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Estado de Minas ENTREVISTA

Junio Amaral: 'Faltou da base governista divulgar melhor seus feitos'

Deputado federal correligionário do presidente Jair Bolsonaro faz mea-culpa pela derrota na briga pelo Palácio do Planalto e critica o Judiciário


27/12/2022 06:00 - atualizado 27/12/2022 10:35

O deputado federal reeleito por Minas Gerais Cabo Junio Amaral (PL) é correligionário do presidente Jair Bolsonaro e participou da campanha pela reeleição do chefe do Executivo, que terminou derrotado no segundo turno por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao podcast EM Entrevista, ele criticou o Poder Judiciário, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e fez uma mea-culpa da derrota da sigla na disputa pelo Palácio do Planalto.

Ao longo do mandato, o cabo foi alvo de investigações por fake news e teve as redes sociais suspensas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Eleito para o cargo pela primeira vez em 2018, Geraldo Junio do Amaral é natural de Belo Horizonte e nasceu em 1987. Policial militar reformado, recebeu 59.297 votos em 2022, sendo o oitavo colocado do Partido Liberal (PL) e o 49º entre os 53 eleitos.
O deputado federal defendeu os protestos que questionam o resultado das urnas no segundo turno das eleições. “Essas pessoas têm o meu total respeito e exercem o seu direito constitucional de livre manifestação do pensamento e também em relação às reuniões que promovem, sejam na frente dos quartéis ou qualquer outro lugar público, conforme garante a nossa Constituição”, declarou ao podcast. Confira os principais trechos da entrevista, gravada no dia 19.

Junio Amaral de terno, sentado na Câmara dos Deputados, olhando para foto
Ao longo do mandato, Junio Amaral foi alvo de investigações por fake news (foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados)


O senhor participou da campanha do presidente Jair Bolsonaro em Minas Gerais. No entanto, apesar de apertado, Lula ganhou no estado e no Brasil. Como deputado federal reeleito, qual a sua avaliação das eleições?
A gente insiste que não temos um sistema eleitoral transparente como deveria, mas nós temos que fazer mea-culpa também daquilo que faltou para levar a eleição, ainda que neste cenário, no mínimo, inseguro. E eu reconheço que faltou da base governista, mas em especial do próprio governo, uma plataforma melhor de divulgação dos seus feitos. A comunicação não foi a melhor possível. Por outro lado, eu percebo que os pontos principais que interferiram para este resultado foram externos à própria campanha e ao próprio governo. Nós tivemos uma Justiça Eleitoral trabalhando de maneira parcial muito clara e também uma imprensa, que trabalhou nos quatro anos, tem algumas exceções, mas, na regra, os grandes órgãos de imprensa trataram o governo Bolsonaro como adversário político e isso se revela em todos os anos. Mas sem dúvida, a questão da parcialidade da Justiça Eleitoral e a interferência do Supremo Tribunal Federal (STF) no Poder Executivo foi fundamental para este resultado.

O senhor não acredita na transparência do sistema eleitoral?
Fui punido com o cerceamento da minha liberdade de expressão, não só no inquérito dos atos antidemocráticos como também no inquérito das fake news. Todo mundo sabe qual é o meu posicionamento acerca deste assunto, porém agora, recentemente, em mais uma decisão arbitrária do STF, eu fui penalizado com a exclusão das minhas redes e o retorno delas, com o recurso que a Câmara dos Deputados fez, o STF me impôs uma multa diária de R$ 10 mil se falar do tema. Eu não sou um político tradicional, não tenho caixinha de corrupção para poder ficar pagando multa para demonstrar diariamente as minhas convicções ou pelo menos demonstrar a minha suspeita de determinados aspectos do que se diz da democracia. Então, não posso falar deste assunto de maneira aberta como deveria um deputado federal, que tem na Constituição o direito de se manifestar em quaisquer palavras, opiniões e votos, assim diz o artigo 53 da Constituição. Mas como está tudo virado e nós temos um Poder tomando conta dos outros dois, infelizmente é um assunto que não posso tratar, até por uma orientação do meu advogado.

Sobre as manifestações que estão acontecendo na frente dos quartéis a favor do presidente Jair Bolsonaro e contra a eleição de Lula, qual a sua avaliação? O senhor considera antidemocrático pedir por intervenção militar?
Vai muito além do que pedir por intervenção militar. As pessoas nas portas dos quartéis estão indignadas com esta tomada de poder pelo Judiciário. Então, não é só um pedido para que as Forças Armadas assumam com o controle da situação. Vai toda uma indignação, esse cerceamento de liberdade, as prisões arbitrárias. Então, são diversas pautas que canalizam, sim, na indignação com esse desequilíbrio na relação entre Poderes. Essas pessoas têm o meu total respeito e elas exercem o seu direito constitucional de livre manifestação do pensamento e também em relação às reuniões que promovem, sejam na frente dos quartéis ou qualquer outro lugar público, conforme garante a nossa Constituição.

