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Estado de Minas TRANSIÇÃO

O desafio matemático de Lula para concluir a escolha de ministros

Redução nos vencimentos de cargos comissionados será uma das estratégias para tentar resolver o problema de ampliar ministérios sem crescer as despesas


25/12/2022 04:00 - atualizado 24/12/2022 14:23

presidente eleito fala durante evento em 22/12 em brasília
No anúncio de mais nomes para a Esplanada, o presidente eleito Lula disse que governo deve "começar apertando o cinto" (foto: Evaristo Sá/AFP)
Ao anunciar a expansão do número de ministérios dos atuais 23 do governo de Jair Bolsonaro para 37 a partir de janeiro, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez uma ressalva: a de que esse aumento não representa, necessariamente, aumento dos gastos públicos decorrentes da criação dos órgãos no topo da cadeia de comando do Poder Executivo.

“Todo mundo vai ter que começar apertando o cinto”, disse Lula antes de revelar mais um pacote de nomes de ministros, na última quinta-feira. A equipe do presidente eleito – em particular, o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa – tem declarado que não haverá aumento significativo de custos com a criação das novas estruturas administrativas.

A maioria delas já funciona, segundo as explicações, como secretarias abrigadas em ministérios que já existem, e que apenas serão apenas separadas. Somente a criação dos cargos de ministro, secretário executivo e de alguns postos de direção, chefia e assessoramento pode ser feita por decreto com aumento de despesas.

Os demais cargos devem ser resultado de remanejamentos no organograma dos ministérios fracionados, por meio de decreto presidencial – que não precisa de aprovação pelo Congresso Nacional –, sem necessidade de recursos orçamentários adicionais. Tudo está regulado na Lei 14.204, aprovada em setembro do ano passado.

Até o momento, Lula tem seis mulheres no primeiro escalão do novo governo

“O que houve foi um remanejamento, não criamos cargos, a não ser os cargos dos ministros”, disse Rui Costa, ao explicar o redesenho da Esplanada dos Ministérios. “Apesar do aumento de pastas, o desafio que o presidente me deu foi manter os custos como estão.”

Mudança entre cargos comissionados

Isso significa que a redistribuição de cargos e salários da estrutura ministerial deverá se dar com base no que é gasto com funções comissionadas do atual governo. Se os novos ministros quiserem ampliar a quantidade de assessores no ano que vem, terão que reduzir os vencimentos correspondentes. Por exemplo: é possível usar um cargo comissionado com remuneração de R$ 10 mil para contratar dois assessores por R$ 5 mil a cada um.

Para aumentar gastos permanentes com pessoal, porém, os gestores deverão respeitar os trâmites previstos na legislação que regulamenta o Orçamento da União. Isso significa, primeiramente, incluir o pedido na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e, depois, aprovar a previsão de gastos na Lei Orçamentária Anual (LOA). Como o Orçamento de 2023 já foi aprovado na quinta-feira sem dotação para os novos ministérios, as mudanças de despesas com pessoal só poderiam ocorrer em 2024.

A maioria dos ministérios anunciados pelo presidente eleito será recriada três anos e meio após um amplo processo de fusões e incorporações patrocinado pelo presidente Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, logo no primeiro ano de mandato, por meio de medida provisória transformada na Lei 13.844 pelo Congresso Nacional.

A própria pasta de Guedes é um exemplo: depois de aglutinar os ministérios da Fazenda, do Planejamento, de Indústria e Comércio Exterior, de Desenvolvimento e Gestão, e do Trabalho no superministério da Economia, o órgão fará, em 2023, o caminho inverso, com um incremento: a criação da pasta de Gestão Governamental.
 

Novidades na Esplanada 

Retornarão à situação anterior, entre outros, o atual Ministério do Desenvolvimento Regional (antigo Ministério da Integração Nacional), que será desmembrado com a recriação da pasta de Cidades; e com Infraestrutura, que será dividido em Transportes; e Portos e Aeroportos. Novidades, mesmo, apenas as pastas de Igualdade Racial e de Povos Indígenas, que deverão ser criadas por Medida Provisória.

