do país e pela retomada de diálogo em temas multilaterais, como o meio ambiente.

Nesse sentido, o ex-embaixador e ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente Rubens Ricupero não tem dúvidas de que a mudança da agenda ambiental será o fio condutor da nova política externa do novo governo, colocando o Brasil de volta ao mundo, estreitando as relações com China e Estados Unidos. “Contudo, o grande ponto de interrogação será quando começarem a surgir as dificuldades, mas Lula não terá o cenário externo favorável como teve no primeiro mandato, que coincidiu com o superciclo de commodities, nos anos 2000”, destaca.

Entre as principais urgências do Brasil na área externa, especialistas reconhecem que uma das prioridades será a recuperação da imagem do país, a confiabilidade de sua diplomacia, a retomada dos projetos de integração regional e a preparação do Brasil para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-30, em 2025. A ideia é que a COP ocorra em algum estado do Norte, marcando a retomada da cúpula dos países amazônicos sinalizada por Lula durante o discurso da vitória, em 30 de outubro, de acordo com fontes do Itamaraty.

Ricardo Mendes, sócio da Prospectiva e responsável pelas operações internacionais da consultoria, aponta duas questões que despertam o interesse de líderes estrangeiros à posse do Lula, como a sinalização da retomada do engajamento do Brasil em fóruns multilaterais de temas ambientais e de direitos humanos e por conta da América Latina ser hoje predominantemente governada por líderes de esquerda que veem em Lula uma liderança regional. “A diferença em relação às posses anteriores é justamente a perspectiva da retomada de uma ‘normalidade’ nas relações externas do país depois de anos de Dilma e Bolsonaro. Lula tem um capital político importante na esfera externa que pode ser usado a favor do Brasil. O país detém também uma liderança natural na área ambiental e vai efetivamente poder exercer este papel neste novo governo”, observa. No entanto, ressalta, o cenário global de hoje é mais complexo do que em 2002.

Mendes ressalta que será difícil para o Brasil exercer qualquer tipo de liderança global sem se indispor com países ocidentais ou China. “A tendência é o país se acomodar em temas de mais consenso, como meio ambiente, para exercer essa liderança global. A agenda comercial vai ser bilateral e pragmática, assim como é feita atualmente. Vai ter muita retórica na agenda regional, mas acho avanços nesse front são mais improváveis”, afirma.

Reaproximação


Assim que passou a integrar a equipe de transição, Vieira contou que Lula pediu para ele desenvolver, reaproximar e reconstruir as pontes com os parceiros tradicionais do Brasil, Estados Unidos, China e União Europeia. Segundo o futuro ministro, outra orientação é retomar “todos os trabalhos de cooperação com a África” e se reaproximar dos vizinhos da América do Sul e os demais latino-americanos.  Lula pretende ainda visitar a Argentina, a China e os Estados Unidos nos três primeiros meses de governo.

O diplomata e professor Paulo Roberto de Almeida analisa que as relações internacionais estão sumamente abaladas, depois de mais de dois anos de pandemia – com recrudescimento possível em vários países – e quase um ano da guerra da Rússia na Ucrânia.  “Não se deve esperar uma apoteose, tanto porque as condições internas ao Brasil, nos planos econômico e político, são bastante pessimistas”. Porém, ressalta que a posse de Lula é vista como o retorno do diálogo do Brasil junto à comunidade internacional.

“Depois de quatro anos de um dirigente inepto, descortês com chefes de Estado estrangeiros, vulgar ao extremo e sobretudo incapaz de qualquer traços de governança positiva, antes caracterizada pela destruição institucional e uma verdadeira demolição da antes respeitada diplomacia brasileira, a posse de Lula vem sendo saudada com sentimento de alívio a se ter de volta um dirigente que já se distinguiu nos dois mandatos anteriores por uma enorme capacidade de se relacionar com ‘gregos e troianos’, ou seja, capaz de dialogar com todas as grandes potências e com os mais modestos países da comunidade internacional”, expõe.

O retorno de Lula, representa também, as chances do Brasil voltar com mais força ao cenário internacional. “Certamente, pela força intelectual e qualidade operacional de sua diplomacia profissional, junto com o entusiasmo do chefe de Estado, já experiente, por iniciativas que tendam ao diálogo e à atenção com os países mais pobres, assim como com a desigualdade novamente crescente no mundo”. “Mas o cenário externo não apresenta as mesmas características positivas dos anos 2000, com crescimento da economia mundial, picos de valorização das commodities exportadas pelo Brasil, e grande capacidade de atrair investimento pela própria dinâmica da economia brasileira, hoje bem mais modesta”, emenda.

“É prematuro especular sobre os rumos da política externa de um país como o Brasil cuja prioridade é crescer, mas com justiça social e a custos controlados, num mundo em que as principais economias estão mais voltadas para o atendimento de seus interesses nacionais do que para o fortalecimento da cooperação multilateral”, destaca o diplomata aposentado José Alfredo Graça Lima, vice-presidente do Conselho Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

Enquanto isso...

Bolsonaro chega aos Estados Unidos

O presidente Jair Bolsonaro (PL) pousou em Orlando, nos Estados Unidos, na noite de sexta-feira. Imagens circulam na internet do futuro ex-presidente na casa de férias de propriedade do ex-lutador de MMA José Aldo, aliado de Bolsonaro. Segundo o site UOL, o presidente está hospedado em um condomínio fechado em Kissimmee. Bolsonaro foi recepcionado por cerca de 30 de brasileiros que gritavam “mito” e “melhor presidente do Brasil”. Da porta da casa, Bolsonaro acenou para os apoiadores por um breve momento. A primeira-dama Michelle Bolsonaro acompanhava o presidente, mas entrou na residência sem cumprimentar os aliados. Eles foram escoltados por cinco carros de segurança e quatro viaturas. Embora o futuro ex-presidente não tenha comentado o período de viagem, tudo indica que ele deve viajar até, pelo menos, dia 30 de janeiro.

NOVA PRIMEIRA-DAMA

A futura primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja
(foto: Evaristo Sá/AFP %u2013 7/12/22)

A futura primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, teve papel importante na campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A socióloga e ex-servidora da Itaipu Binacional pretende ser mais ativa do que sua antecessora, dona Marisa Letícia Lula da Silva. Janja coordenou a cerimônia de posse junto aos integrantes da equipe de transição e prometeu levar a cachorrinha Resistência para habitar o Palácio da Alvorada.

Evaristo Sá/AFP – 7/12/22


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