Como o senhor avalia o posicionamento e o comportamento do presidente Jair Bolsonaro após as eleições?
É muito difícil fazer avaliação porque ele tem todas informações. Ele foi quem viveu pessoalmente tudo isso. Compreendo que as pessoas, de modo geral, ficam mais aflitas com o silêncio do presidente Bolsonaro, mas não tenho elementos para fazer avaliação e julgar se ele está certo ou não nesse silêncio porque, como eu disse, foi ele que viveu tudo isso e eu tenho uma confiança muito grande e acredito, mesmo sem saber os fundamentos e motivações, ele tem propriedade para fazer a coisa certa neste momento e se ele acha que o melhor é ficar em silêncio ele tem meu apoio.

O senhor publicou nas suas redes sociais que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), teria uma última chance para restabelecer a dignidade do Congresso. O senhor estava se referindo à decisão do STF sobre a inconstitucionalidade do orçamento secreto?
Essa minha fala, claro que ela tem uma motivação recente por conta da decisão do Gilmar Mendes e a votação também do Lewandowski. Porém, quando eu falo da dignidade do Congresso Nacional, nas entrelinhas estou dizendo que não há essa dignidade hoje, não se resume a isso, evidentemente. Isso é mais um dos elementos da tomada do poder que o Judiciário vem promovendo. Estou me referindo a todas as demais afrontas, inconstitucionalidades, ações não previstas na nossa legislação, como a própria instauração do inquérito de ofício, a não participação do Ministério Público nessas apurações, as multas exacerbadas, a vítima se colocar como instauradora de inquérito e ao mesmo tempo julgadora. E pelo que eu soube de um jurista, nunca houve na história do STF um relator nomeado e não sorteado, só agora, por ocasião desses inquéritos. E isso tudo o Congresso Nacional assistindo calado.

Qual a sua visão sobre o posicionamento dos presidentes Rodrigo Pacheco e Arthur Lira?
Rodrigo Pacheco está sendo cúmplice. Cúmplice dessas arbitrariedades. Ele tem interesses diversos nisso. E o Arthur Lira não está sendo cúmplice porque ele não tem todas as ferramentas que o Rodrigo Pacheco tem, mas ele está sendo leniente com toda essa escalada de arbitrariedade. Essa tomada de poder já vem há muito tempo e agora, com essa decisão (do STF) de usurpação das funções do Congresso Nacional, que deveria votar a PEC para estabelecer os valores que seriam apresentados como acima do teto, para pagamento do Bolsa-Família, para pagamentos de outras despesas do governo, decidindo que esses benefícios não precisam constar dentro do Orçamento, em uma decisão inédita também, ele está assumindo a função do Congresso Nacional. Fora hoje, o Lewandowski, contrariando as expectativas do Congresso Nacional, votou a inconstitucionalidade das emendas de relator ou orçamento secreto. E isso atinge deputados que, até então, achavam que não iria chegar neles essa usurpação de função.

O senhor faz parte do Direita Minas. Como esse movimento vai atuar agora, com o PT na Presidência da República?
Fundei o Direita Minas em 1º de outubro de 2015 e foi muito frutífero pelo fato de praticamente inexistir organizações políticas que não fossem de esquerda. Até então, a gente via praticamente uma hegemonia nestes grupos políticos, ideológicos, seja em sindicatos, movimentos de sem-terra, coletivos, não havia organização política à direita em Minas Gerais. Então, criei em um cenário que a direita estava se redescobrindo e por isso o movimento cresceu bastante. Em 2018, nós elegemos eu e o deputado estadual Bruno Engler, mesmo sem tradição política e sem experiência nenhuma para montar grupo político e estruturar base eleitoral. Já em 2020, nós elegemos 11 vereadores e tínhamos base potencial para fazer muito mais. E agora, em 2022, apesar do resultado ruim no maior cargo do país, a gente fez a nossa parte aqui para a eleição do presidente Bolsonaro. Em relação aos deputados, não só eu e o Bruno, como veio o Nikolas Ferreira (PL), um fenômeno que não tem como plataforma principal o Direita Minas, mas tem origem no movimento. Também tem o Cristiano Caporezzo (PL), que é vereador em Uberlândia, e que agora vai assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa. Então, o Direita Minas hoje tem quatro parlamentares sem tradição política, sem origem, chegando nesta plataforma de defender os valores conservadores e esclarecer para a população aquilo que a esquerda apresenta como mentira, como farsa e degradação da nossa história.
 


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