Especialistas confirmam que a criação de 14 pastas não deve provocar impacto significativo nos gastos públicos, mas as despesas são inevitáveis. Para o diretor-geral da ONG Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco, haverá aumento de despesas, apesar de não significar impacto relevante nas contas públicas.

“É difícil imaginar que os ministérios vão crescer sem que haja elevação de despesas. Alguns órgãos que são comuns a todos os ministérios, como secretarias executivas, assessoria parlamentar, consultoria jurídica, órgãos de controle. No caso de duas pastas, esse número precisaria ser dobrado também. Se multiplicar a quantidade de pastas, vai multiplicar essas estruturas fixas dentro de cada um. É uma falácia dizer que vai criar 14 ministérios sem que a despesa se eleve. Não será de forma tão relevante, mas haverá aumento”, disse ele.

Já falando como oposição ao governo do PT e de seus aliados, o ainda ministro chefe da Casa Civil e um dos líderes do Centrão, Ciro Nogueira, não poupou críticas ao anúncio feito por Lula de criação de ministérios. Em sua conta no Twitter, ele declarou que “o PT, com sua contabilidade criativa de sempre, diz que 14 novos ministérios não vão criar novos gastos. Mas basta uma breve conta para ver que na prática a história é outra”.

Ciro Nogueira fez uma conta: “O salário mensal de um ministro é R$ 31 mil. Temos que somar ainda mais R$ 31 mil de 13º, 1/3 de férias e auxílio moradia de R$ 7,7 mil por mês. Somente nisso já temos o custo adicional de cerca de R$ 500 mil por ano para cada ministro”.

A soma dos gastos com todos os servidores do “núcleo duro ministerial” (cerca de R$ 1 milhão/mês por ministério) e da infraestrutura necessária para o funcionamento, na contabilidade do ministro, pode chegar a R$ 35 milhões por ano, por ministério. O que daria, para as 14 novas pastas, cerca de R$ 500 milhões/ano, “tudo isso sem garantia de entrega, somente de despesa. Gastar mais para entregar menos”, provocou o ministro.

OS MINISTÉRIOS DE LULA

Pastas com nomes já anunciados
  • Casa Civil: Rui Costa
  • Secretaria das Relações Institucionais: Alexandre Padilha
  • Secretaria Geral: Márcio Macêdo
  • Advocacia Geral da União: Jorge Messias
  • Controladoria Geral da União: Vinicius Carvalho
  • Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação: Luciana Santos
  • Ministério da Cultura: Margareth Menezes
  • Ministério da Defesa: José Múcio Monteiro
  • Ministério da Fazenda: Fernando Haddad
  • Ministério da Educação: Camilo Santana
  • Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos: Esther Dweck
  • Ministério da Igualdade Racial: Anielle Franco
  • Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços: Geraldo Alckmin
  • Ministério da Justiça e Segurança Pública: Flávio Dino
  • Ministério da Saúde: Nísia Trindade
  • Ministério das Relações Exteriores: Mauro Vieira
  • Ministério das Mulheres: Cida Gonçalves
  • Ministério de Portos e Aeroportos: Márcio França
  • Ministério do Desenvolvimento Social, Assistência, Família e Combate à Fome: Wellington Dias
  • Ministério do Trabalho e Emprego: Luiz Marinho
  • Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania: Silvio Almeida

Sem titular confirmado
  • Gabinete de Segurança Institucional
  • Secretaria de Comunicação Social
  • Ministério da Agricultura e Pecuária
  • Ministério das Cidades
  • Ministério das Comunicações
  • Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar
  • Ministério do Esporte
  • Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional
  • Ministério de Minas e Energia
  • Ministério do Meio Ambiente
  • Ministério da Pesca e Aquicultura
  • Ministério da Previdência Social
  • Ministério do Planejamento e Orçamento
  • Ministério do Turismo
  • Ministério dos Povos Indígenas
  • Ministério dos Transportes


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